segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Mulheres: Dores do nervo ciático nem sempre são consequência de um problema de coluna


Sintomas como dores na região do nervo ciático, glúteos ou na região do períneo são habitualmente atribuídos a acometimentos ou outras doenças da coluna vertebral. As dores perineais são, também, com frequência, atribuídas a agravos do trato genital inferior (vulva, vagina e períneo). Uma vez excluídas estas causas, esses sintomas são, frequentemente, taxados como sem causa conhecida, ou de origem psicológica. O mesmo acontece com outras situações, como dores na região anal ou a meralgia parestésica, que reúne sintomas como dor, queimação, redução da sensibilidade e dormência na região lateral da coxa.

Parte dos sintomas relacionados com o nervo ciático podem ser, na verdade, compressões ou lesões nervosas na região da pelve, raramente cogitados. Muitos destes casos, pelos sintomas apresentados ao médico, acabam direcionados para o neurocirurgião ou cirurgião de coluna. Mas após diversas consultas, uma série de exames e, não raro, procedimentos cirúrgicos relacionados à dor, surgem as suspeitas que mais tarde levarão estas pacientes ao correto diagnóstico.

As causas são diversas, entre elas infecção ou cirurgias pélvicas – que podem causar fibrose – ou endometriose – uma doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva, caracterizada pela presença do endométrio, tecido que geralmente reveste a parte interna do útero, em outras regiões do corpo, como ovários ou dentro da pelve. Neste último caso, mesmo após cirurgia para retirada de toda a endometriose visível, ela pode permanecer dentro de nervo ou levar ao surgimento de novos vasos sanguíneos, que acabam comprimindo nervos ou raízes sacrais.

O surgimento de novos vasos ou de fibrose sobre os nervos pode também ser decorrente de algumas cirurgias, como a de incontinência urinária ou do prolapso genital (bexiga caída). Como as vias de acesso para o médico nestes procedimentos estão muito próximas das raízes sacrais, a manipulação cirúrgica pode ocasionar hematomas nestas regiões, que causam fibrose ou a formação dos novos vasos sanguíneos. Estes sintomas, além de atípicos na prática ginecológica, às vezes surgem anos após o procedimento, o que dificulta muito o diagnóstico, bem como a correlação com a cirurgia.

O quadro clínico de compressões intrapélvicas depende da causa das lesões e do(s) nervo(s) acometido(s). Como regra geral, as neuropatias compressivas se apresentam com dor, aumento da sensibilidade e/ou sensação dolorosa causada por estímulos em geral não dolorosos em determinadas áreas da pele, enquanto lesões infiltrativas (endometriose) se apresentam com déficit motor. As principais áreas afetadas por esses sintomas são a bexiga, as pernas, a região glútea, o períneo, o saco escrotal, a vagina, a bexiga e o ânus.

Desse modo, quadros como a síndrome da bexiga dolorosa ou a dor na região do ânus podem decorrer de lesões intrapélvicas e receber tratamentos específicos. Assim, sinais acima devem receber uma investigação neurofuncional pélvica detalhada.

A Neuropelveologia, idealizada por Marc Possover, permitiu a identificação, por meio de laparoscopia, de nervos antes pouco estudados, abrindo o leque de diagnósticos nesta região. De mesma forma, permite hoje maior detalhamento de diagnóstico até então baseados unicamente em sintomas, como a Síndrome da Bexiga Dolorosa, a Síndrome do Cólon Irritável ou a Síndrome da Bexiga Hiperativa.

Tais diagnósticos não eram possíveis devido à dificuldade de acesso aos nervos comprometidos, facilmente acessados por meio das técnicas da neuropelveologia.


Fonte: Busca Saúde

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