quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Entenda o que é fibromialgia



Atualmente, a fibromialgia é encarada como uma forma de reumatismo, associada à sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo doloroso. “O paciente tem uma alteração na química cerebral, envolvendo neurotransmissores que regulam a sensação de dor e a capacidade de aliviá-la, como a serotonina, a noradrenalina, a substância P e o glutamato.

Por causa desse desequilíbrio, a dor, neles, é amplificada”, diz Heymann. Segundo as estimativas, a doença atinge até 5% da população mundial e é muito mais frequente no sexo feminino, numa proporção que chega a ser de cinco mulheres para um homem.



“Ainda não sabemos por que há tanta diferença entre os dois grupos. Mas uma das explicações é cultural: as mulheres expressam mais a dor, enquanto os homens não se sentem tão à vontade para isso”, diz o reumatologista Daniel Feldman, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Seja como for, as causas do problema ainda estão sendo pesquisadas. Por hora, há evidências de que a carga genética seja um fator capaz de aumentar a predisposição à doença. No entanto, fatores ambientais também têm peso.

“Em geral, há um acontecimento importante, na vida do paciente, que acaba funcionando como um gatilho para disparar os sintomas. Pode ser um trauma emocional ou físico”, afirma Feldman.

O diagnóstico certo

Alguns sinais físicos estão sendo cada vez mais importantes para subsidiar o especialista no momento de fazer o diagnóstico. Embora exames possam ser pedidos pelo médico — como radiografia, tomografia computadorizada etc. — até o momento nenhum deles é capaz de indicar, de forma isolada, a presença de fibromialgia.

“O mais importante é a experiência do profissional que avalia o paciente. Em geral, fazemos a palpação de vários pontos e, se a pessoa se queixar de dor em pelo menos 11 deles, então, teremos dados objetivos para fazer o diagnóstico” explica o reumatologista José Goldenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Para Daniel Feldman, encontrar os pontos dolorosos não é o mais importante. “Basta que o paciente apresente dor difusa, e não localizada, por mais de três meses”, explica. Porém, se há um fator em que os especialistas concordam é sobre a importância de se trabalhar com outros sintomas comuns, como marcadores da doença.

E, com a ajuda dos médicos ouvidos nesta matéria, chegamos aos sete sinais mais frequentes da síndrome. Conheça-os a seguir:

Cansaço físico

Trata-se de uma fadiga inexplicável, que não é justificada pela execução de uma atividade física extenuante. Outro detalhe: em geral, a pessoa já acorda se sentindo cansada. “Presumimos que o cansaço seja o resultado da condição estressante a que está submetida essa pessoa, por causa da dor crônica de que sofre”, diz José Carlos Mansur Szajubok, o reumatologista do Hospital Servidor Público Estadual.

Distúrbios do sono

Quem sofre de fibromialgia, em geral, dorme mal. Pode apresentar insônia, intercalando períodos de descanso e vigília — despertando ao menor estímulo — ou ainda dormir a noite toda, porém, sentindo que o repouso não foi restaurador. “Esse quadro colabora para o aparecimento da fadiga e da sonolência diurna, queixa comum dos pacientes”, explica Szajubok.

Ansiedade e Depressão

Com consequência das dores crônicas, de um cansaço constante e de noites mal dormidas, as alterações de humor entre os pacientes não deveria surpreender. Mas a verdade é que ter um transtorno de ansiedade ou depressão associado à doença só agrava os sintomas. “A pessoa pode ficar sem motivação até para se levantar e, sem praticar exercício físico, as dores tendem a piorar”, diz Roberto Heymann. A baixa disponibilidade de serotonina no corpo também explica esses sintomas. Afinal, o neurotransmissor nos proporciona bem-estar.

Problemas de digestão

É muito comum que os pacientes apresentem sinais da síndrome do cólon irritável, relatando prisão de ventre (constipação) ou diarreia frequente ou mesmo os dois sintomas ao mesmo tempo. “Também é normal se queixarem de dores abdominais e dificuldades de digestão”, diz José Goldenberg. A relação entre uma síndrome e outra ainda não foi estabelecida. “A hipótese é de que o trato gastrointestinal das pessoas com fibromialgia seja mais sensível e mais propenso à irritação”, diz Heymann.

Dificuldade de memorizar

Sabemos que boa parte da fixação dos conhecimentos diários acontece durante o sono. E, como não dormem bem, os pacientes com fibromialgia podem ter mais dificuldade de guardar informações. Da mesma forma, manter a concentração durante o dia, para captar novos dados, também não é tarefa das mais simples para essas pessoas, cujo repouso não é capaz de recarregar as baterias.

Cefaleia

Variam de um simples desconforto a uma dor intensa, que acomete os pacientes de forma crônica. A tensão a que estão expostas essas pessoas poderia explicar a dor de cabeça. Mas há, ainda, outro problema que costuma ser relacionado ao sintoma. “É comum que as pessoas com fibromialgia tenham disfunção da articulação temporomandibular, o que causaria a dor de cabeça”, explica Goldenberg.

Rigidez no corpo

Muitas pessoas relatam o problema, normalmente depois de acordar ou de passar muito tempo sentadas. “Essa é uma característica de quem sofre de tensão constante e dorme mal. Além disso, como os pacientes sentem dor e estão frequentemente indispostos, acabam abrindo mão da atividade física. E, assim, perdem a flexibilidade. O desconforto se agrava com o sedentarismo”, diz Heymann.


Nenhum comentário:

Postar um comentário