O Parkinson é a segunda doença
neurodegenerativa mais comum atrás apenas do Alzheimer. No Brasil, estima-se
cerca de 200 mil portadores, um número que provavelmente dobrará de tamanho nas
próximas décadas, especialmente com o “envelhecimento” da nossa população.
Logo, reconhecer os principais sintomas da doença de Parkinson é importante,
uma vez que seu manejo requer conhecimento específico.
Há duas questões (mitos) que
sempre discutimos com os pacientes e seus familiares: Primeiro, “nem todo
tremor é necessariamente doença de Parkinson” e, segundo, “nem todo paciente
com doença de Parkinson tem tremor”.
Os dois pontos acima mencionados
parecem semelhantes ou podem levar a um certo grau de estranheza, mas explico.
Em relação ao tremor de uma maneira geral, é preciso deixar claro que a
principal causa deste movimento involuntário não é a doença de Parkinson, mas
outra condição, aliás, bem mais comum, que é o tremor essencial.
Este é um tremor, normalmente, de
ambas as mãos, que pode ser observado durante algum movimento, como segurar uma
xícara de café, e pode ocorrer em outros membros da família. Identificar esta
diferença é fundamental, já que o tratamento do tremor essencial e da doença de
Parkinson é absolutamente oposto.
A outra questão, mais complexa e
delicada, diz respeito a um viés de observação muito comum. Trata-se de
imaginar que todo paciente com doença de Parkinson necessariamente tem ou terá
tremores. Isto não é verdade. Existem inúmeros pacientes com Parkinson que não
têm ou nunca terão um único tremor.
Isto é possível porque existem
outros três sinais motores para se suspeitar de Parkinson. São eles: a lentidão
dos movimentos (bradicinesia), a rigidez muscular (hipertonia) e as quedas
frequentes (instabilidade postural). De modo que chegamos a nossa segunda
afirmação sobre o tremor e a doença de Parkinson, ou seja, “nem todo paciente
com doença de Parkinson tem tremor”.
Estamos “envelhecendo” e a
preocupação com doenças neurodegenerativas será cada vez mais inevitável. Neste
contexto, lembrar de doença de Parkinson quando existe um tremor sem dúvidas é
importante, mas existem outros nuances que não podemos esquecer: os casos de tremor
que não são Parkinson e os parkinsonianos que não têm tremor.
Fonte: Revista FisioBrasil
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