O câncer de mama é uma das neoplasias que mais acometem as
mulheres e representa segundo tipo de câncer mais frequente no mundo.A
atividade física de maneira regular, prescrita corretamente está relacionada à
redução dos riscos de câncer em até 30%, além de ser um efetivo mecanismo no
controle de peso. Nos casos de diagnóstico, estudos apontam o exercício físico
como uma forma alternativa na preservação das funções fisiológicas e
metabólicas, principalmente na preparação física e psicológica do indivíduo a enfrentar
o tratamento.
Nos últimos 20 anos, as técnicas de tratamento do câncer de
mama sofreram significativas mudanças, as cirurgias são menos radicais e a
terapêutica complementar – radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia
procuram estabelecer uma relação adequada e equilibrada entre dosagem e efeitos
secundários, assim como dosagem e eficácia de tratamento. A remoção do tumor e
dos tecidos adjacentes constitui uma das etapas mais importantes no tratamento
do câncer de mama.
A indicação de diferentes tipos de cirurgia depende do
estadiamento clínico e do tipo histológico do tumor, podendo ser conservadora,
ressecção de um segmento da mama, (com retirada dos gânglios axilares ou
linfonodo sentinela) e ainda a não-conservadora, denominada de mastectomia.
Observa-se que independente da abordagem cirúrgica utilizada para retirada do
tumor, as inúmeras complicações decorrentes do tratamento para o câncer da mama
são dolorosas, incapacitantes, desagradáveis e perturbam a recuperação das
mesmas, sendo inquestionáveis as influências dessas sobre a capacidade
funcional.
As complicações pós-cirúrgicas, de um modo geral, podem
estar presentes em todas as fases do tratamento de câncer da mama, as mais
comuns são: aumento do tamanho do diâmetro do membro; tensão da pele e risco de
colapso e infecção da pele; rigidez e diminuição da amplitude de movimento,
nomeadamente nos dedos, punho e cotovelo; distúrbios sensoriais na mão e uso
reduzido do membro superior nas atividades funcionais. A necessidade de
movimentação precoce no membro com exercícios realizados com orientações de
fisioterapeutas será decisiva na reabilitação dos movimentos destas mulheres, e
principalmente diminuirá as possíveis complicações, reinserindo-as de forma
mais rápida as suas atividades de vida diária.
Sabe-se que a fisioterapia no cuidado a mulher com câncer de
mama é de fundamental importância, envolvendo desde a prevenção(quando devemos
orientá-las quanto ao auto-exame, a realização de mamografias periódicas), no
pré-operatório (quando devemos esclarecer como deverá ser a postura adotada), o
empenho necessário durante a reabilitação e os cuidados necessários e no pós
operatório (quando atuamos na reabilitação propriamente dita).
A literatura divide a atuação do fisioterapeuta em três momentos,
no pré-operatório e no pós-operatório imediato e tardio.
O cuidar fisioterapêutico, inicia-se no pré-operatório e
deve identificar fatores que possam contribuir para o aparecimento de futuras
complicações decorrentes da cirurgia a ser realizada. O fisioterapeuta, nesta
etapa, deverá realizar um estudo sobre todo o histórico clínico da paciente
visando obter uma maior compreensão do quadro. Essa avaliação detalhada deverá
ser realizada observando o estado geral, os sinais vitais, a função cardiopulmonar,
a funcionalidade, a amplitude de movimento dos ombros e da cintura escapular, a
força muscular dos membros superiores, a perimetria e volumetria dos membros
superiores e a postura.
Já no pós-operatório imediato o tratamento recomendado vão
desde as orientações aos cuidados nas execuções das atividades de vida diária,
até exercícios e terapia de apoio. Nesta etapa do tratamento, um protocolo
deverá ser seguido incluindo a reeducação respiratória, mobilização
ativo-assistida e ativa dos membros superiores, massagens para prevenção de
aderências, fibroses e linfedemas, deambulação precoce com orientação postural,
posicionamento do membro superior ipsilateral à cirurgia em 30 graus de flexão
e abdução do ombro, exercícios circulatórios, controle de dor com o uso da
neuroeletroestimulaçãotranscutânea (TENS), estímulo às atividades de vida
diária e orientação quanto à realização de movimentos livres de ombros e
pescoço.
No pós-cirúrgico tardio, o atendimento passa a ser
ambulatorial, e as pacientes devem ser constantemente reavaliadas. Este
trabalho poderá ser individual ou em pequenos grupos, dependendo da demanda das
pacientes. Esta fase de tratamento merece uma atenção especial, pois irá
permitir a prevenção de problemas articulares, num contexto já sobrecarregado
por tensões físicas e psicológicas .
Durante o tratamento o protocolo a seguir deverá abranger
alongamentos da musculatura cervical, da cintura escapular e dos membros
superiores associados a padrões respiratórios. O uso de força e a realização de
exercícios isométricos só serão iniciados depois que a amplitude de movimento
for restaurada. A carga usada não deverá ultrapassar 2 kg, pois um excesso de
peso poderia levar à formação de edema linfático. Neste caso, a paciente será submetida à
drenagem linfática manual visando à prevenção de linfedemas, fibroses e
aderências.
Com isso, percebe-se a importância do fisioterapeuta no
cuidado as mulheres com Câncer de mama, em todas as suas fases de tratamento,
não limitando a fase de reabilitação tardia, acompanhada na maioria das vezes,
por inúmeras complicações, as quais determinam uma dependência funcional às
suas atividades de vida diária. Neste sentido, os discentes de fisioterapia
devem vivenciar estas abordagens em todas as suas etapas, sendo capaz de
contribuir para a melhor qualidade de vida destas mulheres.
O artigo contou com o apoio da professora Luísa Moreno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário