terça-feira, 20 de outubro de 2015

A fisioterapia na saúde da mulher: uma ênfase no câncer de mama e suas complicações



O câncer de mama é uma das neoplasias que mais acometem as mulheres e representa segundo tipo de câncer mais frequente no mundo.A atividade física de maneira regular, prescrita corretamente está relacionada à redução dos riscos de câncer em até 30%, além de ser um efetivo mecanismo no controle de peso. Nos casos de diagnóstico, estudos apontam o exercício físico como uma forma alternativa na preservação das funções fisiológicas e metabólicas, principalmente na preparação física e psicológica do indivíduo a enfrentar o tratamento.

Nos últimos 20 anos, as técnicas de tratamento do câncer de mama sofreram significativas mudanças, as cirurgias são menos radicais e a terapêutica complementar – radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia procuram estabelecer uma relação adequada e equilibrada entre dosagem e efeitos secundários, assim como dosagem e eficácia de tratamento. A remoção do tumor e dos tecidos adjacentes constitui uma das etapas mais importantes no tratamento do câncer de mama.
A indicação de diferentes tipos de cirurgia depende do estadiamento clínico e do tipo histológico do tumor, podendo ser conservadora, ressecção de um segmento da mama, (com retirada dos gânglios axilares ou linfonodo sentinela) e ainda a não-conservadora, denominada de mastectomia. Observa-se que independente da abordagem cirúrgica utilizada para retirada do tumor, as inúmeras complicações decorrentes do tratamento para o câncer da mama são dolorosas, incapacitantes, desagradáveis e perturbam a recuperação das mesmas, sendo inquestionáveis as influências dessas sobre a capacidade funcional.

As complicações pós-cirúrgicas, de um modo geral, podem estar presentes em todas as fases do tratamento de câncer da mama, as mais comuns são: aumento do tamanho do diâmetro do membro; tensão da pele e risco de colapso e infecção da pele; rigidez e diminuição da amplitude de movimento, nomeadamente nos dedos, punho e cotovelo; distúrbios sensoriais na mão e uso reduzido do membro superior nas atividades funcionais. A necessidade de movimentação precoce no membro com exercícios realizados com orientações de fisioterapeutas será decisiva na reabilitação dos movimentos destas mulheres, e principalmente diminuirá as possíveis complicações, reinserindo-as de forma mais rápida as suas atividades de vida diária.

Sabe-se que a fisioterapia no cuidado a mulher com câncer de mama é de fundamental importância, envolvendo desde a prevenção(quando devemos orientá-las quanto ao auto-exame, a realização de mamografias periódicas), no pré-operatório (quando devemos esclarecer como deverá ser a postura adotada), o empenho necessário durante a reabilitação e os cuidados necessários e no pós operatório (quando atuamos na reabilitação propriamente dita).

A literatura divide a atuação do fisioterapeuta em três momentos, no pré-operatório e no pós-operatório imediato e tardio.

O cuidar fisioterapêutico, inicia-se no pré-operatório e deve identificar fatores que possam contribuir para o aparecimento de futuras complicações decorrentes da cirurgia a ser realizada. O fisioterapeuta, nesta etapa, deverá realizar um estudo sobre todo o histórico clínico da paciente visando obter uma maior compreensão do quadro. Essa avaliação detalhada deverá ser realizada observando o estado geral, os sinais vitais, a função cardiopulmonar, a funcionalidade, a amplitude de movimento dos ombros e da cintura escapular, a força muscular dos membros superiores, a perimetria e volumetria dos membros superiores e a postura.

Já no pós-operatório imediato o tratamento recomendado vão desde as orientações aos cuidados nas execuções das atividades de vida diária, até exercícios e terapia de apoio. Nesta etapa do tratamento, um protocolo deverá ser seguido incluindo a reeducação respiratória, mobilização ativo-assistida e ativa dos membros superiores, massagens para prevenção de aderências, fibroses e linfedemas, deambulação precoce com orientação postural, posicionamento do membro superior ipsilateral à cirurgia em 30 graus de flexão e abdução do ombro, exercícios circulatórios, controle de dor com o uso da neuroeletroestimulaçãotranscutânea (TENS), estímulo às atividades de vida diária e orientação quanto à realização de movimentos livres de ombros e pescoço.

No pós-cirúrgico tardio, o atendimento passa a ser ambulatorial, e as pacientes devem ser constantemente reavaliadas. Este trabalho poderá ser individual ou em pequenos grupos, dependendo da demanda das pacientes. Esta fase de tratamento merece uma atenção especial, pois irá permitir a prevenção de problemas articulares, num contexto já sobrecarregado por tensões físicas e psicológicas .

Durante o tratamento o protocolo a seguir deverá abranger alongamentos da musculatura cervical, da cintura escapular e dos membros superiores associados a padrões respiratórios. O uso de força e a realização de exercícios isométricos só serão iniciados depois que a amplitude de movimento for restaurada. A carga usada não deverá ultrapassar 2 kg, pois um excesso de peso poderia levar à formação de edema linfático.  Neste caso, a paciente será submetida à drenagem linfática manual visando à prevenção de linfedemas, fibroses e aderências.

Com isso, percebe-se a importância do fisioterapeuta no cuidado as mulheres com Câncer de mama, em todas as suas fases de tratamento, não limitando a fase de reabilitação tardia, acompanhada na maioria das vezes, por inúmeras complicações, as quais determinam uma dependência funcional às suas atividades de vida diária. Neste sentido, os discentes de fisioterapia devem vivenciar estas abordagens em todas as suas etapas, sendo capaz de contribuir para a melhor qualidade de vida destas mulheres.

O artigo contou com o apoio da professora Luísa Moreno.


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