O cigarro é sempre citado como um dos fatores de risco para
doenças respiratórias, do coração (como infarto) e câncer (principalmente os de
boca e os de pulmão). No entanto, dificilmente é relacionado com o aparecimento
de dores nas costas.
Mas saiba que fumar acelera o aparecimento da hérnia de
disco, um desgaste da estrutura da coluna existente entre as vértebras,
semelhante a um amortecedor.
A fumaça do cigarro diminui a circulação sanguínea nos
platôs sob o disco, evitando que os nutrientes cheguem ao local. O disco
resseca, se desgasta mais facilmente e racha, explica João Luiz Pinheiro
Franco, neurocirurgião e revisor científico do jornal Spine, a publicação
internacional de maior prestígio sobre a coluna.
O problema é progressivo, ou seja, quanto antes o indivíduo
começar a fumar, maiores suas chances de desenvolver o problema. Os sintomas
iniciais são dores nas costas e um leve inchaço no local, que pode progredir.
“A hérnia pode ser incapacitante se tiver alterações
neurológicas associadas. Se houver alteração da condução do nervo para perna,
pode ter erro de condução para estímulo de músculo, atrofia e perda de
sensibilidade”, alerta Ricardo Nahas, ortopedista do Hospital Nove de Julho.
Fatores de risco
Além do cigarro, obesidade, sedentarismo e herança genética
são as características que predispõem o indivíduo ao desenvolvimento da hérnia
de disco.
O desgaste nas estruturas da coluna começa naturalmente a
partir dos 35 anos. Quem não apresenta nenhum desses fatores dificilmente terá
a doença ou suas possíveis complicações. Mas basta que alguém na família tenha
histórico do problema, para o risco chegar a 30%. Associado a qualquer um dos
fatores acima, esse índice sobe para 50%.
“A predisposição genética é um fator poderoso. A pessoa pode
ser magra e saudável e mesmo assim desenvolver um quadro doloroso”, afirma
Nahas.
O tipo de trabalho e a carga exercida sobre a coluna também
precisam ser analisados. Pessoas que trabalham carregando peso ou em qualquer
função que exija da coluna estão mais propensas a apresentar o desgaste.
Prevenção e correção
É difícil prevenir a hérnia de disco em pessoas com forte
predisposição genética. No entanto, vale a pena adotar um estilo de vida mais
saudável. Exercícios físicos regulares e controle do peso são duas medidas
simples que podem ajudar a retardar o aparecimento da hérnia ou até mesmo
evitá-la.
Se ela já se instalou, o processo não pode ser revertido,
mas os sintomas – principalmente as dores – podem ser contornados. A primeira
medida é a melhoria na qualidade de vida. Fisioterapia ou reeducação postural
são ferramentas essenciais nesse caminho.
“São tratamentos simples, mas que combatem o processo
inflamatório na coluna”, afirma Franco.
"O tratamento inicialmente é clínico com medicação
analgésica, anti-inflamatório e fisioterapia. Nos casos de dor muito intensa
podemos realizar bloqueios analgésicos perto das raízes nervosas. Nos casos em
que há falha desse tratamento ou quando além da dor há uma diminuição de força
ou alterações importantes de sensibilidade, realizamos o tratamento
cirúrgico", avalia Luciano Miller, ortopedista da Clínica Colunar.
Dores persistentes na coluna ou na perna por mais de três
meses, que não melhoraram com os tratamentos chamados conservadores
(fisioterapia e atividades físicas), fazem desse paciente o candidato perfeito
para uma intervenção.
“Quando os sintomas passam a prejudicar a qualidade de vida
do paciente e os outros métodos falharam, então é indicado um procedimento”,
conclui Nahas.
"A descompressão do nervo é realizada por microcirurgia
com o uso de microscópio e pequenas incisões, ou por meio de endoscopia que, em
alguns pacientes, é realizada apenas com sedação e anestesia local. Com isso o
paciente pode ter alta hospitalar no mesmo dia do procedimento", explica
Miller.
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