terça-feira, 26 de maio de 2015

Objetivos da fisioterapia na dor lombar



Pode-se considerar a lombalgia como um quadro de desconforto álgico na porção inferior da coluna vertebral, na região entre a última vértebra torácica (T12) e a primeira vértebra sacral (S1)1. É uma disfunção que acomete tanto homem quanto mulher, podendo variar de dor aguda, subaguda e crônica.

Essa dor provoca uma redução da amplitude de movimento e a diminuição do padrão da flexibilidade e leva a um padrão funcional causada por fadiga precoce dos músculos paravertebrais. Podemos classificar as lombalgias pelas causas: traumáticas; músculo-esqueléticas; degenerativas; reumáticas; defeitos congênitos; inflamatórias; neoplásicas; viscerais reflexas; doenças ósseas e metabólicas.

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O objetivo principal do tratamento fisioterapêutico na dor lombar é o controle do quadro álgico, a promoção do bem-estar e o retorno das atividades de vida diária (atividades funcionais), tratando com ênfase a causa do problema, se o mesmo estiver diagnosticado.

O tratamento da lombalgia é complexo, preciso e minucioso, o que faz a intervenção fisioterápica um recurso fundamental para a reabilitação do paciente, existindo vários recursos capazes de atuar diretamente sobre a dor e incapacidade, como por exemplo, as técnicas de terapia manual, manipulação osteopática, entre outras, melhorando assim, a qualidade de vida dos indivíduos acometidos.

Há uma grande variedade de recursos e técnicas, sobretudo, técnicas de terapia manual utilizadas na prática fisioterapêutica que objetivam prevenir e tratar diversos distúrbios osteoneuromusculares, e que algumas dessas técnicas se destacam quando referidas ao tratamento de dores na coluna lombar, dentre elas, estão, a manipulação articular e a mobilização neural, sendo estas, ainda pouco estudadas e avaliadas criticamente.

A manipulação articular é uma técnica de terapia manual utilizada para aliviar a dor, melhorando a amplitude de movimento causada por disfunções articulares, agindo principalmente nas alterações geradas sobre mecânica articular.  Já a  opção da mobilização neural é um conjunto de técnicas utilizadas na prática de terapia manual que impõe um tensionamento do sistema nervoso, por meio de determinadas posições para que, em seguida, sejam realizados movimentos lentos e rítmicos direcionados aos nervos periféricos e à medula espinhal, fator este que ocasiona melhora da transmissão do impulso nervoso.


A dor na coluna é um incômodo presente no dia a dia de milhões de pessoas e fisioterapeuta é o profissional que ajuda as pessoas a terem uma melhor qualidade de vida.

Fisioterapia no desenvolvimento de prematuros



A fisioterapia é comum para aqueles que se recuperam de lesões traumáticas ou esportivas, mas agora a prática está sendo usado para ajudar no desenvolvimento de prematuros.

Os bebês que nascem prematuramente estão recebendo ajuda para se recuperar depois de perder algum importante desenvolvimento no útero.

A fisioterapia para prematuros está sendo usado pela fisioterapeuta Elizabeth Negro no Hospital da Universidade do Colorado.

“Conseguir que eles sejam calmos, relaxados, reduzir o estresse, todas essas coisas ajudam a promover o crescimento”, disse Black.

Poppy Brown tinha 12 dias de idade na terça-feira. Ela nasceu seis semanas antes e pesava apenas 1,630 kg em sua última pesagem. Ela está hospedada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal no Hospital da Universidade de Colorado.

A mãe de Poppy, Stacy Fairbanks, está aprendendo a como cuidadosamente incentivar o desenvolvimento de Poppy.

“Queremos vê-la se preparando para comer, não para ser dependente de suas trompas”, disse Black.

Os bebês prematuros não estão apenas abaixo do peso, eles nascem antes que o desenvolvimento físico fundamental seja concluído no útero.

“No ventre eles estão constantemente se movendo ao redor, eles estão explorando os seus próprios corpos, eles estão empurrando para fora a caixa torácica da sua mãe ou a bexiga e tudo isso desenvolve a força, desenvolve um senso de seus próprios corpos e espaço. Isso desenvolve os ossos “, disse Black.

Nos últimos 45 anos, no Hospital da Universidade de Colorado, terapeutas foram empurrando seus menores pacientes para ajudar a desenvolver o tônus ??muscular ao flexionar as pernas e mover a cabeça, tanto quanto o bebê faria no útero. Eles combinam isso com uma calma muito necessária.

“Se há um jeito para podermos diminuir seu risco ou fazer com que ela tenha menos desafios do que outros prematuros, então eu estou feliz em fazer esse trabalho agora”, disse Fairbanks.

Pode ser o toque mágico que dará a Poppy o melhor começo possível.


A esperança é que a terapia ajude os prematuros a alcançar a completar as metas de desenvolvimento, tais como rolar, engatinhar e sentar-se.

AVC Está entre as principais causas de morte no país e Fisioterapia é a grande aliada na recuperação



Estatísticas comprovam que o AVC (Acidente Vascular Cerebral) está entre as três principais causas de morte, em todo o mundo. Segundo a Sociedade Americana de Cardiologia, só nos EUA, são registrados 780 mil novos casos por ano (uma média de um caso novo a cada 40 segundos). Já no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, é a primeira causa de morte, a frente do infarto, câncer e acidentes de trânsito.

Ainda de acordo com os dados do Ministério da Saúde, só no ano de 2011, o AVC causou 100 mil mortes, sendo quase metade em mulheres. Entre 2000 a 2010, 62 mil pessoas com menos de 45 anos morreram em virtude do AVC; e só em 2012, quatro mil pessoas entre 15 e 34 anos foram internadas por causa do problema no país.

Com base nestes dados, é importante contar com a ajuda da medicina, de modo a intervir e contribuir para que as pessoas que sofreram o Acidente Vascular Cerebral retomem os seus movimentos, rapidamente, já que é comum a alteração dos movimentos ou até mesmo paralisia de um ou mais membros do corpo. Nestes casos, a fisioterapia neurológica é uma grande aliada.

Responsável pela diminuição dos sintomas de alterações neurológicas, a fisioterapia atua na restauração de funções como a coordenação motora, o equilíbrio, a força e os movimentos (perdidos durante o AVC). Para suavizar e até normalizar o movimento (em alguns casos), os tratamentos mais usuais dentro da fisioterapia neurológica consistem na utilização de recursos como a eletroestimulação, as terapias manuais e os simuladores de movimento.

Em combinação com as demais técnicas utilizadas nesse ramo da fisioterapia, também existem opções de aparelhos, como o Simulador de Movimento que têm se tornado fundamental na recuperação parcial ou total dos movimentos dos pacientes neurológicos, tornando a recuperação ainda mais rápida e eficaz.


“O grande segredo para a recuperação dos movimentos é perceber e avaliar a evolução de cada paciente, durante o tratamento. Reconhecendo o que pode ser mudado, reforçado ou suavizado durante as sessões” – pontua Dr. Rodrigo Peres, Diretor da Central da Fisioterapia.

Fonte: Nova Fisio

Mitos e verdades sobre fascite plantar



Quase metade dos meus pacientes atuais estão com fascite plantar. E isso não é algo que me surpreenda, pois essa patologia, que gera dor na sola do pé, é um dos três acometimentos mais frequentes entre os corredores. Convivendo e tratando diariamente essas pessoas ouço muitos comentários que podem ser enquadrados como mitos e que, se esclarecidos, vão te ajudar a enfrentar melhor esse problema:

- “Preciso de um tênis melhor”: Não é um tênis melhor que irá curar a sua fascite plantar. A maneira como você corre é mais importante do que os acessórios que você usa para correr. Por exemplo, mesmo com a tecnologia mais avançada, um tênis não é capaz de absorver impacto tão bem quanto seu próprio corpo, se você estiver correndo com uma boa biomecânica. O tênis te dará apenas uma sensação de conforto e “maciez” na pisada, mas o seu calcanhar continuará sofrendo com o impacto.

- “Foi falta de alongamento”:O alongamento não previne lesões na corrida. Essa notícia já se espalhou entre os corredores, mas quem ainda não sabia, pare de se sentir culpado achando que se machucou porque não alongou o suficiente. As causas das lesõesna corrida são muita mais complexas do que alongar ou não.

Já durante o tratamento, o alongamento da sola do pé é importante para devolver a flexibilidade da fascia plantar que, quando doente, tende a ficar mais enrijecida.

- “Não formou esporão, então não é grave”: O esporão do calcâneo é algo que pode acompanhar a fascite plantar, mas atualmente há uma discussão se as duas coisas patologias tem mesmo uma ligação tão direta como pensávamos. O fato é que a fascite plantar por si só é um dos problemas mais complicados da corrida e se não tratada precocemente pode se tornar algo crônico e de resolução complicada.


E quando eu digo crônico me refiro há períodos de meses, que podem ultrapassar um ano. Eu sei como é difícil para você, apaixonado por corrida, ficar algumas semanas sem treinar para fazer um tratamento. Mas no caso da fascite plantar isso é algo importante pensando a longo prazo. O que é pior, ficar um ou 12 meses sem correr?

Fisioterapia Pediátrica Motora



A fisioterapia pediátrica motora também é uma especialidade da fisioterapia que utiliza de técnicas no tratamento de pacientes neonatais, lactentes e pediátricos.

O trabalho do fisioterapeuta no campo da pediatria exige dele um conhecimento que lhe permite atender a criança em suas necessidades, desde as mais básicas até as mais específicas.

A fisioterapia pediátrica utiliza uma abordagem com base em técnicas neurológicas e cardiorrespiratórias especializadas, buscando integrar os objetivos fisioterápicos com atividades lúdicas e sociais, levando a criança a uma maior integração com sua família e a sociedade.

A Fisioterapia Motora Pediátrica é indicada para casos como:

· Perda de força muscular
· Encurtamentos musculares
· Rigidez articular
· Dores articulares causadas por falta de mobilizações
· Alterações posturais
· Deformidades articulares.


Com a fisioterapia motora essas complicações em alguns casos pode ser revertidas, visando assim uma melhora para a criança. Utilizando-se de técnicas manuais como alongamentos, mobilizações manuais, posicionamentos, correções posturais, a fisioterapia se faz eficaz.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A Fisioterapia na Síndrome de West



A síndrome de West é uma epilepsia grave progressiva, caracterizada por espasmos em flexão( espasmos saudatórios) ou extensão, com deterioração ou atraso neuropsicomotor e hipsarritimia ao encefalograma. Foi descrita pela primeira vez em 1841 pelo clínico geral Willian James West, ao observar o seu próprio filho.


