Seating
Essa atitude prevaleceu por muitos anos, e assim apenas
recentemente têm estado disponível cadeira de rodas que proporcionam a máxima
função para atender aos vários graus de necessidade do usuário (KOTTKE, 1994).
Uma cadeira de rodas bem prescrita objetiva aumentar
mobilidade, autonomia, conforto e segurança, porém uma cadeira de rodas sem
adaptações acarreta em danos ao paciente, podendo levar a uma postura
inadequada com possíveis contraturas e deformidades; prejudicar funções básicas
como respiração, nutrição pela dificuldade de deglutição; alteração no sistema
circulatório dificultando o retorno venoso; surgimento de dores e assim
refletir diretamente nos aspectos psicossociais alterando a qualidade de vida
do paciente.
Em virtude das necessidades dos usuários de cadeira de rodas
é que surgiu um ramo da ciência voltado para essa problemática afim de melhorar
a qualidade de vida do portador de incapacidades. Esse ramo da ciência é
chamado de Tecnologia Assistiva que é definido como qualquer item de
equipamento como peças ou produtos adquiridos comercialmente e feitos sob medida
(MELLO, 1995).
Seating significa adequação postural ao usuário de cadeira
de rodas, sendo um ramo de atuação da Tecnologia Assistiva.
O método de adequação postural possui objetivos fundamentais
que visam melhor independência e participação social do usuário, sendo eles:
conforto, alívio de pressão, aumento da função básica humana, suporte corporal,
alterações e reajustes (MELLO, 1995).
POSTURA SENTADA
A posição anatômica é usada como referência para descrever
localizações e movimentos do corpo humano. Considerando a posição bípede, a
posição anatômica é representada pelo indivíduo de pé com cabeça voltada para
frente, braços paralelos ao corpo e estendidos; mãos posicionadas com a palma
voltada para frente; pernas estendidas, alinhadas com o corpo e pés
ligeiramente separados paralelos um ao outro (MELLO, 1995).
Segundo Mello(1995) e O’Sullivan (1993) a posição anatômica
na postura sentada normalmente é referida como a postura 90-90-90 apresentando:
cabeça voltada para frente, braços paralelos ao tronco com 90˚ de flexão de
cotovelo, mãos em pronação, pernas flexionadas em 90˚ de quadril, 90˚ de joelho
e 90˚ de tornozelo, pés paralelos entre si, pelve perpendicular, nivelada ou
levemente inclinada para frente, costas moldadas de acordo com as curvaturas
normais do indivíduo. Porém, segundo Schmeler (2003) a postura 90-90-90 é um
pensamento antigo que consome energia demasiada e, além disso, deve-se levar em
consideração os parâmetros individuais de função, conforto e estabilidade.
De acordo com O’Sullivan (1993) o alinhamento corporal
baseia-se na manutenção da angulação de 90˚ para joelho e tornozelo.
Entretanto, Teixeira (2003) afirma que a verificação da postura sentada normal
inicia-se pela pelve, seguindo-se pelos membros inferiores, tronco, cabeça,
pescoço e por último os membros superiores. Burns(1999) ressalta que a pelve é
o ponto chave na posição sentada sendo que esta deve estar na linha mediana
evitando rotação e inclinação, acompanhada de distribuição eqüitativa de peso
sobre as tuberosidades isquiáticas constituindo assim uma base onde podem
ocorrer movimentos de cabeça, tronco e membros.
A pelve é a estrutura responsável pelo suporte corporal, por
esse motivo à estabilidade pélvica fornece o controle de tronco e melhor
desempenho funcional dos membros superiores. Para um bom alinhamento pélvico é
necessário a manutenção de sua amplitude articular passiva, deste modo a pelve
deve estar centralizada, nivelada e em posição neutra o que é observado pelo
alinhamento das cristas ilíacas (TEIXEIRA, 2003).
Nos membros inferiores recomenda-se uma flexão do quadril
num ângulo variante entre 90˚-100˚ juntamente com flexão de joelho entre 90˚-
105˚ e posição neutra dos pés em 90˚(Op.cit). A flexão, abdução e rotação
externa das coxas aumentam a estabilidade da pelve na posição sentada.
O tronco deve estar ereto e centralizado, sendo que seu
posicionamento e alinhamento dependem da estabilidade da pelve. Se esta estiver
nivelada haverá uma distribuição de peso igual entre as tuberosidades
isquiáticas favorecendo a simetria do tronco. Essa simetria de tronco é obtida
pela manutenção das curvas vertebrais fisiológicas, tais como: lordose lombar
com cinco vértebras gerando uma curva convexa anterior ; cifose torácica com
doze vértebras formando uma curva côncava à anterior, e lordose cervical com
sete vértebras resultando numa curva convexa para anterior. A cabeça e o
pescoço devem estar eretos e em linha média o que depende do alinhamento
pélvico e da integridade da musculatura cervical (Op.cit).
O alinhamento dos membros superiores vai estar na
dependência da estabilidade e simetria do tronco e cintura escapular, sendo que
os cotovelos devem ser mantidos a 90˚ de flexão (Op.cit).
Todas as posturas articulares citadas acima visam alcançar o
sentar correto que tem como objetivos: prevenir complicações, manter capacidade
vital, reduzir tensão, melhorar conforto, dar estabilidade, aumentar
resistência e tolerância (SCHMELER, 2003).
Por muito tempo o sentar foi considerado um ato estático,
mas estudos recentes verificaram que este é um ato dinâmico, devido à
necessidade corpórea de promover variação na distribuição de peso. Estudos
também comprovam que posturas estáticas assumidas exigem trabalho excessivo dos
músculos tônicos sendo altamente fatigantes e, além disso, podem interferir nas
curvaturas da coluna dependendo da posição adquirida devido a alterações do
centro de gravidade, o que gera assimetria postural causando alteração na
distribuição de pressão (GRAM, 199).
