Existem relatos de que a deterioração da condição física
pode persistir durante anos após o término do tratamento em até 30% dos
pacientes que sobrevivem ao câncer.
A origem da fadiga é multifatorial e aspectos psicológicos
aparecem como fator etiológico importante, além da anemia, deterioração do
estado nutricional, distúrbios do sono, alterações bioquímicas secundárias à
doença e ao tratamento, e redução do nível de atividade.
A fadiga representa somente um aspecto da deterioração
física que vive o paciente com câncer. A doença é seguida por uma síndrome
astênica que consiste em dois componentes: um objetivo (perda da “performance”
física), que pode ser medido quantitativamente com testes e exames físicos; e
outro subjetivo (fadiga).
Como todo fenômeno subjetivo, a percepção da fadiga depende
da experiência passada e pode variar nos diversos momentos do tratamento na
medida em que se torne crônica. Gradualmente, o paciente com câncer se acostuma
a sua deterioração física. Assim, os parâmetros subjetivos de avaliação do
paciente vão se modificando durante o curso da doença, alterando o seu relato.
Considerando-se por uma perspectiva ampla, a fadiga é um
instrumento normal e necessário de auto-regulação fisiológica.
Quando acontece após atividade intensa e prolongada, protege
o corpo de um esforço exagerado. Entretanto, a fadiga pode ser também
patológica se ocorre durante uma atividade normal, se persiste por um longo
tempo, quando não melhora após o descanso ou se torna severa o bastante para
forçar o paciente a reduzir o nível de sua atividade.
Dimeo avaliou a relação entre fadiga e condição física.
Encontrou uma estreita correlação entre fadiga e distúrbios do humor. A condição
física entretanto, não estaria relacionada diretamente à fadiga, mas sim a
distúrbios do humor (porém, pacientes com melhor “performance” apresentam
melhor equilíbrio emocional).
Se distúrbios do humor podem ser a conseqüência ou a causa
da deterioração da “performance” física é difícil determinar; ambas as
possibilidades parecem plausíveis. A deterioração física pode resultar do
aumento da dependência, diminuição da auto-estima e da redução das atividades
sociais. Pode ser interpretada pelo paciente como um sinal de piora da doença,
levando ao aumento do “stress” emocional. Por outro lado, pacientes depressivos
e ansiosos tendem a reduzir suas atividades, permanecendo maior tempo em casa,
adotando uma atitude mais passiva, o que contribui para diminuir o seu
condicionamento muscular e a “performance” física.
A associação entre “performance” física e alterações
emocionais em pacientes com câncer, pode ter uma conseqüência terapêutica
através da promoção de programas de atividades físicas que favorecem a melhora
de estados depressivos de humor. Trabalhos que preconizam programas de
treinamento aeróbico reportam uma melhora significativa da “performance” física
e estabilidade emocional nos pacientes.
A fadiga seguida aos tratamentos oncológicos (cirurgia, radioterapia,
quimioterapia) pode ser o fator determinante do aumento do tempo de permanência
no leito em pacientes oncológicos.
Fonte: Portal da Fisioterapia
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