  Apresenta como sinônimos: espasmos agitatórios, espasmos infantis com hipsarritmia e encefalopatia mioclônica infantil com hipsarritmia (MULLER; BERTASON; ISRAEL,1989).

A Síndrome de West-SW, pode ser classificada em três grupos:

1-Idiopática: quando a causa é desconhecida;
2-Criptogênica: onde o lactente é típico até o início dos espasmos, sem qualquer lesão detectável;
3-Sintomática: onde há prévio desenvolvimento neuropsicomotor atípico.

Observa-se ao exame neurológico hipotonia, como também são encontradas alterações relacionadas a encefalopatias pré-existentes (antes do inicio da síndrome), tais como: microcefalia, sinais de liberação piramidal, estrabismo, diplegia, hemiparesia, monoparesia . (NAVARRO, 2005; MATTA et al., 2007).

Segundo Cockerell e Shorvon, (1997), aproximadamente 20% dos casos da doença podem apresentar recuperação completa, enquanto outros morrem entre 7-12 anos e 65% dos que sobrevivem possuem retardo mental.

O tratamento farmacológico visa controlar os espasmos. Dentre os fármacos mais utilizados no tratamento da síndrome podemos citar o Vigabatrim muito utilizado em vários países, a corticotropina, clonazepan e o hormônio adrenocotrópico .

Tratamento Fisioterapêutico:
 A fisioterapia vai atuar nos possíveis atrasos do desenvolvimento motor
(característica marcante na síndrome). O Fisioterapeuta fará o seu plano de tratamento de acordo com o que a criança apresentar, onde terá como objetivos:  prevenir encurtamentos, contraturas e deformidades; normalizar tônus; fortalecimento muscular; favorecer as etapas do desenvolvimento motor, orientar a família quanto aos posicionamentos, melhorando assim a qualidade de vida da criança e consequentemente da sua família.

O fisioterapeuta poderá fazer uso de diversos recursos como: bola, rolo, prancha de equilíbrio, espelhos e alguns brinquedos; poderá também utilizar métodos para facilitar  o seu atendimento, dentre eles podemos fazer destaque ao método Bobath que tem como princípio manuseios, utilizando padrões, influenciando diretamente no tônus muscular, através dos pontos de controle, mais conhecidos como pontos-chaves.



 Para se conseguir um bom prognóstico para a Síndrome de West, esta deve ser diagnosticada o mais precocemente possível e iniciar imediatamente com o tratamento médico e com a fisioterapia na intervenção precoce.

Distrofia Muscular de Duchenne

 


1.      Histórico
A primeira descrição clínica de distrofia propriamente dita, na língua inglesa, pode ser atribuída a Charles Bell, em 1830, seguido por Conte e Gioja, em 1836, e Partridge e Little, em 1847. A primeira descrição completa da doença é creditada a Edward Meryon, em 1852.
O médico neurologista francês Guillaume Benjamin Amand Duchenne, na segunda edição do seu livro em 1861, foi quem descreveu o primeiro caso de DMD. Em 1858, ele relatou um caso em um menino de nove anos de idade que perdeu a capacidade de andar devido a uma doença muscular e, em 1868, descreveu 13 casos da doença, notando sua correlação com deterioração mental, acreditando, então, que a doença se devia a uma alteração do sistema nervoso. Observou a diminuição progressiva da musculatura e atrofia muscular, sendo o primeiro a analisar o músculo através da biópsia com os pacientes vivos, facilitando assim o diagnóstico da doença ainda em vida.
Leyden foi quem propôs a consideração da doença em separado das ligadas à lesão de raízes nervosas e foi Wilhelm Heinrich Erb quem descreveu as diferenças entre os diversos tipos de distrofia. Ele classificou as distrofias segundo a idade de início. Discípulo de Duchenne, concluiu através de estudos patológicos que ocorria degeneração do tecido muscular, assumindo para a doença o termo Distrofia Muscular Progressiva, o qual vem sendo utilizado desde então.
Edward Meryon, dez anos antes de Duchenne, descreveu numa reunião da Sociedade Real de Medicina e Cirurgia (publicada em 1852), nove casos de distrofia muscular em três famílias. Além de descrever o caráter familiar da doença, que não foi descrito por Duchenne, relatou que a doença afeta meninos e que afeta os músculos, sem encontrar alterações em nervos da coluna e gânglios.  Observou famílias que tinham comprometimento muscular e fraqueza severa dos membros durante a vida e fez estudos pós-mortem em dois casos de meninos destas famílias, descrevendo em 1864 os achados microscópicos dos tecidos musculares destes meninos.
Em 1865, Griesinger foi o primeiro a fazer uma biópsia e confirmar a presença de abundante tecido adiposo no lugar dos músculos.
O neurologista inglês William R. Gowers descreveu o modo como os meninos afetados pela DMD passavam da posição deitada para bipedestação. Esta manobra passou a ser conhecida como “manobra ou sinal de Gowers”. Em 1879, Gowers descreveu a doença em uma discussão detalhada do quadro clínico, patologia, prognóstico e possibilidades de tratamento. Ele acreditava que a doença era de caráter hereditário e que, assim como na hemofilia, a limitação ao sexo masculino era herdada da mãe, já que elas poderiam ter filhos afetados de diferentes maridos.
Em 1985, Worton e seus colaboradores descreveram o gene responsável pela DMD, como sendo o Xp 21 no cromossomo X, tendo ausência da proteína distrofina, normalmente presente na sarcolema de célula muscular.
O isolamento do gene da distrofina foi realizado por Kunkel et al., em 1985. Em 1987 o gene foi completamente clonado e foi descoberta a proteína distrofina, produto do gene.


2.      Definição


Gowers, em 1879, definiu a doença como sendo “uma das mais interessantes e ao mesmo tempo mais tristes de todas aquelas com as quais lidamos; interessante por suas características peculiares e natureza misteriosa; triste por nos darmos conta da nossa impotência para influenciar seu curso, exceto em um grau muito leve. É uma doença do início da vida e do crescimento. De modo que cada crescimento em estatura significa um aumento da fraqueza, e cada ano é um passo na estrada que caminha para uma morte inevitável e precoce”.


O termo distrofia (do gr. dys, ‘mal’, ‘anormal’; trophen, ‘nutrição’) refere-se a anomalia do desenvolvimento por formação imperfeita de certos tecidos e, consequentemente, dos órgãos por ele formados.
A Distrofia Muscular é um grupo de miopatias genéticas hereditárias, caracterizado pela fraqueza muscular progressiva e substituição do tecido muscular por tecido fibroso, conjuntivo e adiposo.
As distrofias musculares são doenças caracterizadas por alterações morfológicas e bioquímicas dos músculos estriado e cardíaco, caracterizadas por uma progressiva degeneração de cunho genético. São um grupo heterogêneo de distúrbios determinados geneticamente e associados à degeneração, fraqueza e atrofia progressiva dos músculos esqueléticos, sem comprometimento dos sistemas nervosos central ou periférico, podendo também ser caracterizados clinicamente por fraqueza e desgastes musculares cada vez mais acentuados, a maior parte das vezes com início na segunda infância. Sua forma mais comum e mais grave é a Distrofia Muscular do tipo Duchenne (DMD) ou forma pseudo-hipertrófica.
A DMD se inclui no grupo das miopatias ou distrofinopatias, como também são chamadas, devido à ausência da proteína distrofina, importante na formação da membrana da célula muscular. O termo miopatia designa todos os estados patológicos que atuam primariamente na musculatura estriada. 


3.      Incidência       
A DMD é uma doença neuromuscular com devastadora progressão, não escolhendo etnias e raças. Sua incidência é de 1:3.600 meninos nascidos vivos.


4.      Etiologia
A DMD é uma doença degenerativa que afeta principalmente crianças do sexo masculino. É um distúrbio genético de caráter recessivo, ligado ao cromossomo X, ou seja, ao sexo, ocasionado pela deleção do gene que codifica a proteína distrofina, essencial para a manutenção da membrana da célula muscular. O gene afetado está localizado no braço curto do cromossomo X, lócus Xp21, sub banda Xp212.
A herança recessiva ligada ao sexo ocorre quando a mãe carrega o gene afetado em um dos dois cromossomos X e o passa ao filho homem. Meninos, filhos de mães portadoras, têm 50% de chances de herdar a doença. Meninas, filhas de mães portadoras, têm 50% de chances de herdar o gene defeituoso, mas geralmente não desenvolvem a doença desde que o cromossomo X que herdou do pai possa compensar o defeituoso.
Cerca de 2/3 de todos os casos de DMD são herdados da mãe, chamada de portadora assintomática do gene; no 1/3 restante dos casos, ocorre uma mutação nova na criança com distrofia, sem que o gene tenha sido herdado. Nesses casos, não há risco de recorrência para futuros filhos.
Embora pertencer ao sexo masculino seja um dos critérios de diagnóstico da DMD, anormalidades do cromossomo X podem também causar distrofia muscular progressiva, de início precoce, em meninas heterozigotas.
As mulheres portadoras podem ser assintomáticas ou sintomáticas em diferentes graus: hipertrofia de panturrilha, cardiomiopatia ou miopatia leve. A hipótese de ter meninas com sintomas é explicada pela ‘hipótese de Lyon’, no qual um cromossomo X normal é inativado e o cromossomo com deleção genética é ativo. Pode ocorrer em meninas com Síndrome de Turner, no qual o único cromossomo X tinha a deleção genética Xp21.
Os casamentos consanguíneos aumentam o risco da doença.


