terça-feira, 6 de outubro de 2015

Atuação da Fisioterapia na Fadiga



A fadiga é um fenômeno complexo, composto por uma percepção subjetiva de cansaço, alterações do tecido neuromuscular e dos processos metabólicos, diminuição da performance física, diminuição da motivação e deterioração das atividades físicas e mentais.

As intervenções para a fadiga têm sido sugeridas em dois níveis: o manejo dos sintomas que contribuem para a fadiga e a prevenção da fadiga mantendo o equilíbrio do período de descanso com o de atividade (FERREL BR,2001).

De acordo com FERREL, 2001, a prevalência de fadiga pode chegar a 96% durante a quimioterapia, radioterapia ou após a cirurgia. Para alguns pacientes o déficit de capacidade física é tão severo que limita atividades diárias simples como banho, alimentação e vestuário, o que contribui para a diminuição da independência e da qualidade de vida.

Parte da fadiga após o tratamento decorre da anemia, sendo necessário na fase aguda otimizar o gasto energético, impedir os sangramentos e prover nutrientes como ferro e proteína (DIMEO F et al,1998).

Incidência comum em pacientes acometidos pelo câncer, são alterações nutricionais, caracterizadas por perda de peso, desnutrição e até mesmo caquexia. Isso se deve à diminuição na ingesta de alimentos (dor e disfagia pela mucosite, náuseas, vômitos e perda do apetite pela quimioterapia) associada ao alto gasto energético basal, em decorrência da convergência de nutrientes para as células tumorais.

A desnutrição pode limitar a terapia do fisioterapeuta pois, como o paciente tem um gasto energético elevado e poucas reservas, facilmente fadiga. Essa condição deve ser respeitada por causa da realização de terapias curtas, com um maior enfoque no relaxamento, exercícios metabólicos e mobilização passiva, sempre respeitando os horários das dietas.
A orientação de repouso é necessária em alguns momentos, mas não deve ser mantida durante toda a evolução da patologia, ou a fadiga será perpetuada e agravada em seus sintomas. É importante estabelecer um balanço entre atividade física e conservação de energia (FERREL BR, 2001).

Uma opção de treinamento físico é o exercício aeróbico, como caminhada, corrida, ciclismo e natação. Existe uma relutância por meio de pacientes e profissionais de saúde para a inserção desta modalidade, porém estudos têm demonstrado que o treinamento físico pode ser benéfico para pacientes com câncer.

COURNEYA, 2000, revisou sistematicamente a influência do exercício nos sintomas relacionados ao câncer. Dos ensaios clínicos revisados, os resultados que tiveram melhoras significantes dentre os fatores físicos foram capacidade funcional, força muscular, composição corporal, índices hematológicos, padrões de sono e fadiga, diminuição de dores, náuseas e diarreia.

Entre os sintomas psicológicos os benefícios demonstrados foram satisfação corporal, melhora do humor (diminuição de ansiedade, irritabilidade e depressão) e melhora na qualidade de vida.

Um programa de atividades a ser implementada é a realização de uma atividade a ser escolhida pelo paciente, que seja realizada com satisfação, pelo menos três vezes por semana por 30 minutos.

Além das atividades reconhecidas como exercício (natação, ciclismo, caminhada, etc.), atividades funcionais também podem ser utilizadas, como jardinagem, trato de animais, dança ou outros hobbies, sendo importante a participação de um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional (DIMEO F et al,1998).

As intervenções para a conservação de energia direcionam a escolha individual sobre as atividades do paciente priorizando os objetivos, identificando os recursos disponíveis, distribuindo tarefas para membros da família ou cuidadores e considerando como realizar as tarefas diárias com menor investimento de energia. Para isso a fisioterapia pode ajudar os pacientes a acharem meios diferentes para realizar as atividades diárias (MARCUCCI, 2005).


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