A medula está localizada dentro da coluna vertebral,
ocupando o chamado canal medular ou canal vertebral. É um caminho de duas vias
- traz informações relevantes ao cérebro, entre elas sensações de dor,
temperatura e posição do corpo no espaço (propriocepção), bem como leva
estímulos para gerar movimento aos grupos musculares dos quatro membros. Esta
região é bastante protegida por estruturas ósseas, ligamentos e músculos, pois
é de vital importância manter os neurônios que compõem a medula íntegros
durante toda a vida. Mas essa não é uma tarefa fácil e muitas vezes algumas
destas estruturas protetoras se tornam vilões. Isso pode causar uma compressão
da medula e criar um quadro conhecido como estenose do canal medular.
A estenose cervical é
a região de compressão da medula que apresenta os sintomas mais graves e com
maior potencial de sequelas irreversíveis.
A estenose cervical traz em sua face mais severa a
mielopatia cervical, que nada mais é que o nome científico para doença da
medula cervical e que, segundo a literatura médica, é a causa mais comum de
doença da coluna cervical em pacientes acima de 55 anos. Os sintomas geralmente
têm início traiçoeiro e podem abrir o quadro com diminuição da destreza das
mãos, traduzindo-se em mudança da letra cursiva, perda de firmeza das mãos,
dificuldade de abotoar camisas e usar talheres ou copos.
A partir da instalação destes sintomas, a doença é
considerada de caráter progressivo, com tendência à piora da função dos membros
superiores e podendo também acometer os membros inferiores. Ela compromete a
propriocepção, que inclui a capacidade de localizar as partes do corpo no
espaço, e então o cérebro não recebe as informações necessárias para funções
como sentir as sinuosidades do solo e promover todo equilíbrio muscular
necessário para que a marcha ocorra normalmente. Há também, em casos mais
graves, aumento descontrolado do tônus muscular, espasticidade e aumento
patológico dos reflexos - o mais conhecido é o reflexo patelar de extensão do
joelho, que somados ao restante do quadro podem limitar muito as atividades diárias
destes pacientes.
O tratamento depende da sintomatologia. Em casos no qual o
diagnóstico é um achado de exame, ou seja, o paciente não apresenta nenhum dos
sintomas descritos acima, o médico está autorizado a observar este paciente,
porém observar de perto, com consultas periódicas sem grande intervalo entre
elas. No entanto, devido ao caráter progressivo e degradação do status
funcional a tendência entre os cirurgiões da coluna vertebral é optar pelo
tratamento cirúrgico o mais cedo possível após a abertura sintomática do
quadro. As sequelas permanentes são diretamente proporcionais ao tempo de
evolução e gravidade dos sintomas. No entanto, é muito importante diferenciar
outras doenças que podem apresentar sintomas semelhantes ao da estenose cervical,
como síndrome do túnel do carpo, neuropatia diabética e esclerose múltipla.
O tratamento é multidisciplinar. Além da descompressão
cirúrgica da coluna cervical quando necessário, a cirurgia deverá ser associada
ao tratamento com profissionais de áreas como
neurologia, fisioterapia e terapia ocupacional. Portanto, em caso de
qualquer sintoma de alarme não hesite e procure seu médico o mais breve
possível.
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