5.      Fisiopatologia
O principal defeito bioquímico da doença está na distrofina, proteína codificada pelo gene da DMD.
A distrofina é uma proteína alargada em forma de filamentos, localizada na superfície interna do sarcolema. A função da distrofina é a de possibilitar uma conexão da membrana celular, internamente, ao mecanismo contrátil da actina e aos filamentos de miosina e, externamente, com a membrana basal. A distrofina liga-se a um amplo complexo glicoprotéico que envolve o sarcolema e liga-se à lâmina basal, na matriz extracelular. A organização e as propriedades características de articulação das moléculas de distrofina conduzem ao nível de elasticidade da membrana celular. Assim, ela protege a integridade da membrana durante os processos de contração e relaxamento.  A distrofina tem peso molecular de 400kda e possui 3.685 aminoácidos.
A DMD caracteriza-se pela deficiência ou ausência de distrofina na superfície da membrana da célula muscular, também chamada de sarcolema. Esta proteína subsarcolêmica fixa-se à membrana sarcolêmica sobre as bandas A e M das miofibrilas. Está presente nos músculos lisos, esqueléticos e cardíacos. A perda da sua função ocorre pela maior parte por deleção do gene (60%), ou seja, a perda de um segmento cromossômico resultando em desequilíbrio do cromossomo; a duplicação do gene (5% dos casos) pode se originar por um crossing-over desigual ou por segregação anormal da meiose em portadores de translocação ou inversão; a mutação de ponto é caracterizada por qualquer alteração permanente no DNA (30% dos casos).
Em um sistema musculoesquelético normal a proteína permite a coordenação quando o músculo contrai. Portanto, em um portador de DMD, haverá alteração e perda da contração muscular. A ausência da distrofina resulta na instabilidade da membrana da célula muscular e na alteração na homeostase intracelular, causando contínua degeneração e regeneração das fibras musculares, até que a capacidade para reparo não seja suficiente e as fibras musculares esqueléticas sofram degeneração irreversível com substituição por tecido gorduroso ou conjuntivo.
A ausência de produção de distrofina leva a uma diminuição da permeabilidade muscular, permitindo que uma quantidade excessiva de cálcio se acumule no interior da célula. Essa condição leva a uma supercontratura miofibrilar, degradação das fibrilas e distúrbios metabólicos que culminam com a morte da fibra muscular.
Tanto a distrofina como a utrofina, proteína homóloga à distrofina e também localizada na região subsarcolemal, estão presentes não só na musculatura esquelética, como no cérebro.
A distrofina cerebral está localizada na membrana pós-sináptica cortical e nos neurônios de Purkinje. Estes achados sugerem que a distrofina tenha um importante papel no cérebro onde deve estar envolvida na função e arquitetura sináptica.
O cerebelo expressa uma isoforma de distrofina, diferindo em apenas poucos aminoácidos, a chamada P-distrofina, que se localiza após as células de Purkinje. A C-distrofina se expressa nas células piramidais do córtex e no hipocampo, ao longo da membrana do corpo celular e dendritos.


6.      Quadro clínico
A DMD normalmente tem início antes dos três anos de idade, embora os sintomas possam passar desapercebidos, demorando anos para se chegar a um diagnóstico correto.
Os meninos raramente são sintomáticos ao nascimento, embora alguns já sejam levemente hipotônicos. As habilidades motoras grosseiras iniciais, como rolar, sentar e levantar, geralmente são obtidas nas idades apropriadas ou podem ser levemente retardadas. A deambulação geralmente é conseguida na idade normal de doze meses, mas a fraqueza da cintura pélvica pode ser observada de forma branda já no segundo ano de vida.
Cerca de 50% dos pacientes com DMD é incapaz de iniciar a marcha aos 18 meses de idade. Porém, não existe correlação entre o atraso da marcha e a gravidade no progresso da doença.
As primeiras manifestações percebidas aparecem entre três e cinco anos, quando a criança apresenta dificuldade de sentar-se, ficar em pé e andar e cai com frequência. Por volta dos cinco anos de idade, a criança começa a apresentar dificuldade em subir escadas e pode tornar-se incapaz de correr ou saltar devido à atrofia muscular evidente predominantemente nos músculos antigravitacionais.
A fraqueza dos extensores de quadril e do joelho resulta no clássico sinal de Gowers, em que a criança escala suas pernas para levantar-se do chão. Este sinal está presente na criança por volta de quatro a cinco anos de idade e pode ser encontrado em outras formas de distrofia muscular progressiva. Nesta manobra, os meninos portadores de DMD rolam até a posição de joelhos, empurram o solo com os antebraços estendidos para elevar as nádegas e endireitar as pernas, levam as mãos até os joelhos e fazem força para cima até chegarem a uma posição ereta.
Com a evolução da doença e a atrofia dos músculos, os reflexos tendinosos tornam-se deprimidos e, finalmente, perdem-se, sem que ocorra perda sensorial. As alterações degenerativas e a fibrose muscular não causam mialgias ou espasmos musculares.
A força muscular de gastrocnêmio e sóleo é relativamente preservada mas, mais tardiamente, ocorre uma fase denominada pseudo-hipertrofia, em decorrência da infiltração de tecido adiposo e conjuntivo (fibroso) nas fibras musculares destes músculos. Em cerca de 80% dos casos pode-se observar esta alteração.
A marcha se modifica à medida em que a força muscular diminui. Para suportar bem a posição bípede, a criança realiza uma compensação, alargando sua base de sustentação, juntamente com a acentuação da lordose lombar, protusão abdominal e retração dos músculos isquiotibiais. Os ombros e a metade superior do tronco são mantidos para trás. A marcha torna-se tipo estepante.
Em um primeiro momento, a hiperlordose lombar compensatória ocorre devido à fraqueza dos músculos glúteos e extensores de tronco mas, com a evolução da doença, ocorre por fraqueza dos músculos abdominais.
Alguns pesquisadores chamam a atenção para uma diferença entre a hiperlordose lombar, que pode ser observada precocemente, e a inclinação pélvica para frente, a qual se manifesta mais tardiamente. A lordose que é observada durante a marcha e na posição em pé resulta de um alinhamento posterior da metade superior do tronco, que não é causada pela fraqueza da musculatura abdominal. Alguns autores ainda comentam que a lordose é a primeira manifestação de um mau alinhamento encontrado nos portadores de DMD. Os estudos eletromiográficos e a análise biomecânica mostram que este alinhamento é assumido para manter a linha de força por trás da articulação coxofemoral.
Com a evolução da doença, pode se observar uma marcha anserina típica e a dificuldade para manter o equilíbrio aumenta gradualmente. A fraqueza dos músculos glúteo médio e glúteo mínimo é responsável pelo sinal de Trendelemburg, que se caracteriza pela queda da pelve bilateralmente na fase de balanço da marcha. A marcha anserina ocorre devido à insuficiência do quadríceps, que gera um aumento de força de contração dos músculos da panturrilha (gastrocnêmio e sóleo) para compensar a tendência de flexão dos joelhos na fase de apoio, acompanhada de uma maior anteriorização da pelve.
As retrações de tendões da porção posterior da coxa e tornozelo resultam no desenvolvimento do pé equino, o que dificulta ainda mais a marcha. O desenvolvimento do pé equino ocorre como uma adaptação biomecânica para a manutenção do equilíbrio devido à fraqueza dos quadríceps que leva à flexão dos quadris e dos joelhos durante a fase de apoio. Com a evolução da doença ocorre a fraqueza dos dorsiflexores. A manutenção do pé equino acarretará um progressivo encurtamento e futura contratura e retração fibrotendínea da panturrilha e do tendão de Aquiles, acentuando mais a deambulação sobre os artelhos. Esta é a chamada marcha digitígrada.
O alargamento da base de sustentação para aumentar a estabilidade contribui para a evolução das contraturas de abdução do quadril. Outras características anormais que podem ser observadas durante a marcha e que se manifestam à medida que a força muscular diminui consistem em oscilações laterais do tronco e em abdução do braço ipsilateral, como uma forma de compensar a fraqueza do músculo glúteo médio.
Com o aparecimento precoce de contraturas e retrações musculares, a criança perde a marcha por volta dos oito aos doze anos de idade, mesmo antes da fraqueza muscular se tornar determinante, passando o paciente a depender da cadeira de rodas. Essa dependência causa prejuízo na função de membros superiores e intensifica os problemas posturais, principalmente a cifoescoliose e as deformidades em flexão de membros inferiores e superiores.
A fraqueza muscular, principal característica da doença, é sempre bilateral e simétrica, com padrão de envolvimento altamente seletivo. Em geral, nos estágios iniciais da doença, os músculos dos membros inferiores são mais afetados que dos membros superiores, e os proximais mais que os distais. Com a evolução da doença essa diferença se torna menos clara. Com o tempo, as contraturas se tornam fixas e o paciente também desenvolve uma escoliose progressiva.
Na DMD a escoliose é bastante comum e a idade de início é em média os dez anos de idade, geralmente acompanhando a transição para a cadeira de rodas. Portanto, o aumento do tempo que o portador passará sentado pode apressar a progressão da curva. Os estirões de crescimento também influenciam na progressão da escoliose, pois o aumento do peso e da altura aumentarão a tensão extra colocada sobre os músculos que estão debilitados.
Com a progressão da doença, ocorre o achatamento ântero-posterior do tórax devido à atrofia e ao déficit da musculatura da parede torácica e dos músculos paravertebrais.
Doenças neuromusculares levam à hipoventilação alveolar que, nos casos de instalação lenta e progressiva, não é comumente diagnosticada nem tratada até que aconteça um episódio de insuficiência respiratória aguda. Este episódio de descompensação ocorre, com frequência, durante um quadro banal de infecção de vias aéreas superiores e deve-se à inabilidade do paciente em eliminar secreções. Distrofias musculares, quando acometem a musculatura respiratória, têm outro tipo de evolução: em surtos, ou então com piora progressiva, em velocidade variável.
O comprometimento respiratório estará presente em todos os pacientes com DMD devido à gravidade da deterioração da força muscular e à capacidade funcional global dos pacientes, causando defeitos restritivos e obstrutivos.
Os problemas respiratórios resultam essencialmente de uma escoliose de característica progressiva, do achatamento ântero-posterior da caixa torácica, de hipoventilação noturna e consequente hipercarbinemia. O conjunto destes fatores reduz a função pulmonar e sua capacidade de limpeza, propiciando o risco de infecções que resultam de aspiração criada pelo comprometimento do mecanismo de deglutição.
Outra complicação respiratória que pode ocorrer na DMD é que, com a fraqueza dos músculos da parede torácica, quando o diafragma contrai durante a inspiração, gera uma pressão intratorácica negativa, causando uma instabilidade da parede do tórax. Esta instabilidade fará com que o paciente apresente um padrão anormal de respiração, denominado de respiração paradoxal. Este tipo de respiração é ineficiente e faz com que o paciente tenha um trabalho aumentado para respirar, aumentando o gasto energético e correndo o risco de causar fadiga da musculatura respiratória.
À medida que a DMD progride, a fraqueza dos músculos cervicais, acessórios, abdominais e respiratórios evolui. A falta de força destes grupos musculares pode acarretar insuficiência respiratória e tornar a tosse ineficaz. Isso predispõe à estase e broncoaspiração, que leva a pneumonias principalmente de lobos inferiores. Medidas desobstrutivas, medicamentos, suporte nutricional e respiração por pressão positiva intermitente nasal ajudam a prolongar a vida do paciente.
Outra complicação que pode ser encontrada em meninos portadores de DMD, porém em fase avançada, é o fenômeno descrito como “row-a-boat” ou “fenômeno do remar o barco”. Este sintoma caracteriza um movimento da parte superior do tronco, espontâneo e rítmico. É comum ser encontrado em pacientes que são transferidos da posição supina (na cama) para uma posição vertical (sentada) com ventilação mecânica parada temporariamente. O paciente começa a balançar o tronco para frente e para trás em um ritmo fixo, sincronizado com a respiração. Em um ciclo desta respiração anormal, o paciente eleva a mandíbula e estende o pescoço quando inspira e então, abaixa a mandíbula levando-a para perto do esterno e flexionando o pescoço durante a expiração. Apesar da falta do movimento dos braços, o movimento se parece com o de remar um barco. Uma das hipóteses para a explicação deste fenômeno é que este padrão anormal de respiração ocorre voluntariamente para compensar a musculatura respiratória que se encontra atrofiada.
A cardiomiopatia é outra anormalidade comum na DMD, podendo levar a uma insuficiência cardíaca, principalmente nos estágios finais da doença. Suas alterações patológicas essenciais consistem em atrofia da musculatura cardíaca acompanhada de substituição de suas fibras por tecido colágeno. Tardiamente, o paciente pode apresentar fadiga, dispnéia e taquicardia ao realizar um esforço físico. Além disso, podem ocorrer episódios súbitos de palpitação, transpiração, vômitos e até mesmo dor abdominal. As complicações cardíacas, apesar de assintomáticas, são menos evidentes do que se poderia esperar nos pacientes com DMD, provavelmente devido à vida sedentária, apesar das evidências de comprometimento do músculo cardíaco. O miocárdio apresenta intensa perda de fibras musculares que são substituídas por tecido conectivo adiposo. Apesar disto, em alguns indivíduos o débito cardíaco aumenta e a pressão capilar pulmonar poderá estar normal. São comuns as presenças de taquicardia sinusal e de terceira ou quarta bulhas cardíacas à ausculta. A insuficiência cardíaca pode ser precipitada por infecções ou surge em um estado pré-terminal da doença. O coração geralmente apresenta dimensões radiográficas normais até os estágios mais tardios da doença.
Pode ocorrer ainda uma degeneração multifocal do tecido condutor do coração, causando arritmias cardíacas. O eletrocardiograma é anormal em muitos pacientes, com aumento da amplitude R-S na derivação V1 e ondas Q profundas e estreitas nas derivações precordiais esquerdas. Podem aparecer sinais de insuficiência congestiva em alguns casos.
No comprometimento gastrointestinal, tanto a obesidade quanto a desnutrição são comuns, afetando diretamente a função respiratória e a habilidade para a realização das atividades de vida diária.
A obesidade pode ocorrer devido à superproteção da família, que permite excessos alimentares, mas ocorre principalmente pela falta de mobilidade geral, que compromete o bom funcionamento das funções digestivas. Já a desnutrição causa perda excessiva de peso, diminuindo a força dos músculos respiratórios e podendo levar a uma insuficiência respiratória.
Uma avaliação nutricional pode auxiliar no controle tanto da obesidade relacionada ao baixo gasto calórico como na perda de massa muscular relacionada à doença e/ou sedentarismo. O índice de massa corpórea deve ser determinado periodicamente e, se possível, também a distribuição de massa magra e gordura corporal por meio de técnicas adequadas (impedanciometria ou medicina nuclear). Se uma nutrição adequada não puder ser garantida por via oral, a sonda enteral e/ou a gastrostomia devem ser consideradas. A deglutição deve ser avaliada pela história clínica e pela observação direta da capacidade do paciente de engolir alimentos de diferentes texturas. A videofluoroscopia deve ser empregada se houver antecedentes de sufocação e/ou disfagia.
O vômito não controlado pode ocorrer ocasionalmente no menino confinado à cadeira de rodas devido à pressão dos vasos mesentéricos na terceira parte do duodeno. As ulcerações podem se desenvolver, principalmente no menino obeso confinado à cadeira de rodas.
Além dessas manifestações, 20 a 30% dos pacientes com DMD apresentam déficit cognitivo não progressivo. Podem apresentar um retardo mental moderado, cujo nível de QI se enquadra em um desvio-padrão para a esquerda. A média do QI destes pacientes é de 85, sendo que 30% têm um QI menor do que 70.
Diferentemente da fraqueza muscular, o déficit cognitivo na DMD, além de não ser progressivo, não tem relação com a idade do paciente ou com a duração ou severidade da doença. Recentemente tem sido postulado que o retardo mental e a gravidade do quadro motor na DMD são inversamente proporcionais, ou seja, pacientes com severo retardo mental não são tão afetados do ponto de vista motor quanto aqueles sem retardo mental.
Outro dado recente é que a função intelectual de pacientes com DMD se modifica com a idade, principalmente no que diz respeito às habilidades verbais e de linguagem, sendo observado que pacientes de maior idade têm maiores escores de coeficiente de inteligência (QI) verbal.


