terça-feira, 6 de outubro de 2015

Seating:adequação postural ao usuário de cadeira de rodas



Seating

Essa atitude prevaleceu por muitos anos, e assim apenas recentemente têm estado disponível cadeira de rodas que proporcionam a máxima função para atender aos vários graus de necessidade do usuário (KOTTKE, 1994).

Uma cadeira de rodas bem prescrita objetiva aumentar mobilidade, autonomia, conforto e segurança, porém uma cadeira de rodas sem adaptações acarreta em danos ao paciente, podendo levar a uma postura inadequada com possíveis contraturas e deformidades; prejudicar funções básicas como respiração, nutrição pela dificuldade de deglutição; alteração no sistema circulatório dificultando o retorno venoso; surgimento de dores e assim refletir diretamente nos aspectos psicossociais alterando a qualidade de vida do paciente.

Em virtude das necessidades dos usuários de cadeira de rodas é que surgiu um ramo da ciência voltado para essa problemática afim de melhorar a qualidade de vida do portador de incapacidades. Esse ramo da ciência é chamado de Tecnologia Assistiva que é definido como qualquer item de equipamento como peças ou produtos adquiridos comercialmente e feitos sob medida (MELLO, 1995).

Seating significa adequação postural ao usuário de cadeira de rodas, sendo um ramo de atuação da Tecnologia Assistiva.

O método de adequação postural possui objetivos fundamentais que visam melhor independência e participação social do usuário, sendo eles: conforto, alívio de pressão, aumento da função básica humana, suporte corporal, alterações e reajustes (MELLO, 1995).

POSTURA SENTADA

A posição anatômica é usada como referência para descrever localizações e movimentos do corpo humano. Considerando a posição bípede, a posição anatômica é representada pelo indivíduo de pé com cabeça voltada para frente, braços paralelos ao corpo e estendidos; mãos posicionadas com a palma voltada para frente; pernas estendidas, alinhadas com o corpo e pés ligeiramente separados paralelos um ao outro (MELLO, 1995).

Segundo Mello(1995) e O’Sullivan (1993) a posição anatômica na postura sentada normalmente é referida como a postura 90-90-90 apresentando: cabeça voltada para frente, braços paralelos ao tronco com 90˚ de flexão de cotovelo, mãos em pronação, pernas flexionadas em 90˚ de quadril, 90˚ de joelho e 90˚ de tornozelo, pés paralelos entre si, pelve perpendicular, nivelada ou levemente inclinada para frente, costas moldadas de acordo com as curvaturas normais do indivíduo. Porém, segundo Schmeler (2003) a postura 90-90-90 é um pensamento antigo que consome energia demasiada e, além disso, deve-se levar em consideração os parâmetros individuais de função, conforto e estabilidade.

De acordo com O’Sullivan (1993) o alinhamento corporal baseia-se na manutenção da angulação de 90˚ para joelho e tornozelo. Entretanto, Teixeira (2003) afirma que a verificação da postura sentada normal inicia-se pela pelve, seguindo-se pelos membros inferiores, tronco, cabeça, pescoço e por último os membros superiores. Burns(1999) ressalta que a pelve é o ponto chave na posição sentada sendo que esta deve estar na linha mediana evitando rotação e inclinação, acompanhada de distribuição eqüitativa de peso sobre as tuberosidades isquiáticas constituindo assim uma base onde podem ocorrer movimentos de cabeça, tronco e membros.

A pelve é a estrutura responsável pelo suporte corporal, por esse motivo à estabilidade pélvica fornece o controle de tronco e melhor desempenho funcional dos membros superiores. Para um bom alinhamento pélvico é necessário a manutenção de sua amplitude articular passiva, deste modo a pelve deve estar centralizada, nivelada e em posição neutra o que é observado pelo alinhamento das cristas ilíacas (TEIXEIRA, 2003).

Nos membros inferiores recomenda-se uma flexão do quadril num ângulo variante entre 90˚-100˚ juntamente com flexão de joelho entre 90˚- 105˚ e posição neutra dos pés em 90˚(Op.cit). A flexão, abdução e rotação externa das coxas aumentam a estabilidade da pelve na posição sentada.

O tronco deve estar ereto e centralizado, sendo que seu posicionamento e alinhamento dependem da estabilidade da pelve. Se esta estiver nivelada haverá uma distribuição de peso igual entre as tuberosidades isquiáticas favorecendo a simetria do tronco. Essa simetria de tronco é obtida pela manutenção das curvas vertebrais fisiológicas, tais como: lordose lombar com cinco vértebras gerando uma curva convexa anterior ; cifose torácica com doze vértebras formando uma curva côncava à anterior, e lordose cervical com sete vértebras resultando numa curva convexa para anterior. A cabeça e o pescoço devem estar eretos e em linha média o que depende do alinhamento pélvico e da integridade da musculatura cervical (Op.cit).

O alinhamento dos membros superiores vai estar na dependência da estabilidade e simetria do tronco e cintura escapular, sendo que os cotovelos devem ser mantidos a 90˚ de flexão (Op.cit).

Todas as posturas articulares citadas acima visam alcançar o sentar correto que tem como objetivos: prevenir complicações, manter capacidade vital, reduzir tensão, melhorar conforto, dar estabilidade, aumentar resistência e tolerância (SCHMELER, 2003).

Por muito tempo o sentar foi considerado um ato estático, mas estudos recentes verificaram que este é um ato dinâmico, devido à necessidade corpórea de promover variação na distribuição de peso. Estudos também comprovam que posturas estáticas assumidas exigem trabalho excessivo dos músculos tônicos sendo altamente fatigantes e, além disso, podem interferir nas curvaturas da coluna dependendo da posição adquirida devido a alterações do centro de gravidade, o que gera assimetria postural causando alteração na distribuição de pressão (GRAM, 199).

