Aquela dor na coluna no final do dia depois de uma longa
caminhada pode ter origem em um dos membros mais importantes para a sustentação
do corpo. O pé é responsável por manter o nosso equilíbrio e, quando é vítima
de algum problema, pode se transformar em uma "avalanche" de outros,
atingindo a coluna vertebral e todo organismo.
Entre os problemas, a fascite plantar, inflamação do tecido
da sola do pé e que pode culminar na região do calcanhar. O estresse
repetitivo, através da pisada, ocasiona diversas fissuras na região e a dor é o
principal sintoma. Segundo o membro da Associação Brasileira de Cirurgia do Pé
e Tornozelo, Renato Brufatto Machado, neste momento é comum a pessoa evitar o
pé no chão, começando a caminhar de forma descompensada de um lado do corpo.
– Problemas nas articulações do fêmur e do joelho podem
surgir, ocasionando o deslocamento da pélvis e, por consequência, causando
desalinhamento da coluna e dor nas costas – comenta Brufatto.
O pé plano também está associado à dor nas costas. A
alteração no arco plantar, que deixa o pé mais raso, ocasiona leve curvatura no
tornozelo para dentro e uma distância aumentada entre os ossos dos calcanhares,
os chamados calcâneos.
– Como não somos seres simétricos por natureza, a pessoa
pode ter um membro um pouco mais curto do que o outro, o que causa um desnível
pélvico no quadril e, em consequência, gera uma escoliose – explica o médico
ortopedista do Laboratório do Pé.
A deformidade é o desvio da coluna para direita ou para
esquerda, formando um "S" ou "C" e pode não apresentar
sintomas. Suas consequências são desvio postural e dor.
Tratamento começa na saúde do pé
É comum que crianças tenham o pé plano, pois, na infância,
as cartilagens da região ainda não estão formadas e o arco do pé encontra-se em
desenvolvimento. A orientação de Brufatto é que, quanto antes a criança
consultar um especialista, mais cedo ela pode prevenir problemas nos membros
inferiores.
– Pacientes deveriam consultar um ortopedista ou um médico
do pé já com um ano de idade, para identificar problemas que podem causar
escolioses e outras deformidades mais tarde – comenta.
A prevenção está nos exames que podem identificar as
complicações, como a baropodometria, que observa a força dos pés ao tocarem no
solo e acusa as regiões de maior pressão plantar. O resultado desse exame
possibilita a confecção de palmilhas ortopédicas sob medida que, tanto para
crianças quanto para adultos, podem ajudar na redução dos sintomas e problemas
que surgem por causa do pé plano ou cavo.
– O paciente precisa passar por uma avaliação ortopédica que
analise também o tornozelo, o joelho e o desnível pélvico do quadril. Assim, o
diagnóstico se torna mais preciso – afirma Brufatto.
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