7.      Evolução
A DMD possui uma evolução implacável de progressão rápida e constante de fraqueza e degeneração musculares. A criança deixa de andar por volta dos dez anos de idade, numa faixa entre oito e doze anos.
As deformidades ortopédicas ocorrem devido a posições viciosas de várias articulações. Tais posições viciosas levam a retrações musculotendíneas de vários grupos musculares que agem numa mesma articulação. As deformidades são progressivas, surgindo contraturas e retrações fibrotendíneas, sobretudo nas articulações do tornozelo e cotovelo, tornando-se evidentes em torno do sétimo e oitavo anos de vida. Nesta fase, a criança torna-se incapaz de esticar o braço por completo e, ao deambular, apóia-se na ponta dos pés.
Nos membros superiores, em estágios intermediários, observa-se o envolvimento dos músculos peitoral maior, grande dorsal, bíceps, tríceps e braquiorradial. Tardiamente, a força se mantém preservada nos músculos flexores do punho, inversores do pé e extensores de pescoço, mas suas ações estarão limitadas pelas extensas lesões articulares.
As alterações ósseas não são decorrentes da falha genética, mas decorrentes exclusivamente do desuso, incluindo a rarefação encontrada nas extremidades dos ossos longos e formação de ossos chatos.
Os músculos glúteo máximo, glúteo mínimo e quadríceps se tornam fracos e não conseguem mais estabilizar os quadris e os joelhos. Ocorre a necessidade de repousar na cama por períodos prolongados, o que promove a degeneração e a evolução mais rápida da doença.
Alongamentos musculares de tríceps sural, ílio-psoas e ísquiotibiais devem ser estimulados nas fases iniciais. Órteses curtas, do tipo tornozelo-pé (AFO - ankle-foot orthosis) e longas, do tipo joelho-tornozelo-pé (KAFO - knee-ankle-foot orthosis) devem ser usadas no período noturno para prevenir encurtamentos musculares, assim como tenotomia do tendão calcâneo e transferência do tendão tibial posterior podem ser indicadas. Com essas medidas ortopédicas de reabilitação, pode-se aumentar a habilidade de deambulação por mais um a três anos.
Em torno dos doze anos de idade, o paciente perderá a capacidade de deambulação, mesmo com uso de órtese. A partir deste momento, ele precisará de cadeira de rodas. Devido à fraqueza de tronco e dos músculos abdominais, ocorre a falência da função gravitacional e a escoliose progressiva.
Com a progressão da escoliose, o ápice da curva longa (em C) fica no nível torácico inferior e a curva se estende para o interior da pelve, provocando obliqüidade, tornando doloroso e difícil o ato de sentar. A coluna em colapso também acarreta cifose toracolombar. Em torno dos 16 anos, se a deformidade da coluna estiver em fase bastante avançada, o paciente perde a capacidade de sentar por consequência da instabilidade da coluna e da cifoescoliose grave e fica confinado à cama, deixando de ir à escola.
Após a restrição no leito, o paciente apresenta uma progressão rápida da perda de força muscular devido à imobilidade, o que acarreta complicações respiratórias.
Conforme a doença progride, os problemas respiratórios e cardíacos vão se agravando, sendo responsáveis por cerca de 90% dos óbitos, geralmente antes dos 20 anos.


8.      Diagnóstico
O diagnóstico da DMD é feito pelo quadro clínico, exame de sangue e biópsia muscular que permitem a pesquisa da distrofina ou outras proteínas da membrana, como a calpaína e os sarcogliocanos. Também são utilizados para fins diagnósticos a transaminase glutâmico-oxalacética, a transaminase glutâmico-pirúvica e o lactato desidrogenase.
A dosagem das enzimas séricas ativas é bastante importante no diagnóstico de miopatias, mas atualmente pesquisa-se basicamente a creatinofosfoquinase (CPK), cuja dosagem encontra-se muito elevada na DMD. Na fase avançada da doença, com grande perda de massa muscular devido à extensa amiotrofia, a CPK pode estar diminuída em relação a exames anteriores. As concentrações séricas de CPK, em geral, são ligeiramente superiores a 200-300 IU nos recém nascidos saudáveis; a seguir, caem e permanecem constantes até uma segunda elevação ocasional ligeira durante o estirão de crescimento da adolescência; no início da DMD a enzima eleva-se até 50 vezes o normal, mas as concentrações caem mais ou menos na ocasião em que os meninos ficam confinados à cadeira de rodas, provavelmente devido à diminuição do tecido muscular funcional e à redução da atividade física. As dosagens enzimáticas de CPK revelam aumento no sangue também em portadores assintomáticos da doença.
A biópsia muscular é indicada quando não for encontrada deleção do gene da distrofina, se não houver história familiar de herança recessiva ligada ao cromossomo X ou em crianças que são casos isolados, nas fases iniciais, para um diagnóstico diferencial. A primeira proteína a ser pesquisada é a distrofina, pela técnica de imunofluorescência e western blot. No caso de diagnóstico de DMD a distrofina está ausente.
A eletroneuromiografia (EMG) apesar de apresentar alterações características na DMD, não tem indicação para diagnóstico e nem para acompanhamento. As alterações na EMG são diagnósticas de miopatia, mas não especificamente de DMD e essas investigações são importantes para distinguir entre distúrbios miogênicos e neurogênicos. No estágio inicial, os potenciais de ação têm duração e amplitudes reduzidas, com potenciais polifásicos mais frequentes que o normal; mais tarde, com a perda das unidades motoras, há muito pouca atividade.
Outras investigações, como a histoquímica muscular, estudos de inervação muscular, microscopia eletrônica, eletrocardiografia e tomografia computadorizada podem fornecer informações adicionais para uma melhor compreensão sobre a evolução da DMD, bem como no auxílio do diagnóstico diferencial.
Apesar dos exames para o diagnóstico definitivo de DMD, como análise molecular e/ou biópsia muscular, só estarem disponíveis em centros terciários de medicina, a maioria dos responsáveis nega dificuldades em realizá-los. Acredita-se que possivelmente existam problemas na formação do médico generalista, o que justificaria não só a falta de reconhecimento dos primeiros sintomas, mas também os encaminhamentos equivocados e tardios ao especialista, retardando assim o diagnóstico clínico.


