segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Passos da Reabilitação Esportiva


A reabilitação é um programa dinâmico de exercícios, utilizado para prevenir ou reverter os efeitos deletérios da inatividade pós-lesão enquanto o indivíduo recupera seu nível precedente de competição.

A reabilitação esportiva se diferencia da reabilitação convencional, pois ela combina o exercício e as modalidades terapêuticas com a finalidade de restaurar o atleta ao seu nível normal de atividade, e até mesmo levá-lo a um nível de condicionamento maior do que o nível que este possuía antes de sofrer a lesão. Para que isso aconteça é importante levar em conta a força muscular, potência, flexibilidade e resistência, assim como equilíbrio e propriocepção. Cada programa de reabilitação deve ser individualizado de forma a atender as necessidades especiais de cada atleta, mas sempre deve seguir alguns passos para que o atleta retorne plenamente a sua prática esportiva.

Em qualquer tipo de lesão ocorrem eventos fisiológicos específicos em resposta do traumatismo. Cabe ao terapeuta reduzir a gravidade desses efeitos, otimizar a cicatrização e devolver o atleta à competição o mais rápido possível. Para isso, o terapeuta e o atleta deverão elaborar em conjunto os objetivos a curto e longo prazo baseados na lesão sofrida pelo atleta ou no procedimento cirúrgico realizado. Os objetivos gerais de todo programa de reabilitação incluem:

- Redução da dor
- Redução da resposta inflamatória
- Retorno ADM ativa completa e sem dor                                                            
- Redução do edema
- Recuperação da força, potência e resistência muscular
- Retorno às atividades funcionais assintomáticas (ao nível pré-lesão)

Os fatores mais importantes a serem levados em consideração ao elaborar esse tipo de programa são as exigências fisiológicas para que ocorra a cicatrização. É importante saber que essa cicatrização é afetada por idade, saúde e estado nutricional do atleta e pela extensão da lesão (tendões, músculos, ligamentos, etc.). Ao ter em mente essas exigências é necessário iniciar com o tratamento.

Inicialmente devemos controlar a dor e a tumefação.  No tratamento da dor é necessário primeiramente classificar se trata-se de uma dor aguda ou crônica. A dor aguda é tipicamente de curta duração e está associada a uma lesão ou cirurgia. Já a dor crônica está presente por um longo período, recidiva com frequência e sem finalidade. É uma dor que pode persistir por muito tempo depois que a lesão original já cicatrizou, como resultado da alteração na biomecânica ou na resposta de defesa do organismo. O controle da tumefação também é muito importante, pois pode estar comprimindo terminações nervosas sensoriais e contribuir para o aumento ou permanência da dor. Na fase aguda da lesão devem ser usados gelo, compressão e elevação do local afetado, a fim de prevenir a lesão hipóxica secundária e controlar então o edema e hemorragia. Além dessa técnica também podemos fazer uso da estimulação elétrica associada a contrações musculares isométricas voluntárias para o combate ao edema.

Uma vez a dor e o edema controlados é necessário dar início aos exercícios de fortalecimento muscular. Esses exercícios podem ser feitos em cadeia cinética aberta (CCA) e/ou em cadeia cinética fechada (CCF). Os exercícios em CCA se caracterizam pelo segmento distal que termina livremente no espaço, ao passo que na CCF o segmento distal da articulação encontra-se fixo e suporta uma considerável resistência externa. Os exercícios em CCA são importantes em fases iniciais de tratamento, porém os exercícios em CCF são mais vantajosos, pois diminuem as forças de cisalhamento presentes na articulação, estimulam proprioceptores, aprimoram a estabilidade articular, toleram padrões de movimentos mais funcionais e possuem uma maior especificidade para atividades esportivas. Existem vários tipos de exercício que podem ser utilizados em um programa de reabilitação, dentre eles:

- Exercício Estático: contrações isométricas nas quais a força é gerada sem restringir o movimento e sem modificar o ângulo articular. O exercício isométrico é o método menos eficaz de se aumentar a força, pois os aumentos de força são limitados ao ângulo articular no qual ocorreu a contração. Porém, nas fases iniciais do tratamento, esse poderá ser o único tipo de exercício permitido.

