Acredito que com a quebra do paradigma câncer x morte, a
fisioterapia oncológica tem cada vez mais demonstrando sua importância na área,
com os avanços técnicos- científicos o tempo de sobrevida do pacientes com
câncer tem aumentado e a necessidade de um profissional capacitado para o
manejo das sequelas advindas do próprio tratamento (cirurgia, quimioterapia e
radioterapia) tem permitido que o fisioterapeuta especialista em oncologia
alcance seu espaço dentro da equipe multiprofissional.
O fisioterapeuta que trabalha com oncologia, dentro desse
universo de medos e incertezas, deve tirar o foco da doença e voltar o paciente
para sua independência funcional e qualidade de vida. Nessa área temos a
liberdade de atuar em todas as fases do tratamento, desde o diagnóstico até o
momento em que não há possibilidade de cura (cuidados paliativos)garantindo o
conforto aos nossos pacientes.
Dentro da oncohematologia uma das áreas que o fisioterapeuta
tem papel relevante é no atendimento de pacientes que passam pelo Transplante
de Medula Óssea (TMO), uma modalidade terapêutica que consiste na infusão
intravenosa de células progenitoras hematopoéticas normais para substituição de
células doentes, com o objetivo de restabelecer a função da medula danificada.
Essas células “mãe” podem ser obtidas do próprio paciente (transplante
autogênico), de um irmão gêmeo idêntico (transplante singênico) ou de um doador
compatível que seja familiar ou não (transplante alogênico). O TMO é um termo
genérico que vem sendo substituído por Transplante de Células Progenitoras
Hematopoéticas (TCPH), já que atualmente o transplante pode ser realizado além
da medula óssea, com sangue periférico ou pelo cordão umbilical.
O profissional que atende um paciente que passou ou passará
por esse tipo de tratamento deve sempre
acompanhar os exames complementares, principalmente o
hemograma de rotina, pois a baixa contagem de células no sangue é um efeito
frequente nos pacientes pós-TMO e as sessões de fisioterapia devem ser baseadas
de acordo com cada tipo e nível de célula diminuída, o profissional deve estar
igualmente atento ao processo de fadiga oncológica e a existência de
comprometimento ósseo (principalmente em pacientes com Mieloma Múltiplo) para
indicação da atividade mais apropriada.
É importante lembrar que a fadiga oncológica é um sintoma
bastante presente nos pacientes com câncer, entre 76 a 95% segundo dados da
literatura, ela pode ser definida como um sintoma subjetivo de cansaço extremo
que pode ou não melhorar com o repouso, é de difícil manejo por ser
multifatorial envolvendo aspectos físicos, psicológicos e cognitivos.
O seu tratamento pode incluir informações de cunho
educativo, intervenções farmacológicas e/ou não farmacológicas, fisioterapia
oncológica com enfoque na conservação de energia (planejamento de atividades e
programação de tempo de repouso) e promoção de exercícios físicos
individualizados (caminhada, relaxamento, alongamento etc). Estudos tem
demonstrado que exercícios aeróbicos são eficazes na abordagem da fadiga
oncológica, mas sempre devem ser prescritos de acordo com o estado geral do
paciente.
A fadiga oncológica devido à inatividade e repouso
prolongado no leito pode estar associada à redução da capacidade/independência
funcional, fraqueza muscular, descondicionamento físico, contraturas, dor e
impacto sobre o sistema cardiorrespiratório, pois durante a TMO o paciente está
sujeito a necessidade de longos períodos de isolamento protetor e a exposição a
agentes tóxicos dos quimioterápicos. A fisioterapia nessa fase pode ajudar por
meio de intervenção precoce, através de um arsenal de técnicas para prevenção
das complicações oriundas do imobilismo de acordo com as condições e
necessidades de cada paciente.
Já em relação às complicações tardias, elas podem ser
divididas em: relacionadas ao processo de transplante e relacionadas ao regime
de condicionamento (fase de imunossupressão induzida para erradicar a doença
residual e promover a “pega” das células saudáveis).
Entre as complicações que a fisioterapia pode atuar de
maneira mais efetiva estão as disfunções pulmonares, atraso do desenvolvimento
motor em crianças e outras sequelas decorrentes do imobilismo como citado
anteriormente, por meio da cinesioterapia motora e respiratória, estimulação
psicomotora e sensorial ere-inserção do paciente em suas atividade do
cotidiano, demonstrando assim que o fisioterapeuta tenha importante papel
dentro da equipe multidisciplinar na recuperação funcional e qualidade de vida
global de pacientes que realizaram transplante.
Fonte: Fisioteraloucos
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