A respiração é fundamental para a vida. É nesse processo que
ocorre a troca gasosa nos pulmões por meio da inspiração e da expiração,
respectivamente quando enchemos os pulmões de ar e esvaziamos. Com isso,
garantimos a entrada do oxigênio e a saída do dióxido de carbono.
Embora vital, os pulmões não são tratados com tanto cuidado
pela maioria da população. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia, 3 em
cada 10 brasileiros sofrem com falta de ar. De acordo com a Organização Mundial
de Saúde (OMS), existem no mundo cerca de 300 milhões de asmáticos, 210 milhões
de pessoas acometidas pela DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e 100
milhões de portadores do distúrbio respiratório do sono. Além disso, a cada
ano, 8 mil novos casos de tuberculose são registrados no Brasil, um dos países
recordistas em casos da doença.
A incidência de doenças alérgicas respiratórias, como rinite
e asma, também vem aumentando gradativamente. No Brasil, por exemplo, são em
média 8 mortes por dia por complicações relacionadas à asma. A doença
representa um dos maiores gastos do Sistema Único de Saúde (SUS), superior,
inclusive aos da AIDS.
Dados do SUS (Sistema Único de Saúde) revelam que são mais
de 367 mil autorizações de internações hospitalares (AIH) ao ano, decorrentes
de asma. Somadas, asma, pneumonia e DPOC representam 12% de todas as
internações no país, com gastos superiores a R$ 600 milhões de reais por ano.
Utilizada há muitos anos na medicina, a fisioterapia tem
diversas aplicações na prática médica, desde reabilitar as funções motoras,
área mais conhecida, até auxiliar na prevenção e no tratamento de doenças
cardíacas ou pulmonares.
A fisioterapia respiratória visa melhorar a dinâmica
respiratória e a distribuição do ar inalado pelo pulmão, além de remover
secreções brônquicas, resultando assim na melhora da função pulmonar. São
aplicadas técnicas manuais, como também aparelhos que ajudam na aplicação deste
tipo de fisioterapia.
Vale ressaltar que a fisioterapia respiratória utiliza
estratégias não invasivas para otimizar o transporte do oxigênio, prevenindo,
revertendo ou minimizando as disfunções pulmonares que são causadas por doenças
como asma, tuberculose, pneumonia, etc.
Como funciona
O sistema respiratório está exposto a diversos fatores que
podem lesar ou causar alterações importantes nos pulmões e nas vias respiratórias.
Além do tratamento medicamentoso e do uso de oxigênio, algumas doenças que
atingem os pulmões necessitam de técnicas adicionais para auxiliar na
desobstrução e limpeza, depurando as vias respiratórias.
Engana-se quem pensa que somente pacientes idosos ou
hospitalizados podem ser beneficiados com a fisioterapia respiratória. Na
verdade, a técnica pode ser aplicada tanto em hospitais, como em clínicas,
ambulatórios, em home care (em casa) e até em unidades básicas de saúde (UBS).
A técnica pode ser aplicada em pacientes de todas as idades,
uma vez que a fisioterapia respiratória atua no nível das limitações e
incapacidades, para aumentar a independência, a capacidade respiratória e,
consequentemente, a qualidade de vida.
Quais doenças podem ser tratadas pela fisioterapia
respiratória?
Praticamente todas as doenças que atingem os pulmões podem
ser tratadas como a asma, a bronquite, a doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC), a pneumonia, a insuficiência respiratória, a tuberculose, entre outras.
Quais os objetivos da fisioterapia respiratória?
Entre os objetivos da técnica fisioterápica estão à
manutenção ou a melhora da ventilação alveolar, a prevenção de crises
respiratórias, a educação do paciente, o suporte ventilatório nos períodos de
crise e/ou insuficiência respiratória e a melhora da capacidade física.
O fisioterapeuta avalia o paciente para identificar,
relacionar e priorizar o tipo de técnica a ser aplicada, de acordo com o quadro
clínico. Quando o paciente está hospitalizado, por exemplo, na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), o atendimento será mais focado na melhora da
eficiência ventilatória ou na redução da sobrecarga dos músculos respiratórios,
para evitar a falência desses músculos, o que pode causar a insuficiência
respiratória.
Já em pacientes que irão se submeter a alguma cirurgia, a
fisioterapia respiratória tem caráter preventivo, tanto para melhorar o
condicionamento físico, quanto para garantir que após a cirurgia a capacidade
respiratória não será afetada.
Quando a fisioterapia respiratória é aplicada em
ambulatórios, o tratamento está mais focado na melhora do condicionamento
físico e na educação do paciente. Isso tende a aumentar a independência,
reduzir a sintomatologia e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida,
assim como ajuda na prevenção ou na melhora das comorbidades das doenças
respiratórias.
Cuide bem dos seus pulmões
As doenças do pulmão, também conhecidas como pneumopatias,
crescem em ritmo acelerado, principalmente nos grandes centros urbanos. Muitas
são crônicas e levam o paciente à incapacidade física, o que gera outras
doenças como depressão, insônia etc.
Com a progressão da doença pulmonar, ocorre uma piora da
sintomatologia e da qualidade de vida destes pacientes, ocasionando limitação
progressiva das atividades profissionais e da vida diária. Essa limitação pode
se tornar um ciclo vicioso e evoluir até a dependência funcional do indivíduo,
alterando sua vida social, econômica e emocional.
Dentro deste contexto, a fisioterapia respiratória é uma
ferramenta terapêutica de extrema importância, inserida dentro de um tratamento
multidisciplinar para a reabilitação de pacientes portadores de doenças
pulmonares, visando melhorar o nível de independência e a função do paciente na
comunidade.
Por último, e não menos importante, o fisioterapeuta tem um
papel fundamental na educação do paciente, que passa a se envolver mais com o
tratamento e os autocuidados. Esta é uma maneira muito importante de fazer com
que o paciente participe de maneira ativa do tratamento da sua doença,
melhorando assim sua adesão.
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