segunda-feira, 5 de março de 2012

Distúrbios respiratórios do sono aumentam chances de problemas comportamentais em crianças


Pesquisa feita com milhares de participantes mostrou que roncar, respirar pela boca e apresentar apneia do sono aumentam risco do aparecimento de dificuldades emocionais e de relacionamento infantil



Um estudo feito com mais de 11.000 crianças concluiu que aquelas que sofrem de distúrbios respiratórios durante o sono têm maiores chances de desenvolver problemas de comportamento e emocionais, além de dificuldades de relacionamento. A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Medicina Albert Einstein da Universidade Yeshiva, nos Estados Unidos, e publicada nesta segunda-feira no periódico Pediatrics. Segundo os autores do estudo, essa é a maior evidência que foi mostrada até hoje sobre como o ronco, a respiração oral e a apneia (paradas frequentes de respiração durante o sono) podem ter consequências comportamentais sérias nos jovens.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Sleep-Disordered Breathing in a Population-Based Cohort: Behavioral Outcomes at 4 and 7 Years


Onde foi divulgada: periódico Pediatrics


Quem fez: Karen Bonuck, Katherine Freeman, Ronald D. Chervin e Linzhi Xu


Instituição: Faculdade de Medicina Albert Einstein da Universidade Yeshiva, Estados Unidos


Dados de amostragem: mais de 11.000 crianças de seis meses a 7 anos de idade

Resultado: Crianças que têm distúrbios respiratórios do sono possuem de 40% a 100%, dependendo da idade e da persistência dos sintoma, mais chances de sofrerem com problemas comportamentais e emocionais após os sete anos

De acordo com a pesquisa, os distúrbios respiratórios do sono são mais intensos em crianças de dois a seis anos de idade, mas também atingem os mais novos. Dados da Academia Americana de Otorrinolaringologia mostram que uma em cada dez crianças ronca regularmente e de 2% a 4% têm apneia do sono. As causas mais frequentes para o problema, segundo a Academia, são o aumento das amídalas e a adenoide.

A pesquisa — No estudo, os pesquisadores buscaram relacionar os distúrbios respiratórios do sono com problemas de comportamento e emocionais, como hiperatividade, agressividade, dificuldades de relacionamento, ansiedade e depressão. Para isso, foram analisadas mais de 11.000 crianças que estavam matriculadas no Estudo Longitudinal da Avon de Pais e Filhos, um projeto desenvolvido no Reino Unido. Os pais desses jovens responderam a questionários sobre os sintomas de distúrbios respiratórios do sono e sobre problemas emocionais e comportamentais demonstrados por seus filhos em diferentes fases da vida entre os seis meses e os sete anos de idade.

Os resultados revelaram que as crianças que tinham distúrbios respiratórios do sono têm de 40% a 100%, dependendo da gravidade e da duração do problema, mais chances de desenvolverem problemas comportamentais após os sete anos de idade do que aquelas que nunca tiveram problemas de respiração. Entre os jovens cujo distúrbio foi mais intenso aos seis meses de idade, esse aumento de risco foi de 40%. Em relação aos jovens que tinham o problema mais grave aos 18 meses de idade, esse número foi de 50%. As crianças que demonstraram, aos sete anos, os problemas de comportamento mais graves foram aquelas cujo distúrbio respiratório persistiu durante toda a avaliação, mas que foi mais intenso aos cinco anos de idade.

“Até agora, embora estudos anteriores já tivessem demonstrado isso, não havia forte indício de que distúrbios de respiração durante o sono de fato precediam problemas comportamentais. Nossos resultados se baseiam em um grupo com um grande número de crianças e em controle de variáveis e sugerem claramente que os distúrbios aumentam as chances de problemas comportamentais nas crianças”, afirma Ronald Chervin, um dos autores do estudo.

Explicação — Os pesquisadores acreditam que os distúrbios respiratórios do sono possam afetar o cérebro de várias maneiras. Por exemplo, a má respiração é capaz de diminuir a quantidade de oxigênio e aumentar o dióxido de carbono no sangue e no cérebro, interferindo no equilíbrio químico e celular do órgão, o que pode resultar em problemas de atenção, planejamento e organização. “Por isso, pais e pediatras devem igualmente prestar mais atenção aos distúrbios de respiração das crianças durante o sono antes mesmo do primeiro ano de vida delas”, afirma a coordenadora do estudo, Karen Bonuck.

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