A distribuição de peso sobre a superfície está relacionada ao tempo de permanência e a quantidade de pressão fornecida. Segundo Mello(1995) e pesquisas de Teixeira(2003), o tempo de permanência é o fator determinante na indução de úlceras de pressão.

ADEQUAÇÃO POSTURAL

Indivíduos com incapacidades graves que não podem andar ou até mesmo sentar sozinhos, podem passar a vida deitados ou sendo carregados, por esse motivo os profissionais lançam mão do uso da cadeira de rodas. Para muitos, a cadeira de rodas é um estigma de incapacidade e dependência, porém a liberdade de ir e vir está diretamente relacionada à melhor qualidade de vida e maior independência.

O mau posicionamento na cadeira de rodas pode levar o indivíduo a ter problemas como: rigidez, contraturas, deformidades, restrição do movimento, úlceras de pressão além de comprometer o desenvolvimento emocional e intelectual (RATLIFFE, 2000).

O bom posicionamento do indivíduo na cadeira de rodas aumenta a mobilidade, autonomia, conforto e segurança levando a uma melhoria na postura sentada favorecendo funções básicas como respiração, nutrição e fluxo sangüíneo, previne dores e, além disso, melhora a sociabilidade (BURNS, 1999).

O sucesso na prescrição da cadeira de rodas depende de vários fatores como: expectativa do usuário, adequação do ambiente tanto físico como social e da cooperação da família.

TECNOLOGIA ASSISTIVA

Avanços tecnológicos são frutos freqüentes da combinação de várias áreas científicas como a indústria eletrônica, ciência da saúde, educação e programas aeroespaciais. O desenvolvimento comercial e militar criaram novos materiais úteis para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de aparelhos de locomoção, fazendo com que a biotecnologia cresça cada vez mais gerando aparelhos inacreditáveis em prol dos indivíduos portadores da incapacidades (Op. cit.).

A Tecnologia Assistiva é denominada como qualquer item, ferramenta, peças de equipamentos ou sistema de produtos, que são adquiridos comercialmente, modificados ou feitos sob medida, sendo utilizado para aumentar, manter ou melhorar as habilidades funcionais do indivíduo portador de incapacidades. Nesta definição estão inclusos aparelhos de adaptação simples até equipamentos refinados de alta tecnologia, como por exemplo: cadeira de rodas motorizadas, computadorizadas ou unidades eletrônicas de controle de meio ambiente (Op. cit.).

Enfim, o objetivo comum da Tecnologia Assistiva é proporcionar o maior grau de independência para portadores de incapacidades nos aspectos cognitivos, acadêmicos, profissionais e vocacionais, oferecendo assim uma melhor qualidade de vida (Op. cit.).

COMPONENTES DA CADEIRA DE RODAS

Os componentes da cadeira de rodas devem objetivar conforto e manutenção da postura, para isso os elementos que compõe a cadeira de rodas não devem ser eleitos de forma aleatória, pois se assim for esse meio de locomoção se converte em uma trava à autonomia, incômodo ao usuário, prejudicando sua independência e interação com o meio.

Para o processo de adaptação da cadeira de rodas pode ser necessário a utilização de alguns equipamentos como: cinto de segurança, apoio dos pés, abdutor de membros inferiores, encosto, mesa de apoio, apoios laterais para tronco, apoio de cabeça , bloqueadores de joelhos, protetor sacral entre outros (MULCAHY, 1988).

Atualmente há no mercado um sistema de adequação digitalizado chamado CAD-CAM que confecciona assento, encosto, apoio para tronco, cabeça e outros utensílios por um processo computadorizado. Para isso o paciente é colocado num simulador com almofadas que moldam o seu assento e o encosto. Após essa moldagem a almofada passa por um processo de digitalização para se fazer a usinagem da espuma que irá reproduzir a superfície original do sistema CAD-CAM. Feito o molde, o paciente passa por várias provas até alcançar uma cadeira corretamente adaptada às suas necessidades (MANUAL AACD).

PROTOCOLO

Para uma adaptação ideal da cadeira de rodas ao usuário é necessário a utilização do protocolo de avaliação fisioterapêutico e conseqüente análise e interpretação do mesmo (MELLO, 1995).

Durante avaliação fisioterapêutica deve – se observar: habilidades funcionais do paciente, presença de contraturas ou deformidades fixas ou em potencial, medidas do paciente e sua cadeira de rodas (MULCAHY, 1998). Para O’Sullivan (1993) é necessário ainda uma avaliação da função cardiopulmonar, estado da pele, tipo de tônus e fala.

Após criteriosa avaliação através de protocolo, inicia – se o processo de prescrição e adaptação da cadeira de rodas, sendo estes documentados por fotos do antes e depois da adequação. Em seguida, faz –se necessário a realização de treinamento com o usuário afim de verificar sua adaptação às alterações da cadeira de rodas, sendo também imprescindível fornecer orientações à família para orientar o acesso do usuário em sua residência (MELLO, 2003).

”Esse serviço foi fruto do nosso trabalho de graduação que devido a boa repercussão está sendo executado com grande aceitação. Estamos recebendo o apoio da Clínica Nuti(Aracaju-SE) onde começamos a desenvolver o trabalho com crianças.”

Fts: Ely Rosane V. Ribeiro e Mª Aparecida B. Cerqueira


Fonte: Portal da Fisioterapia

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