9.      Prevenção
O estudo do DNA nas mulheres pertencentes às famílias dos pacientes tem como objetivo a detecção das portadoras do gene da Distrofia Muscular de Duchenne para, posteriormente, realizar o seu aconselhamento genético e evitar o nascimento de outras crianças afetadas nesta família.
Na análise do DNA são realizadas pesquisas de deleção no gene da distrofina; se for encontrada a deleção, confirma-se o diagnóstico de DMD. Este teste tem sido usado par identificar a localização anormal do gene em Xp21 e é particularmente útil em conjunto com o teste de CK sérica, no sentido de proporcionar 95% de precisão na detecção de portadores do sexo feminino.
Técnicas mais modernas para diagnóstico desse tipo de doença incluem a biópsia embrionária, realizada nos primeiros estágios de desenvolvimento embrionário, após um ciclo de fecundação in vitro, que consiste na retirada de uma ou duas células do embrião com o auxílio de micromanipulador, no qual são analisados alguns cromossomos dos núcleos desta célula com o objetivo de impedir que embriões geneticamente anormais sejam transferidos e possam resultar em malformação ou aborto. Neste caso, é realizada uma análise do cromossomo 21 (responsável pela Distrofia Muscular de Duchenne), através de uma sonda específica, lida em microscópio de fluorescência por meio da chamada hibridização in situ por fluorescência (FISH).


10.  Tratamento medicamentoso
O uso dos corticóides para pacientes com DMD teve início no final da década de 60, com relatos de melhora da força muscular pela utilização da droga em altas doses e por períodos curtos. Ao longo dos anos, o uso dos corticóides se consolidou como o melhor tratamento existente, segundo a maioria dos consensos.
Os corticóides utilizados no tratamento da DMD são os glicocorticóides: a prednisona, a prednisolona e o deflazacort. Em doses farmacológicas, apresentam efeito imunossupressor e antiinflamatório.
A prednisona vem sendo utilizada atualmente na DMD por suas propriedades antiinflamatórias e anabólicas. Esta medicação procura retardar a perda da função muscular por mais alguns anos. Os esquemas utilizados são: 0,75 mg/kg/dia de prednisona, 3-5 mg/kg dos dias por semana e 5-10 mg/kg de cada mês.
Os efeitos colaterais mais frequentes dos corticóides são aumento do apetite, aumento de peso, obesidade troncular, retenção de líquidos, osteoporose, baixa estatura, hipertensão e diabetes mellitus.
A prednisolona tem equivalência terapêutica à prednisona e pode ser utilizada na mesma dose, com resultados e efeitos colaterais semelhantes.
O deflazacort é uma forma de esteróide sintética, derivado da prednisona, capaz de aumentar a força na DMD. A equivalência terapêutica do deflazacort é de 1,2mg para 1mg de prednisona. A dose preconizada em pacientes com DMD é de 0,9mg/kg por peso/dia. Os resultados positivos do deflazacort são equivalentes aos obtidos com a prednisona. Os efeitos colaterais apresentam incidência menor, com exceção da catarata, cuja incidência é superior em usuários de deflazacort.
Além de aumentar a força muscular, são descritos retardo na evolução da escoliose, retardo do aparecimento da cardiopatia e aumento da capacidade vital nos meninos tratados com corticóides.
Tratamentos promissores que garantem revolucionar o tratamento e o prognóstico da DMD nos próximos anos incluem: oxandrolone (esteróide que acelera o crescimento muscular e melhora a força muscular), DNA plasmide, fatores de crescimento insulino-like (substância que promove a melhora da tolerância muscular à fadiga),  transplante de mioblastos, creatina monohidratada (cuja suplementação melhora a força muscular global e aumenta a massa muscular magra) e utrofina (proteína que pode substituir a distrofina na junção neuromuscular).


11.  Tratamento fisioterapêutico
A atuação da fisioterapia empregada no paciente com distrofia muscular de Duchenne tem o objetivo de retardar a incapacidade de andar e a dependência em relação à cadeira de rodas, além de prevenir deformidades e outras complicações de cunho respiratório e traumático, como as fraturas. Para tanto, a fisioterapia lança mão da cinesioterapia motora e respiratória, com o intuito de melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.
Com a evolução da doença, uma das opções de tratamento pode ser a realização da hidroterapia. A hidroterapia é uma forma clássica de tratamento fisioterapêutico utilizada em inúmeras disfunções. Neste tipo de tratamento, as propriedades físicas da água aquecida promovem facilitação dos movimentos e alívio das dores, além de permitir o trabalho em grupo e tornar a terapia agradável, permitindo realizar determinadas atividades que seriam impossíveis em solo.
 A hidroterapia realizada em piscina terapêutica é utilizada para manter a força muscular, a capacidade respiratória, as amplitudes articulares e evitar os encurtamentos musculares. A movimentação voluntária e a adoção de diversas posturas podem ser facilitadas e os exercícios de alongamento muscular podem ser realizados com o alívio da dor.
A literatura mostra que exercícios concêntricos são benéficos quando realizados de forma segura e precisa pelos fisioterapeutas, aumentando e/ou mantendo a força muscular dos pacientes com DMD.
Em contrapartida, os exercícios excêntricos são pouco tolerados pelo paciente. Estudos mostram que a força elevada durante as contrações musculares excêntricas pode afetar o metabolismo do colágeno e até estruturas tendíneas do tecido conjuntivo. Durante o exercício excêntrico há um maior risco de dano muscular, pois nesta ação o músculo estará em trabalho de força e sendo alongado simultaneamente, aumentando seu estresse.
Os objetivos de tratamento da fisioterapia, perante o quadro apresentado pelos indivíduos portadores dessa doença são os de permitir que ele tenha domínio sobre seus movimentos, coordenação e equilíbrio; manter ou melhorar amplitude de movimento (ADM); manter a força a musculatura da cintura escapular e pélvica e músculos da respiração; adequar a postura (em pé, sentada e deitada) o mais próximo do normal e prevenir o encurtamento muscular.
A fisioterapia respiratória mostra-se essencial para aumentar a expectativa de vida dos pacientes, sendo realizadas manobra de reexpansão pulmonar, desinsuflação e desobstrução, dependendo do problema respiratório apresentado pelo paciente.


12.  Prognóstico

Em geral, quanto mais cedo a criança torna-se dependente da cadeira de rodas, pior o prognóstico.
A causa de óbito é frequentemente relacionada às complicações cardiomiopáticas ou complicações respiratórias. Os problemas respiratórios decorrentes da DMD são relacionados ao defeito restritivo causado por fraqueza dos músculos diafragma, intercostais e acessórios, que irá levar a uma falência respiratória. Estima-se que 55 a 90% dos pacientes com DMD morrem por falência respiratória entre 16 e 19 anos e raramente após os 25 anos de idade.
A infecção pulmonar e/ou insuficiência respiratória são as causas mais frequentes de óbito, ocorrendo em 75% dos casos. O óbito acontece entre a 2ª e 3ª décadas de vida.
A Distrofia Muscular de Duchenne é uma doença incurável. No entanto, isso não quer dizer que ela é uma patologia não-tratável. Medidas fisioterapêuticas e cirúrgicas podem ajudar a prolongar a deambulação, minimizar as deformidades melhorar as habilidades funcionais.
Há evidências de que as estratégias de conduta aprimoradas estão resultando em maior sobrevida destes pacientes. Entretanto, tanto as medidas clínicas como terapêuticas adotadas atualmente não foram capazes de impedir a progressão da doença e a morte dos pacientes.

Inúmeras pesquisas voltadas para a terapia genética e manipulação de células tronco têm sido realizadas na tentativa de obtenção da cura da DMD. No caso da terapia genética o procedimento é a transferência do gene da distrofina ou parte dele para cada célula muscular ou correção do defeito genético por técnicas especializadas. No entanto, estas tentativas ainda não mostraram resultados satisfatórios.

Fonte: Fisio Neuro

Dicas de Fisioterapia para portadores da Doença de Huntington



Os tecidos cerebrais são afetados pela Doença de Huntington (DH). Essa enfermidade faz com que os problemas se tornem maiores conforme o tempo passa, visto que é uma patologia hereditária. Como consequência, o portador pode sofrer complicações em seu quadro clínico, que vão de pneumonia, infecções até insuficiência cardíaca.

Por envolver questões genéticas, os filhos possuem 50% de chance de contrair a doença, porém os efeitos são percebidos na idade adulta. Entretanto, há caso em que o indivíduo seja acometido pelos sintomas durante a fase infantil. Nesses casos o papel do fisioterapeuta se faz necessária com maior intensidade.

A Fisioterapia é recomendada para manter os músculos flexíveis e evitar a atrofia muscular. Um método eficaz para crianças com a Doença de Huntington (DH) é a terapia de piscina. O ambiente aquático faz com que os exercícios sejam facilmente executados, além de relaxar os músculos.

Fora da água, o fisioterapeuta atua para preservar as ações físicas e para reduzir o aparecimento dos movimentos involuntários, rigidez, hipotonia, déficit de equilíbrio, diminuição da força, déficit cognitivos e problemas respiratórios.


Dessa forma, as quedas, que são alguns dos principais problemas do paciente, serão reduzidas. Nos casos de estado avançado da doença o enfoque fisioterápico deve ser aplicado às atividades que retardem as complicações cognitivas e as alterações pelo qual os movimentos passam. Sendo assim, o paciente preserva por mais tempo sua independência.

