A fadiga é um fenômeno complexo, composto por uma percepção
subjetiva de cansaço, alterações do tecido neuromuscular e dos processos
metabólicos, diminuição da performance física, diminuição da motivação e
deterioração das atividades físicas e mentais.
As intervenções para a fadiga têm sido sugeridas em dois
níveis: o manejo dos sintomas que contribuem para a fadiga e a prevenção da
fadiga mantendo o equilíbrio do período de descanso com o de atividade (FERREL
BR,2001).
De acordo com FERREL, 2001, a prevalência de fadiga pode
chegar a 96% durante a quimioterapia, radioterapia ou após a cirurgia. Para
alguns pacientes o déficit de capacidade física é tão severo que limita
atividades diárias simples como banho, alimentação e vestuário, o que contribui
para a diminuição da independência e da qualidade de vida.
Parte da fadiga após o tratamento decorre da anemia, sendo
necessário na fase aguda otimizar o gasto energético, impedir os sangramentos e
prover nutrientes como ferro e proteína (DIMEO F et al,1998).
Incidência comum em pacientes acometidos pelo câncer, são
alterações nutricionais, caracterizadas por perda de peso, desnutrição e até
mesmo caquexia. Isso se deve à diminuição na ingesta de alimentos (dor e
disfagia pela mucosite, náuseas, vômitos e perda do apetite pela quimioterapia)
associada ao alto gasto energético basal, em decorrência da convergência de
nutrientes para as células tumorais.
A desnutrição pode limitar a terapia do fisioterapeuta pois,
como o paciente tem um gasto energético elevado e poucas reservas, facilmente
fadiga. Essa condição deve ser respeitada por causa da realização de terapias
curtas, com um maior enfoque no relaxamento, exercícios metabólicos e
mobilização passiva, sempre respeitando os horários das dietas.
A orientação de repouso é necessária em alguns momentos, mas
não deve ser mantida durante toda a evolução da patologia, ou a fadiga será
perpetuada e agravada em seus sintomas. É importante estabelecer um balanço
entre atividade física e conservação de energia (FERREL BR, 2001).
Uma opção de treinamento físico é o exercício aeróbico, como
caminhada, corrida, ciclismo e natação. Existe uma relutância por meio de
pacientes e profissionais de saúde para a inserção desta modalidade, porém
estudos têm demonstrado que o treinamento físico pode ser benéfico para
pacientes com câncer.
COURNEYA, 2000, revisou sistematicamente a influência do
exercício nos sintomas relacionados ao câncer. Dos ensaios clínicos revisados,
os resultados que tiveram melhoras significantes dentre os fatores físicos
foram capacidade funcional, força muscular, composição corporal, índices
hematológicos, padrões de sono e fadiga, diminuição de dores, náuseas e
diarreia.
Entre os sintomas psicológicos os benefícios demonstrados
foram satisfação corporal, melhora do humor (diminuição de ansiedade,
irritabilidade e depressão) e melhora na qualidade de vida.
Um programa de atividades a ser implementada é a realização
de uma atividade a ser escolhida pelo paciente, que seja realizada com
satisfação, pelo menos três vezes por semana por 30 minutos.
Além das atividades reconhecidas como exercício (natação,
ciclismo, caminhada, etc.), atividades funcionais também podem ser utilizadas,
como jardinagem, trato de animais, dança ou outros hobbies, sendo importante a
participação de um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional (DIMEO F et
al,1998).
As intervenções para a conservação de energia direcionam a
escolha individual sobre as atividades do paciente priorizando os objetivos,
identificando os recursos disponíveis, distribuindo tarefas para membros da
família ou cuidadores e considerando como realizar as tarefas diárias com menor
investimento de energia. Para isso a fisioterapia pode ajudar os pacientes a
acharem meios diferentes para realizar as atividades diárias (MARCUCCI, 2005).
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO
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