Parte dos sintomas relacionados
com o nervo ciático podem ser, na verdade, compressões ou lesões nervosas na
região da pelve, raramente cogitados. Muitos destes casos, pelos sintomas
apresentados ao médico, acabam direcionados para o neurocirurgião ou cirurgião
de coluna. Mas após diversas consultas, uma série de exames e, não raro,
procedimentos cirúrgicos relacionados à dor, surgem as suspeitas que mais tarde
levarão estas pacientes ao correto diagnóstico.
As causas são diversas, entre
elas infecção ou cirurgias pélvicas – que podem causar fibrose – ou
endometriose – uma doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva,
caracterizada pela presença do endométrio, tecido que geralmente reveste a
parte interna do útero, em outras regiões do corpo, como ovários ou dentro da
pelve. Neste último caso, mesmo após cirurgia para retirada de toda a
endometriose visível, ela pode permanecer dentro de nervo ou levar ao
surgimento de novos vasos sanguíneos, que acabam comprimindo nervos ou raízes
sacrais.
O surgimento de novos vasos ou de
fibrose sobre os nervos pode também ser decorrente de algumas cirurgias, como a
de incontinência urinária ou do prolapso genital (bexiga caída). Como as vias
de acesso para o médico nestes procedimentos estão muito próximas das raízes
sacrais, a manipulação cirúrgica pode ocasionar hematomas nestas regiões, que
causam fibrose ou a formação dos novos vasos sanguíneos. Estes sintomas, além
de atípicos na prática ginecológica, às vezes surgem anos após o procedimento,
o que dificulta muito o diagnóstico, bem como a correlação com a cirurgia.
O quadro clínico de compressões
intrapélvicas depende da causa das lesões e do(s) nervo(s) acometido(s). Como
regra geral, as neuropatias compressivas se apresentam com dor, aumento da
sensibilidade e/ou sensação dolorosa causada por estímulos em geral não
dolorosos em determinadas áreas da pele, enquanto lesões infiltrativas
(endometriose) se apresentam com déficit motor. As principais áreas afetadas
por esses sintomas são a bexiga, as pernas, a região glútea, o períneo, o saco
escrotal, a vagina, a bexiga e o ânus.
Desse modo, quadros como a
síndrome da bexiga dolorosa ou a dor na região do ânus podem decorrer de lesões
intrapélvicas e receber tratamentos específicos. Assim, sinais acima devem
receber uma investigação neurofuncional pélvica detalhada.
A Neuropelveologia, idealizada
por Marc Possover, permitiu a identificação, por meio de laparoscopia, de
nervos antes pouco estudados, abrindo o leque de diagnósticos nesta região. De
mesma forma, permite hoje maior detalhamento de diagnóstico até então baseados
unicamente em sintomas, como a Síndrome da Bexiga Dolorosa, a Síndrome do Cólon
Irritável ou a Síndrome da Bexiga Hiperativa.
Tais diagnósticos não eram
possíveis devido à dificuldade de acesso aos nervos comprometidos, facilmente
acessados por meio das técnicas da neuropelveologia.
Fonte: Busca Saúde
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