Psicomotricidade Aquática



Psicomotricidade Aquática é uma das formas de estimular as potencialidades do indivíduo utilizando a água como meio, trabalhando a relação do indivíduo com o espaço, com o objeto, com o outro e consigo mesmo; baseia-se na criatividade e espontaneidade, e ambas devem surgir naturalmente, sem serem comandadas. Para entender melhor a psicomotricidade aquática é necessário lembrar um pouco sobre a relação do meio líquido com o movimento enquanto expressão psicomotora do ser humano.

Tem como base desde a concepção e evolução, quer dizer, no meio intra-uterino até chegar o nascimento. Sabe-se que o feto está banhado por um líquido chamado líquido amniótico, o qual está na mesma temperatura que seu corpo e atravessado permanentemente pelo fluxo sangüíneo da mãe.

Ao nascer, a criança entra num mundo desconhecido que não está mais em harmonia com as sensações internas, mas sim, as externas como o contato das mãos, dos objetos, da temperatura, da luz que na verdade é do outro. A criança então, busca encontrar um complemento que é a mãe (podendo ser outro adulto). Essa fusão irá mantê-la protegida e num estado prazeroso.

A água dentro desses aspectos positivos pode auxiliar nesse contato, nessa fusionalidade. Deve ser utilizada como meio de ação mais global, através do movimento, e da relação desse indivíduo com o espaço, com o outro, com o objeto e consigo mesmo.
Trabalhar a psicomotricidade dentro da água é fazer dela e do movimento uma estimulação para o indivíduo. Com isso, ele aprende a se conhecer e a se aceitar. A criança não entra na aula e fica apenas brincando sem planejamento algum, há a necessidade de estudar o seu histórico, de saber as suas necessidades e frustrações para poder atuar como um meio e não como um fim.

Nas atividades dentro da água são solicitados os canais exteroceptivos (sinais do meio externo captados pelos órgãos dos sentidos), proprioceptivos (situação do corpo no espaço) e interoceptivos (está ligada à vida orgânica e vegetativa) em diversos níveis.

Para se obter sucesso nas atividades, é preciso planejar o trabalho que será realizado e estabelecer os objetivos que deverão ser atingidos, mesmo que não possua uma data preestabelecida para tal. Os conteúdos trabalhados podem ser funcionais e relacionais.


Em se tratando dos conteúdos funcionais, são destacados como: coordenação motora global, que possibilita desafios e dificuldades na água; tônus e postura, que podem ser modificados de acordo com o empuxo e ação da gravidade; equilíbrio, que também se altera devido a estes itens; esquema corporal; que bem trabalhado irá ajudar a criança a se adaptar em relação a espaço e tempo; espaço e tempo propriamente ditos e estimulação do desenvolvimento cognitivo. Já no aspecto relacional, observa-se o comportamento do indivíduo diante de diferentes situações, relacionadas com objetos, espaço, tempo e às pessoas, abordando conteúdos como criatividade, afetividade, espontaneidade, agressividade e comunicação.

Fonte: Aqua Brasil

Fisioterapia e Síndrome de Down



O bebê que tem  síndrome de Down requer alguns cuidados após o nascimento e ao longo de seu desenvolvimento, por conta das características decorrentes da trissomia 21.
Uma dessas características é a hipotonia muscular  (os bebês nascem mais “molinhos”) e a frouxidão dos ligamentos(juntas flexíveis). Por isso, o bebê tende a manter uma postura mais relaxada, já que seus músculos são menos tensionados e as articulações são mais frouxas.

A fisioterapia pode colaborar especificamente para o desenvolvimento motor da criança, ajudando-a se movimentar de maneira correta e no fortalecimento físico. No entanto, ressaltamos que o bebê só deve iniciar a atividade após autorização do médico que o acompanha. No caso de crianças com síndrome de Down que nascem com algum tipo de cardiopatia grave, por exemplo, qualquer exercício é contraindicado até que o problema seja tratado.

A participação dos pais e familiares nesta fisioterapia é fundamental, tanto no sentido de troca com o terapeuta – os pais poderão explicar melhor o contexto em que a criança vive, bem como relatar seu desenvolvimento – como para garantir a continuidade desta terapia em casa, no dia a dia, incluída na rotina doméstica.

O bebê pode começar a fisioterapia desde o nascimento para que, com os exercícios, consiga sustentar o pescoço, rolar, sentar-se, arrastar-se, engatinhar, ficar em pé e andar, minimizando os efeitos motores da síndrome de Down.

Nos primeiros seis meses de vida, as atividades propostas na fisioterapia são chamadas de estimulação precoce, pois devem começar já desde o nascimento. A fisioterapia pode facilitar o desenvolvimento motor do bebê por meio de exercícios e em casa. Desde que orientados por um profissional, os pais também podem ajudar.

Propriocepção


A propriocepção, também chamada de cinestesia, é a capacidade de perceber onde está cada parte do corpo, sendo que existem dois grandes tipos de propriocepção, que incluem:

Propriocepção consciente: é obtida através de receptores sensoriais, chamados proprioceptores, que permitem tocar com o dedo na ponta do nariz de olhos fechados, por exemplo;
Propriocepção inconsciente: ​são atividades involuntárias executadas pelo sistema nervoso central para regular atividades musculares, como as contrações do coração.
Além disso, a propriocepção indica se as várias partes do corpo estão coordenadas para o movimento que se está tentando fazer, seja ele caminhar, saltar ou ficar de cabeça para baixo, por exemplo, evitando que se perca o equilíbrio.

Assim, a realização de exercícios de propriocepção em consultas de fisioterapia é importante, não só para melhorar o equilíbrio e os movimentos precisos do corpo, mas também para evitar a piora de lesões esportivas, como distensão muscular, ensinando o corpo como se movimentar para proteger a área afetada.



Fonte: Tua Saúde

Mitos e verdades em Reumatologia


Mito:
"Reumatismo é doença de velho".

Fato:
Em primeiro lugar o termo “reumatismo” é um termo popular consagrado para se referir a alguma das muitas doenças que podem ter manifestações no sistema músculo esquelético. Além disso estas doenças podem ocorrer em qualquer faixa etária.

Mito:
"Reumatismo ataca no frio".

Fato:
O ambiente mais frio apenas aumenta a sensibilidade e a percepção dolorosa levando o paciente a acreditar que a doença “atacou” por causa do frio.

Mito:
"Reumatismo no sangue".

Fato:
Este é uma expressão criada há muitos anos pelos próprios médicos para aqueles pacientes com dor e alguma alteração nos exames laboratoriais (“exames de sangue”) sem que necessariamente houvesse doença.

Mito:
"Exames para reumatismo".

Fato:
O termo “reumatismo” é vago como já foi mencionado acima. Os exames, quando solicitados, levam em consideração a queixa e o exame físico de cada paciente. A grande maioria deles é inespecífica e devem ser analisados com muito cuidado. Além disso muitos destes exames podem estar alterados em indivíduos saudáveis.

Mito:
"FAN positivo, o paciente tem lupus".

Fato:
Este exame laboratorial geralmente é positivo no lupus eritematoso sistêmico. Contudo também pode estar presente em várias outras doenças, pelo uso de determinados medicamentos e até mesmo em pessoas saudáveis.

Mito:
"Fórmula para reumatismo".

Fato:
Isto não exite. Cada doença tem seu esquema terapêutico definido. Esta tal “fórmula” geralmente consiste num coquetel de drogas com efeito paliativo e freqüentemente associado a uma grande quantidade de efeitos colaterais.

Mito:
"Dor nas articulações significa reumatismo".

Fato:
Dor articular é uma manifestação clínica como outra qualquer. Pode estar presente em diversas patologias sem qualquer relação com “reumatismo”.

Mito:
"Alimentos ácidos aumentam o ácido úrico".

Fato:
O ácido úrico é um produto do metabolismo de uma variedade de proteínas chamada purinas. Já os encontrados em frutas e alimentos são o ácido cítrico, o ácido ascórbico e o ácido acético. Tem em comum apenas o fato de serem ácidos.

Mito:
"ASLO elevado indica reumatismo".

Fato:

Este exame laboratorial apenas indica presença de anticorpos contra uma bactéria chamada Streptococo. Pode estar elevado na maioria das infecções respiratórias, inclusive uma simples gripe, e permanecer elevado por muitos meses.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Fisioterapia e a psicomotricidade em idosos




A velhice envolve dois processos, sendo um fisiológico, (denominado senescência) e outro metabólico (chamado de senilidade). Envelhecer é viver, viver é mover-se, essa afirmativa é tomada como base para as justificativas de programas de prevenções e de reabilitação psicomotora (Fonseca, 1998). 

O envelhecimento é um processo contínuo e inevitável, que constitui uma etapa da vida onde é preciso estudar, tendo em vista que ocorre uma série de modificações que necessitarão de adaptações. Tais modificações somáticas, psíquicas, psicomotoras serão combatidas com medidas reabilitativas ativas e preventivas. Em tal sentido a psicomotricidade pode exercer um efeito principalmente preventivo.

Todo indivíduo idoso tem sua carga de experiência própria, é um ser especial, único e tem o direito de ser tratado como tal, ter total liberdade para explorar todo o universo em que viveu durante o longo dos anos, seja ele normal ou portador de alguma limitação. A realização de uma proposta de atuação da Fisioterapia Preventiva na psicomotricidade em idosos é de responsabilidade daqueles que formam o mundo atuante da promoção da saúde, e dos cuidadores e/ou familiares que convivem no dia-a-dia do idoso. Pois é neste ambiente de integração, que o individuo tem a oportunidade de desenvolver seu lado psicomotor, sua capacidade física, mental e social, fazendo com que haja uma melhora na qualidade de vida. Isso ajuda a combater e /ou prevenir a instalação de doenças físicas e mentais, despertando assim, o desejo de agir, ou reagir sobre os estímulos que lhe são oferecidos, e voltando a se sentir parte da sociedade em que vive, como peça fundamental.

