Atualmente, a fibromialgia é encarada como uma forma de
reumatismo, associada à sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo
doloroso. “O paciente tem uma alteração na química cerebral, envolvendo
neurotransmissores que regulam a sensação de dor e a capacidade de aliviá-la,
como a serotonina, a noradrenalina, a substância P e o glutamato.
Por causa desse desequilíbrio, a dor, neles, é amplificada”,
diz Heymann. Segundo as estimativas, a doença atinge até 5% da população mundial
e é muito mais frequente no sexo feminino, numa proporção que chega a ser de
cinco mulheres para um homem.
“Ainda não sabemos por que há tanta diferença entre os dois
grupos. Mas uma das explicações é cultural: as mulheres expressam mais a dor,
enquanto os homens não se sentem tão à vontade para isso”, diz o reumatologista
Daniel Feldman, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Seja como for, as causas do problema ainda estão sendo
pesquisadas. Por hora, há evidências de que a carga genética seja um fator
capaz de aumentar a predisposição à doença. No entanto, fatores ambientais
também têm peso.
“Em geral, há um acontecimento importante, na vida do
paciente, que acaba funcionando como um gatilho para disparar os sintomas. Pode
ser um trauma emocional ou físico”, afirma Feldman.
O diagnóstico certo
Alguns sinais físicos estão sendo cada vez mais importantes
para subsidiar o especialista no momento de fazer o diagnóstico. Embora exames
possam ser pedidos pelo médico — como radiografia, tomografia computadorizada
etc. — até o momento nenhum deles é capaz de indicar, de forma isolada, a
presença de fibromialgia.
“O mais importante é a experiência do profissional que
avalia o paciente. Em geral, fazemos a palpação de vários pontos e, se a pessoa
se queixar de dor em pelo menos 11 deles, então, teremos dados objetivos para
fazer o diagnóstico” explica o reumatologista José Goldenberg, do Hospital
Israelita Albert Einstein.
Para Daniel Feldman, encontrar os pontos dolorosos não é o
mais importante. “Basta que o paciente apresente dor difusa, e não localizada,
por mais de três meses”, explica. Porém, se há um fator em que os especialistas
concordam é sobre a importância de se trabalhar com outros sintomas comuns,
como marcadores da doença.
E, com a ajuda dos médicos ouvidos nesta matéria, chegamos
aos sete sinais mais frequentes da síndrome. Conheça-os a seguir:
Cansaço físico
Trata-se de uma fadiga inexplicável, que não é justificada
pela execução de uma atividade física extenuante. Outro detalhe: em geral, a
pessoa já acorda se sentindo cansada. “Presumimos que o cansaço seja o
resultado da condição estressante a que está submetida essa pessoa, por causa
da dor crônica de que sofre”, diz José Carlos Mansur Szajubok, o reumatologista
do Hospital Servidor Público Estadual.
Distúrbios do sono
Quem sofre de fibromialgia, em geral, dorme mal. Pode
apresentar insônia, intercalando períodos de descanso e vigília — despertando
ao menor estímulo — ou ainda dormir a noite toda, porém, sentindo que o repouso
não foi restaurador. “Esse quadro colabora para o aparecimento da fadiga e da
sonolência diurna, queixa comum dos pacientes”, explica Szajubok.
Ansiedade e Depressão
Com consequência das dores crônicas, de um cansaço constante
e de noites mal dormidas, as alterações de humor entre os pacientes não deveria
surpreender. Mas a verdade é que ter um transtorno de ansiedade ou depressão
associado à doença só agrava os sintomas. “A pessoa pode ficar sem motivação
até para se levantar e, sem praticar exercício físico, as dores tendem a
piorar”, diz Roberto Heymann. A baixa disponibilidade de serotonina no corpo
também explica esses sintomas. Afinal, o neurotransmissor nos proporciona
bem-estar.
Problemas de digestão
É muito comum que os pacientes apresentem sinais da síndrome
do cólon irritável, relatando prisão de ventre (constipação) ou diarreia
frequente ou mesmo os dois sintomas ao mesmo tempo. “Também é normal se
queixarem de dores abdominais e dificuldades de digestão”, diz José Goldenberg.
A relação entre uma síndrome e outra ainda não foi estabelecida. “A hipótese é
de que o trato gastrointestinal das pessoas com fibromialgia seja mais sensível
e mais propenso à irritação”, diz Heymann.
Dificuldade de memorizar
Sabemos que boa parte da fixação dos conhecimentos diários
acontece durante o sono. E, como não dormem bem, os pacientes com fibromialgia
podem ter mais dificuldade de guardar informações. Da mesma forma, manter a
concentração durante o dia, para captar novos dados, também não é tarefa das mais
simples para essas pessoas, cujo repouso não é capaz de recarregar as baterias.
Cefaleia
Variam de um simples desconforto a uma dor intensa, que
acomete os pacientes de forma crônica. A tensão a que estão expostas essas
pessoas poderia explicar a dor de cabeça. Mas há, ainda, outro problema que
costuma ser relacionado ao sintoma. “É comum que as pessoas com fibromialgia
tenham disfunção da articulação temporomandibular, o que causaria a dor de
cabeça”, explica Goldenberg.
Rigidez no corpo
Muitas pessoas relatam o problema, normalmente depois de
acordar ou de passar muito tempo sentadas. “Essa é uma característica de quem
sofre de tensão constante e dorme mal. Além disso, como os pacientes sentem dor
e estão frequentemente indispostos, acabam abrindo mão da atividade física. E,
assim, perdem a flexibilidade. O desconforto se agrava com o sedentarismo”, diz
Heymann.
Fonte: Revista Viva Saúde
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