segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Reumatismo em crianças


A maioria das pessoas pensa que as doenças reumáticas são exclusivas da população adulta. De fato, muitas das condições ditas "reumáticas" são associadas a doenças degenerativas, como o desgaste de cartilagens, o enfraquecimento muscular e a perda de massa óssea. No entanto, existe um número grande de reumatismos que também pode afetar a população infantil. Essas doenças geram nas crianças sintomas semelhantes aos que afetam os adultos, como dor e rigidez nas articulações e algumas delas podem levar a dano e limitação permanentes comprometendo o futuro do pequeno paciente.

Acredita-se que cerca de 25% das doenças reumáticas, em geral ocorram em menores que 16 anos de idade nos países desenvolvidos e estima-se que este percentual seja ainda maior nos países do 3º mundo como o nosso, devido a grande associação com baixo nível sócio-econômico de algumas patologias. No Brasil, assim como em outros países subdesenvolvidos, a Febre Reumática (FR) é a doença reumatológica mais frequente seguida da Artrite Reumatoide Juvenil (ARJ). Outras patologias inflamatórias como o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), a Dermatopolimiosite (DMP), a Esclerodermia (ESP), as vasculites, etc., são também causas importantes de visitas ao reumatologista pediátrico, lembrando ainda das doenças não inflamatórias, como a "Dor de Crescimento", a Fibromialgia, e a Síndrome da Hipermobilidade. Além disto, não é raro o reumatologista pediátrico ser chamado para opinar em doenças não reumatológicas, como leucemias, anemias, problemas de tiróide, que comumente também afetam o sistema músculo-esquelético.

De uma hora para a outra, a criança cai repetidamente, tropeça ou caminha com dificuldade deixando de fazer atividades rotineiras e comuns como correr ou jogar bola. Ou então sente algum tipo de dor que pode ser constante e não melhora com analgésicos, até mesmo em repouso e incomodando o sono à noite. Isso pode ser sinal de algum problema reumatológico, inflamação nas juntas causada por fatores diversos, como má postura e infecções na garganta além de predisposição genética. Se não for tratado adequadamente, o mal pode provocar deformidades articulares e até invalidez. Desta forma, na presença de queixas deste tipo, recomenda-se ir ao pediatra o mais rápido possível, evitando adiar a consulta e havendo necessidade, este encaminhará a criança para nós especialistas em reumatologia pediátrica. Deve-se evitar o uso de medicamentos por conta própria ou "simpatias" e remédios caseiros. É importante ressaltar que a cada 100 crianças, duas vão a consultas médicas devido a queixas reumatológicas. Muitas vezes, a doença demora a ser identificada e a criança passa por no mínimo quatro especialistas diferentes o que pode atrasar o diagnóstico por cerca de até um ano. A depender da causa, o tratamento requer o uso de antiinflamatórios, antibióticos, e drogas para prevenir a progressão da doença, além de fisioterapia e até mesmo psicoterapia.

Portanto a avaliação do especialista é indispensável já que há potencial para que estas doenças deixem sequelas permanentes, mas se forem precocemente bem tratadas, possibilita-se à criança uma vida praticamente normal. Assim, a divulgação destes conhecimentos para a população e os profissionais de saúde, facilitam o acesso dos pacientes ao atendimento especializado. Isto por que a detecção e tratamento precoce desses problemas possibilitam a prevenção de danos permanentes e uma vida integrada para a criança.

Ao contrário da crença popular, a artrite acomete crianças e adolescentes. A artrite reumatóide juvenil é uma doença relativamente rara, mas é apenas uma das centenas de tipos de artrites que podem afetar crianças, e a mais comum - é, de fato, duas vezes mais comum que o diabetes, ocorrendo na proporção de 3 meninas para cada menino afetado. A doença acomete qualquer raça e qualquer idade antes dos 16 anos, mas os picos de maior incidência estão entre 1 a 5 e de 10 a 14 anos de idade.

Na Inglaterra a incidência varia de 0.06% a 0.1% e nos Estados Unidos de 0.01% a 0.11% da população infantil até 16 anos. Seis a oito casos novos para uma população de 100.000 crianças abaixo de 16 anos aparecem anualmente na Finlândia. Além das juntas, a Artrite Reumatoide Juvenil pode afetar outras partes do corpo como coração, olhos, músculos, tendões, fígado e pele. É uma doença que pode durar anos, com períodos eventuais de remissão e atividade, quando o paciente tem dores e febre. Não é fatal, mas sem tratamento adequado pode causar complicações para a vida da criança como deixar de utilizar normalmente um membro do corpo como um braço ou uma perna, ou ainda deixar de andar e tornar-se totalmente dependente da família. No entanto, quando tratada de forma adequada a maior parte das crianças afetadas tem uma vida independente e de boa qualidade.

Toda criança com inchaço ou dificuldade de movimentar alguma articulação ou que tenha febre prolongada sem causa evidente, deve procurar o médico.
Uso correto das medicações prescritas e atividade física é necessário para manter a função articular.

A ajuda e o amor dos pais, amigos e da escola são os apoios essenciais para que se sinta segura e capaz de superar a doença e as limitações por ela atribuídas.

Fonte: Site Hospital Sirio Libanes

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