Desse modo, torna-se compreensível a importância de uma proposta de atuação da Fisioterapia Preventiva na psicomotricidade em idosos, como forma de proporcionar à estes uma melhora no âmbito relacionado a promoção da saúde e, principalmente, a qualidade de vida desses idosos por meio da potencialização de suas capacidades, não esquecendo de levar em consideração suas necessidades e características biopsicossociais dessesindivíduos

O papel da fisioterapia é promover atitudes e atos de uma forma global, atuando como resultado a uma excelente estado de saúde, no aspecto funcional como na melhoria da qualidade de vida. Trata-se de uma filosofia holística que tem por objetivo estabelecer o equilíbrio entre o corpo, o individuo, o ambiente e a cultura. O fisioterapeuta deve dar o exemplo, mantendo hábitos de vida sadios e promovendo essa filosofia de promoção de saúde. 

Em pessoas idosas, com dificuldades posturais e de locomoção, deve-se realizar movimentos de forma sistemática, porém com condutas psicomotoras que sucederão movimentos especificamente humanos, com o intuito de serem realizados de forma consciente, intencional e sensível.

A atividade psicomotora é absorvida pela maioria das pessoas, em gradientes progressivos da mais simples para a mais complexa atividade. Tais atividades irão estimular o raciocínio e possibilitam recursos ilimitados de ações.
SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS:

- Técnicas de auto-alongamento e mobilização ativa e ativo-assistida, onde serão trabalhados os membros superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII) através de exercícios de flexo-extensão e circundução de dedos das mãos, punhos, ombro, e tornozelo e joelho.

- Rolar – deitado no solo, em decúbito dorsal e rolar com braços estendidos no prolongamento dos ombros, estendidos acima da cabeça;

- Engatinhar, atuando na estimulação do tônus muscular, através do fortalecimento da musculatura dorsal antigravitacional;

- Engatinhar com as pernas estendidas, atuando na estimulação do equilíbrio e da postura ereta;

- Marcha com elevação dos joelhos; marcha com movimentos alternados de braços e pernas, para frente e para trás; marcha cruzada, trabalhando a lateralidade com a rotação de tronco e a postura ereta;

- Equilíbrio com um pé elevado à frente; equilíbrio com um pé elevado atrás; equilíbrio com o braço apoiado no colega ao lado, atuando na coordenação dos movimentos;

- Manipulação em forma de pinçamentos, oponência dos dedos, pronação e supinação, dobrar papel aprimorando a manipulação e estabelecendo / restabelecendo a motricidade fina;

- Coordenação óculo-manual, através de atividades como arremessar, pegar, lançar, tocar, bater, com objetos de tamanhos variados, estimulando a lateralidade, coordenação, equilíbrio e organização espaço-temporal.


Fonte: Faça Fisioterapia

Hidrocinesioterapia



Hidrocinesioterapia. A hidroterapia ou terapia aquática é o termo mais conhecido atualmente, para os exercícios terapêuticos realizados em piscina termo-aquecida. Tem por finalidade a prevenção e cura das mais variadas patologias.

               
Sua utilização exige do fisioterapeuta conhecimentos das propriedades da hidrodinâmica (água em movimento) e termodinâmicas da água assim como a anatomia, fisiologia e a biomecânica corporal.

A terapia em ambiente aquático tem grande valor terapêutico quando necessita nenhuma ou mínima sustentação de peso ou quando há inflamação, dor, retração, espasmo muscular, limitação da amplitude de movimento e força, que podem, de maneira isolada ou conjunta, alterar as funções hegemônicas do corpo humano, como: respiração, alimentação, postura estática com o olhar horizontal com o menor gasto energético e a reprodução.

A água revela qualidades terapêuticas quando ministradas dentro de um limite de temperatura e tempo. O tempo pode variar inicialmente entre 5 e 15 minutos, e evoluindo gradativamente de acordo com a aceitação, ganho de resistência muscular e condicionamento cardiovascular do paciente chegando até 2 horas de duração.

A compreensão do movimento na água e da sua diferença em relação ao movimento no solo é essencial para o planejamento de uma progressão gradual de exercícios de hidroterapia. O tipo de lesão, a composição corporal do paciente e sua habilidade aquática determinam os tipos de exercícios, a postura ideal, a velocidade do movimento, a profundidade da água e os equipamentos a serem usados a cada fase do tratamento.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

As vantagens e as indicações no tratamento são inúmeras. O paciente experimenta todos os efeitos que a água pode oferecer. Dentre elas podemos destacar:

a) Flutuação - (atua no suporte as articulações enfraquecidas e é capaz de proporcionar assistência e, progressivamente, resistência ao movimento na água);

b) Pressão hidrostática - (ajuda na estabilização das articulações enfraquecidas; ajuda a diminuir o edema e melhorar a circulação; o aumento da circulação periférica, que melhora a condição da pele que foi afetada por uma imobilização e acelera a cura ao implementar a nutrição na área lesada);

c) Circulação – (aumenta com a adição de calor, como em temperaturas mais elevadas da água 32º a 35°C, ajudam a diminuir o espasmo muscular, estimulando o relaxamento dos tecidos moles e, em alguns casos, reduzindo a dor);

d) Redução do espasmo muscular e da dor, auxilia no movimento que pode ser iniciado mais cedo após a lesão.

A movimentação precoce restaura a função muscular através da circulação (melhor nutrição das estruturas lesadas) e da amplitude de movimento articular. Também diminui a atrofia muscular e a formação de tecido cicatricial (fibrose intramuscular e artrofibrose). O excesso de tecido cicatricial pode ser resultante da inatividade por um longo período de imobilização. Como o tecido cicatricial pode restringir severamente o movimento, é benéfico iniciar o quanto antes exercício de amplitude de movimento considerando os limites do paciente.

Após lesão ou imobilização, a hidroterapia facilita o movimento por meio de redução das forças gravitacionais combinada com os efeitos da hidrodinâmica. Pacientes com incapacidade de realizar exercícios com sustentação de peso podem começar a reabilitação mais cedo na piscina devido à diminuição das forças compressivas sobre as articulações sustentadoras de peso. Sendo este, às vezes, o único meio em que permite movimentos para pacientes com incoordenação, deficiência ou incapacidade.

Como em qualquer outro tipo de terapia existem as desvantagens do tratamento no meio aquático. As que estão em mais destaques são: a hidrofobia (medo de água), o alto custo do tratamento e o período de frio intenso.

INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES

A hidroterapia é indicada para todas as áreas da fisioterapia que envolvam problemas de ordem traumato-ortopedicos, esportivos, neurológicos, reumáticos, cardiopatas, pneumopatas, estéticos, etc

As indicações mais comuns para um tratamento hidroterápico são para os pacientes que apresentam os seguintes sinais e sintomas:

Elevado nível de dor

Edemas de extremidades

Desvios da marcha

Diminuição da mobilidade

Fraqueza muscular generalizada

Baixa resistência muscular

Impossibilidade de sobrecarga nos membros inferiores

Resistência cardiovascular diminuída

Contraturas articulares

Disfunções posturais

Habilidades diminuídas

Interação social do paciente

Outros....

Como em qualquer modalidade de tratamento, existem também as contra-indicações à terapia em piscina e em alguns casos são necessários precauções a fim de prevenir a proliferação de doenças e constrangimentos ao paciente.

As contra-indicações são consideradas absolutas ou relativas de acordo com a gravidade da patologia. As que devem ser mais observadas são:

Doenças transmitidas pela água (infecções de pele - tinea pedis e tinea capitis) - A

Febre acima de 38°C - A

Insuficiência cardíaca - A

Pressão arterial descontrolada - A

Incontinência urinária e fecal - R

Epilepsias - R

Baixa capacidade pulmonar vital - R

Doenças sistêmicas - R

Sintomas de trombose venosa profunda - A

OS PRINCÍPIOS FÍSICOS

O entendimento dos princípios físicos da água (hidrodinâmica e hidrostática) e termodinâmica faz da hidroterapia um recurso ímpar no processo de reabilitação. Cada princípio físico tem a sua resposta específica, que quando associadas às ações mecânicas do terapeuta e a temperatura da água produz um efeito satisfatório e rapidamente sentido pelo enfermo.

HIDRODINÂMICA x HIDROSTÁTICA

Pode-se dizer que a movimentação da água (hidrodinâmica), a torna única e exclusiva no que diz respeito a sua terapêutica. O conhecimento da hidrodinâmica e da hidrostática tornará possível à seleção da posição do paciente, a profundidade da imersão e os equipamentos ideais para os tratamentos com a hidroterapia.

Os princípios físicos da água são: densidade relativa, turbulência, metacentro, fricção, viscosidade, empuxo, pressão hidrostática, tensão superficial. Cada um destes princípios exerce determinada resposta nos órgãos e sistemas.



Densidade Relativa

A densidade relativa é definida entre a relação de massa (Kg) e volume (m3). Na água, esta relação é na ordem de 1 (um). E, segundo o princípio de Arquimedes (287-212 a.C.), quando um corpo é submerso em um líquido, ele sofre uma força de flutuabilidade igual ao peso do líquido que desloca. Como cada parte do corpo possui uma densidade específica, ou seja, um peso específico. Num corpo, a distribuição de massa gorda (gordura) e massa magra (músculos) e o peso dos ossos se fazem de forma heterogênea, e, portanto, algumas partes do corpo tende a afundar mais do que outras devido a sua gravidade específica.

O peso corporal está divido em:

8 % cabeça

18 % Membros superiores

36 % Membros inferiores

38% Tronco

Metacentro

O quadril e os membros inferiores possuem maior densidade, pois são constituídos em quase sua totalidade de ossos e músculos longos e volumosos, por isso, tendem a afundar. Como a cabeça e tronco por terem em sua constituição de líquido e ar respectivamente, tendem a flutuar e o quadril se torna um eixo no qual os membros inferiores se apóiam e afundam, realizando um movimento rotacional vertical até que o seu equilíbrio seja encontrado. Este movimento rotacional é o resultado do equilíbrio entre as forças da gravidade e empuxo. Esse princípio é conhecido como metacentro (princípio de Bougier).

Turbulência

Durante o movimento rotacional, o corpo é embalado numa velocidade proporcional ao peso, forma e tamanho do segmento criando uma leve turbulência de fluxo laminar que se segue ao longo de uma linha aerodinâmica em um fluxo estável de líquido (Teoria de Bernoulli). Quanto maior a velocidade, maior será o fluxo obtido produzindo energia cinética.

Fricção

Porém, essa velocidade não é real visto que os princípios da fricção (atrito), viscosidade (atrito interno do líquido – adesão e coesão molecular), pressão hidrostática, turbulência, empuxo e tensão superficial oferecem uma quantidade de resistência ao movimento.

A fricção, segundo Froud (1810-1879) e Zahm (1862-1945) é a resistência causada pela textura da superfície do corpo durante seu movimento na água.