- Exercício Passivo: ajudam a restaurar os movimentos articulares fisiológicos e acessórios. Esse exercício é realizado pela aplicação de alguma força externa e com mínima contração. Os movimentos fisiológicos podem ser realizados pelo terapeuta ou por algum dispositivo mecânico  (exemplo do CPM para ganho de flexão joelho) e os movimentos acessórios podem ser restaurados por meio de mobilizações ou manipulações articulares. É importante ressaltar que para que haja um movimento fisiológico é necessário que ocorra o movimento acessório, tais como rotações, deslizamentos e rolamentos

- Exercício Ativo: movimento voluntário intencional realizado pelo atleta, com ou sem resistência. Pode ser assistido (com ajuda do terapeuta ou de algum objeto) ou resistido.

- Contração concêntrica e excêntrica:

* Concêntrica – onde ocorre encurtamento das fibras musculares e redução do ângulo da articulação.

* Excêntrica – onde o músculo resiste ao seu proprio alongamento, de forma que o ângulo articular aumenta durante a contração;

O exercício excêntrico é considerado mais funcional que o concêntrico, porém está associado à produção de dor muscular de inicio tardio. Por isso é importante que ele seja realizado com progressão gradual.

- Exercício Dinâmico:

* Isotônico – comprimento real do músculo se modifica quando este produz ou resiste a uma mudança do ângulo articular. No exercício isotônico, a resitência permanece contante.

* Pliométrico – treinamentos ou exercícios destinados a unir força e velocidade do movimento, de forma a produzir resposta muscular explosiva e reativa.

Durante o trabalho de fortalecimento muscular também se dá inicio ao treino sensório motor ou propriocepção. O reparo dos elementos estáticos ou dinâmicos de contenção e fortalecimento dos músculos não preparam uma articulação para modificações bruscas de direção a que estão submetidas as articulações durante a prática esportiva, já o treino sensório motor trabalha com os receptores articulares que estão localizados dentro da cápsula articular, ligamentos e em todas as estruturas intra articulares do corpo.

Uma vez a força muscular e o treino sensório motor bem trabalhados, o atleta evolui com treinos pliométricos e funcionais, para então retornar ao esporte. A pliometria consiste em conjuntos de exercícios destinados a unir força e velocidade para produzir uma resposta muscular explosiva e para realçar a excitabilidade dos receptores neurológicos. O exercício pliométrico possui 3 fases e é realizado por meio de saltos sobre caixas ou em profundidade.

- Fase excêntrica: período de pré-carga. O fuso muscular encontra-se pré alongado.
- Fase de amortização:  fase entre a contração excêntrica e inicio da força concêntrica. 
- Fase concêntrica

A pliometria será contra indicada em casos de cirurgia recente, instabilidade articular excessiva, dor e déficit de força e controle muscular.

O treino funcional ajuda o atleta apreensivo a se adaptar gradualmente as demandas inerentes ao esporte, já que cada estágio da reabilitação tem como alicerce os estágios precedentes. Isso garante o retorno da destreza física e dá confiança ao atleta com relação a sua capacidade de realizar o gesto esportivo sem qualquer sintoma. As atividades funcionais devem ser realizadas em combinação com o programa de reabilitação e não como um substituto para tal.

O desempenho criterioso baseado em mensurações objetivas e testes de atividade funcional sem qualquer dor ou derrame indica que o atleta está pronto para voltar a praticar plenamente sua atividade esportiva. A eficácia da reabilitação no período de recuperação, tanto após uma cirurgia quanto após um traumatismo, geralmente determina o grau e o sucesso da futura competição atlética!


Fonte: Spalla

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