quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Fadiga Oncológica



Existem relatos de que a deterioração da condição física pode persistir durante anos após o término do tratamento em até 30% dos pacientes que sobrevivem ao câncer.

A origem da fadiga é multifatorial e aspectos psicológicos aparecem como fator etiológico importante, além da anemia, deterioração do estado nutricional, distúrbios do sono, alterações bioquímicas secundárias à doença e ao tratamento, e redução do nível de atividade.

A fadiga representa somente um aspecto da deterioração física que vive o paciente com câncer. A doença é seguida por uma síndrome astênica que consiste em dois componentes: um objetivo (perda da “performance” física), que pode ser medido quantitativamente com testes e exames físicos; e outro subjetivo (fadiga).

Como todo fenômeno subjetivo, a percepção da fadiga depende da experiência passada e pode variar nos diversos momentos do tratamento na medida em que se torne crônica. Gradualmente, o paciente com câncer se acostuma a sua deterioração física. Assim, os parâmetros subjetivos de avaliação do paciente vão se modificando durante o curso da doença, alterando o seu relato.

Considerando-se por uma perspectiva ampla, a fadiga é um instrumento normal e necessário de auto-regulação fisiológica.

Quando acontece após atividade intensa e prolongada, protege o corpo de um esforço exagerado. Entretanto, a fadiga pode ser também patológica se ocorre durante uma atividade normal, se persiste por um longo tempo, quando não melhora após o descanso ou se torna severa o bastante para forçar o paciente a reduzir o nível de sua atividade.

Dimeo avaliou a relação entre fadiga e condição física. Encontrou uma estreita correlação entre fadiga e distúrbios do humor. A condição física entretanto, não estaria relacionada diretamente à fadiga, mas sim a distúrbios do humor (porém, pacientes com melhor “performance” apresentam melhor equilíbrio emocional).

Se distúrbios do humor podem ser a conseqüência ou a causa da deterioração da “performance” física é difícil determinar; ambas as possibilidades parecem plausíveis. A deterioração física pode resultar do aumento da dependência, diminuição da auto-estima e da redução das atividades sociais. Pode ser interpretada pelo paciente como um sinal de piora da doença, levando ao aumento do “stress” emocional. Por outro lado, pacientes depressivos e ansiosos tendem a reduzir suas atividades, permanecendo maior tempo em casa, adotando uma atitude mais passiva, o que contribui para diminuir o seu condicionamento muscular e a “performance” física.

A associação entre “performance” física e alterações emocionais em pacientes com câncer, pode ter uma conseqüência terapêutica através da promoção de programas de atividades físicas que favorecem a melhora de estados depressivos de humor. Trabalhos que preconizam programas de treinamento aeróbico reportam uma melhora significativa da “performance” física e estabilidade emocional nos pacientes.

A fadiga seguida aos tratamentos oncológicos (cirurgia, radioterapia, quimioterapia) pode ser o fator determinante do aumento do tempo de permanência no leito em pacientes oncológicos.


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