Viscosidade

É a resistência de um fluído em deslocamento e também se refere à magnitude do atrito interno do líquido relacionado à força de coesão molecular. A coesão molecular pode ser considerada como a atração das moléculas entre si, e quando as camadas do líquido são postas em movimento, essa atração cria resistência ao movimento e é detectada como atrito.

Pressão Hidrostática

A pressão é definida como a relação de força por unidade de área, em que a força é suposta atuando perpendicularmente a área de superfície. Dessa forma, durante o repouso em uma determinada profundidade, o fluído exercerá uma pressão em todas as superfícies corporais submersas. Segundo Pascal, que a pressão de um fluido é exercida de forma igual em qualquer nível em uma direção horizontal, o que significa que a pressão é igual em uma profundidade constante.

Empuxo

De acordo com Arquimedes o resultado do efeito do empuxo é a flutuação. A força de flutuabilidade age na direção oposta a da força da gravidade e é responsável pela sensação de ausência de peso na água.

Tensão Superficial

A tensão superficial é definida como a força por unidade de comprimento que atua através de qualquer linha em uma superfície e tende a atrair as moléculas de uma superfície de água exposta. A força resistiva da tensão superficial torna-se uma variável ativa na medida em que a área da superfície aumenta.

TERMODINÂMICA

A propriedade termodinâmica da água significa que ela possui a capacidade de absorver e transferir grandes quantidades de calor. Ela é usada como padrão, e possui um calor específico de 1 (UN), isto é, é necessária uma caloria para elevar um grama de água em um grau centígrado.

A utilidade terapêutica da água depende da sua capacidade de reter quanto a sua capacidade de transferir calor. Uma água quente em hidroterapia é considerada a uma temperatura acima de 34º C; uma água termoneutra entre 31ºC a 33ºC; e uma água fria entre 28ºC e 30º C. Essa troca de energia na forma de calor é conhecida como processo termolítico e ocorre através de mecanismos físicos conhecidos como condução, convecção, radiação e evaporação.

OS EFEITOS TERAPÊUTICOS DA HIDROTERAPIA

Os efeitos terapêuticos desejados com os exercícios na água estão relacionados ao alívio da dor e do espasmo muscular, relaxamento, manutenção ou aumento da amplitude de movimento, reeducação dos músculos paralisados, fortalecimento dos músculos (força e resistência), melhora das atividades funcionais da marcha, aumento da circulação, integração sensório-motora e reforçamento do moral do paciente pelo convívio social, atividades recreacionais e a liberdade de movimento.

Estes efeitos são atingidos, graças à termodinâmica da água que favorece a diminuição da dor, do espasmo muscular, produzindo o relaxamento.

À medida que a dor diminui o paciente é capaz de experimentar um maior conforto e um aumento significativo na amplitude do movimento, explorando sua liberdade.

O RELAXAMENTO

A resposta de relaxamento depende do grau de intimidade e liberdade do paciente com a água. Quanto mais habilidade for demonstrada na piscina, mais fácil serão a imposição da terapia com o efeito desejável.

A água aquecida provoca um relaxamento das fibras musculares através do processo de condução entre a temperatura da água e da pele e que por sua vez irá transmitir o calor até as estruturas mais internas, reduzindo a tensão muscular pelo relaxamento das fibras musculares.

Outro aspecto importante é a redução das forças compressivas, pela força do empuxo minimizando a ação do sistema tônico postural. Uma vez reduzida à atividade tônica postural, os músculos responderão rapidamente a um relaxamento.

 REDUÇÃO DA SENSIBILIDADE A DOR E DOS ESPASMOS MUSCULARES

A água termo-aquecida ajuda no alívio da dor, na diminuição do tônus muscular anormal do espasmo muscular. Na imersão, os estímulos sensoriais do calor estão competindo com os estímulos da dor, como resultado, a percepção de dor do paciente fica enganada ou bloqueada, pois a velocidade de condução do estimulo do calor é mais rápido que o da dor. O estímulo do calor sendo rapidamente codificado pelo sistema nervoso central envia uma resposta instantânea para o local da dor, promovendo a diminuição do reflexo de defesa e do espasmo muscular protetor provocado na articulação afetada.

Os princípios físicos do empuxo e pressão hidrostática também favorecem a minimização da dor, pela pressão exercida no segmento estimulando os receptores cutâneos e pela diminuição da sobrecarga corporal.

 AUMENTO DA AMPLITUDE

As propriedades hidrodinâmicas e termodinâmicas da água auxiliam o terapeuta no ganho da amplitude articular. Ao imergir na piscina, o efeito de flutuação fará com que o paciente perceba uma diminuição da sobrecarga corporal. A diminuição da sobrecarga na articulação resulta numa diminuição da força compressiva articular, aliviando a dor. O alívio da dor somado com o efeito termodinâmico da água relaxa os músculos que envolvem a articulação, aumenta o aporte de sangue circulante, remove os produtos imprestáveis do metabolismo e auxilia na movimentação articular melhorando a produção de líquido sinovial facilitando os movimentos proferidos pela articulação.

A pressão hidrostática influencia no ganho da amplitude auxiliando na remoção de edemas, liberando a articulação.

AUMENTO DA FORÇA

O aumento da força muscular é dado pela resistência que a água produz no segmento do corpo imergido. As propriedades de fricção, viscosidade, pressão hidrostática e empuxo são os grandes responsáveis pelo trabalho de força muscular. A água permite maior resistência ao movimento do que o ar (em torno de 700 vezes mais), permitindo que as articulações fiquem mais livres. As partes submersas do corpo encontram resistência em todas as direções dos movimentos.

Existem 3 tipos de contrações conhecidas como isotônica concêntrica, isotônica excêntrica e a isométrica. Essas contrações vão estimular os músculos a recrutarem fibras para a produção da contração, porém essas fibras se desenvolverão sarcômeros paralelos e em séries aumentando a força do músculo. Uma vez que o membro encontre resistência em todas as direções de movimentos de forma excêntrica, as fibras musculares começam a produzir sarcômeros em série, melhorando a eficácia da contração muscular e fornecendo resistência ao músculo, pois na água os movimentos são mais consistentes e uniformes quando mantidos a uma velocidade constante. Porém, o risco de lesão é maior. Neste tipo de contração pode haver microtraumas nos tecidos musculares, e, estes por sua vez, promoverão a reparação tecidual, levando o músculo a um processo de hipertrofia.

Um cuidado em especial no trabalho de recuperação da força muscular, é quanto à questão das lesões musculares que podem ocorrer durante o processo de reabilitação e condicionamento que são:

Dor durante o esforço físico – pelo acúmulo de ácido lático e perda de sais minerais (sódio, potássio, magnésio);

Dor 24/48 horas após o esforço – decorrentes de microlesões musculares por uma relação de volume e intensidade do exercício exagerada;

Dor decorrente de câimbras - (por distúrbio hidroeletrolítico e descargas elétricas)

 AUMENTO DA CIRCULAÇÃO

Após a imersão, a pele começa a absorver o calor da água. O aumento da temperatura da pele e repassado as estruturas mais internas do corpo produzindo o efeito de vasodilatação.

A vasodilatação faz aumentar o aporte de sangue circulante na periferia. A dilatação dos vasos associada aos efeitos produzidos pelos exercícios aumenta o suprimento sangüíneo para os músculos, e, com isso, os fluídos dos tecidos movimentam-se livremente nas estruturas lesionadas, removendo os metabólitos retidos, o que aumenta a nutrição e ajuda a aumentar a velocidade do processo de cicatrização, sendo este processo fortemente influenciado pela pressão hidrostática.

EQUILIBRIO, ESTABILIDADE E CONSCIÊNCIA CORPORAL.

A água estimula a consciência da movimentação das partes do corpo e propicia um meio ideal para a reeducação dos músculos envolvidos (integração sensorial). As propriedades da água dão ao paciente com pouco equilíbrio tempo para reagir quando tendem a cair. As respostas de reequilíbrio permitem a realização do trabalho de propriocepção uma vez que todos os captores (sensoriais) do corpo estão envolvidos neste trabalho.

A imersão leva a percepção de que o corpo está mais leve. Sentida essa sensação os captores que estão presentes na planta do pé, nas articulações, nos músculos, na pele, nos ouvidos e na visão, eles perdem a referência espacial. Ao produzirmos um desequilíbrio no paciente as reações se farão rapidamente para evitar a queda, porém as propriedades físicas da água de viscosidade, fricção, pressão hidrostática, tensão superficial, empuxo e metacentro retardam a queda promovendo assim uma melhoria no equilíbrio, na estabilidade e na consciência corporal.

INTEGRAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA

Na reabilitação aquática, os vários sentidos do corpo são estimulados promovendo uma integração sensório-motora de grande valor terapêutico, principalmente nas lesões de origem nervosa.

Na água, os sentidos do tato, visão e propriocepção são estimulados, pois, a pressão da água exerce uma força sobre os mecanorreceptores da pele -Meissner e Merkel - que vão de maneira superficial ou profunda, estimular o corpúsculo. Os corpúsculos de Krause e Ruffini, localizados também na pele, respondem ao estímulo do frio e calor respectivamente estando controlado pelo hipotálamo anterior e posterior.

          As estimulações destes mecanorreceptores produzem informações sensoriais que vão informar as condições de pressão e temperatura, para que o organismo reaja frente às mudanças ocorridas.

REFORÇO DA MORAL E LIBERDADE DE MOVIMENTO

O ambiente aquático faz com que o paciente relaxe mais, e sinta uma liberdade de movimento, o que ajuda na reabilitação. Os riscos de quedas diminuem e com isso o medo também. Os exercícios de grupos encorajam pacientes e trazem apoio e motivação a todos os participantes do programa.

A hidroterapia pode proporcionar variedade e mesmo algum divertimento ao programa de reabilitação.

O prazer da atividade aquática leva ao indivíduo uma sensação de relaxamento, leveza, liberdade e experimento, tornando as sessões mais agradáveis e proporcionando a interação social.

 Ft. Gutemberg de Castro Freitas Júnior

Pós-graduado em Reabilitação Aquática e Biomecânica

Docente da Universidade Estácio de Sá

Professor de Watsu 1

Instrutor do método Halliwick

Atuação nas técnicas de Jahara, Bad-Ragaz


Autor do livro: A cura pela água: Hidrocinesioterapia. Editora Rio, 2005.