A distribuição de peso sobre a superfície está relacionada
ao tempo de permanência e a quantidade de pressão fornecida. Segundo
Mello(1995) e pesquisas de Teixeira(2003), o tempo de permanência é o fator
determinante na indução de úlceras de pressão.
ADEQUAÇÃO POSTURAL
Indivíduos com incapacidades graves que não podem andar ou até
mesmo sentar sozinhos, podem passar a vida deitados ou sendo carregados, por
esse motivo os profissionais lançam mão do uso da cadeira de rodas. Para
muitos, a cadeira de rodas é um estigma de incapacidade e dependência, porém a
liberdade de ir e vir está diretamente relacionada à melhor qualidade de vida e
maior independência.
O mau posicionamento na cadeira de rodas pode levar o
indivíduo a ter problemas como: rigidez, contraturas, deformidades, restrição
do movimento, úlceras de pressão além de comprometer o desenvolvimento
emocional e intelectual (RATLIFFE, 2000).
O bom posicionamento do indivíduo na cadeira de rodas
aumenta a mobilidade, autonomia, conforto e segurança levando a uma melhoria na
postura sentada favorecendo funções básicas como respiração, nutrição e fluxo
sangüíneo, previne dores e, além disso, melhora a sociabilidade (BURNS, 1999).
O sucesso na prescrição da cadeira de rodas depende de
vários fatores como: expectativa do usuário, adequação do ambiente tanto físico
como social e da cooperação da família.
TECNOLOGIA ASSISTIVA
Avanços tecnológicos são frutos freqüentes da combinação de
várias áreas científicas como a indústria eletrônica, ciência da saúde,
educação e programas aeroespaciais. O desenvolvimento comercial e militar criaram
novos materiais úteis para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de aparelhos de
locomoção, fazendo com que a biotecnologia cresça cada vez mais gerando
aparelhos inacreditáveis em prol dos indivíduos portadores da incapacidades
(Op. cit.).
A Tecnologia Assistiva é denominada como qualquer item,
ferramenta, peças de equipamentos ou sistema de produtos, que são adquiridos
comercialmente, modificados ou feitos sob medida, sendo utilizado para
aumentar, manter ou melhorar as habilidades funcionais do indivíduo portador de
incapacidades. Nesta definição estão inclusos aparelhos de adaptação simples
até equipamentos refinados de alta tecnologia, como por exemplo: cadeira de
rodas motorizadas, computadorizadas ou unidades eletrônicas de controle de meio
ambiente (Op. cit.).
Enfim, o objetivo comum da Tecnologia Assistiva é
proporcionar o maior grau de independência para portadores de incapacidades nos
aspectos cognitivos, acadêmicos, profissionais e vocacionais, oferecendo assim
uma melhor qualidade de vida (Op. cit.).
COMPONENTES DA CADEIRA DE RODAS
Os componentes da cadeira de rodas devem objetivar conforto
e manutenção da postura, para isso os elementos que compõe a cadeira de rodas
não devem ser eleitos de forma aleatória, pois se assim for esse meio de
locomoção se converte em uma trava à autonomia, incômodo ao usuário,
prejudicando sua independência e interação com o meio.
Para o processo de adaptação da cadeira de rodas pode ser
necessário a utilização de alguns equipamentos como: cinto de segurança, apoio
dos pés, abdutor de membros inferiores, encosto, mesa de apoio, apoios laterais
para tronco, apoio de cabeça , bloqueadores de joelhos, protetor sacral entre
outros (MULCAHY, 1988).
Atualmente há no mercado um sistema de adequação
digitalizado chamado CAD-CAM que confecciona assento, encosto, apoio para
tronco, cabeça e outros utensílios por um processo computadorizado. Para isso o
paciente é colocado num simulador com almofadas que moldam o seu assento e o
encosto. Após essa moldagem a almofada passa por um processo de digitalização
para se fazer a usinagem da espuma que irá reproduzir a superfície original do
sistema CAD-CAM. Feito o molde, o paciente passa por várias provas até alcançar
uma cadeira corretamente adaptada às suas necessidades (MANUAL AACD).
PROTOCOLO
Para uma adaptação ideal da cadeira de rodas ao usuário é
necessário a utilização do protocolo de avaliação fisioterapêutico e
conseqüente análise e interpretação do mesmo (MELLO, 1995).
Durante avaliação fisioterapêutica deve – se observar:
habilidades funcionais do paciente, presença de contraturas ou deformidades
fixas ou em potencial, medidas do paciente e sua cadeira de rodas (MULCAHY,
1998). Para O’Sullivan (1993) é necessário ainda uma avaliação da função
cardiopulmonar, estado da pele, tipo de tônus e fala.
Após criteriosa avaliação através de protocolo, inicia – se
o processo de prescrição e adaptação da cadeira de rodas, sendo estes
documentados por fotos do antes e depois da adequação. Em seguida, faz –se
necessário a realização de treinamento com o usuário afim de verificar sua
adaptação às alterações da cadeira de rodas, sendo também imprescindível
fornecer orientações à família para orientar o acesso do usuário em sua
residência (MELLO, 2003).
”Esse serviço foi fruto do nosso trabalho de graduação que
devido a boa repercussão está sendo executado com grande aceitação. Estamos
recebendo o apoio da Clínica Nuti(Aracaju-SE) onde começamos a desenvolver o
trabalho com crianças.”
Fts: Ely Rosane V. Ribeiro e Mª Aparecida B. Cerqueira
Fonte: Portal da Fisioterapia
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