A estenose espinhal é um estreitamento da coluna vertebral
que causa uma pressão sobre a medula espinhal ou um estreitamento das aberturas
(chamadas de forame neural) onde os nervos espinais deixam a coluna espinhal.
Este estreitamento pode acontecer na coluna cervical (pescoço), na coluna
lombar (lombalgia) e muito raramente na coluna torácica (região torácica).
“A idade média de início dos sintomas da estenose
degenerativa é de 60 anos. Os homens são atingidos duas vezes mais que as
mulheres. A estenose primária ou congênita pode se apresentar até os 30 anos de
idade. O risco dos sintomas aparecerem aumenta com a idade por causa da
sobreposição de alterações degenerativas associadas ao envelhecimento.
Indivíduos com osteoartrose, artrose, escoliose, nanismo, espondilolistese e
doença de Paget apresentam um risco aumentado de desenvolvimento de estenose
espinhal”, afirma o neurocirurgião Cezar Augusto Oliveira,
especialista em coluna.
A seguir, o médico esclarece as principais dúvidas sobre a
doença:
Quais são as causas mais comuns para o aparecimento da
estenose espinhal?
Dr. Cezar Oliveira - A estenose espinhal geralmente ocorre
em decorrência do envelhecimento, quando os discos ficam mais secos e começam a
crescer demais. Ao mesmo tempo, os ossos e ligamentos da espinha engrossam ou
ficam maiores devido à artrose ou a um outro inchaço/inflamação de longo tempo.
Além da idade, a estenose espinhal também pode ser provocada por:
Artrose da espinha, geralmente em idosos;
Doenças nos ossos, como a Doença de Paget ou a acondroplasia
(forma mais comum de nanismo rizomélico);
Defeito ou crescimento na espinha que estava presente desde
o nascimento (defeito congênito);
Hérnia de disco, que
muitas vezes aconteceu no passado;
Lesão que provoca
pressão sobre as raízes do nervo ou da medula espinhal;
Tumores na espinha.
Como a doença é diagnosticada?
Dr. Cezar Oliveira - Durante o exame físico, o médico tenta
encontrar o local da dor e descobrir como ela está afetando os movimentos do
idoso. Para isso, ele vai pedir que o paciente:
Sente, fique de pé e
caminhe nas pontas dos pés e depois nos calcanhares;
Se curve para frente,
para trás e para o lado;
Levante as pernas
retas enquanto estiver deitado. Se a dor for pior quando o idoso fizer esse
exercício, ele pode ter dor no nervo ciático, especialmente se sentir dormência
ou formigamento em uma das pernas.
Durante este exame, o médico também vai movimentar as pernas
do idoso em posições diferentes, inclusive dobrando e esticando os joelhos. Ao
mesmo tempo, irá verificar sua força e capacidade de se movimentar. Para testar
a função nervosa, o médico usará um martelo de borracha para verificar os
reflexos do idoso. Para testar a sensibilidade, tocará suas pernas em muitos
lugares usando um alfinete, um cotonete ou uma pena. Um exame neurológico pode
confirmar a fraqueza das pernas e a diminuição da sensibilidade dos membros.
Neste sentido, alguns exames podem ser feitos, como uma ressonância magnética
da espinha, uma tomografia computadorizada da espinha e/ou ainda um raio X da
coluna.
Quais são os principais sintomas da estenose espinhal?
Dr. Cezar Oliveira - Os sintomas da doença pioram lentamente
com o tempo. Mais frequentemente, os sintomas são de um lado do corpo ou do
outro, mas podem envolver ambas as pernas. Dentre os sintomas mais comuns,
destacam-se dormência, cãibras, dor nas costas, nas nádegas, nas coxas ou
panturrilhas, no pescoço, nos ombros ou braços, além de fraqueza em parte da
perna ou do braço. A ocorrência dos sintomas e seu agravamento são mais
prováveis de acontecer quando o idoso fica de pé ou anda. Muitas vezes, os
sintomas diminuem ou desaparecem quando o paciente senta ou curva-se para
frente. A maioria das pessoas com estenose espinhal não consegue andar por
muito tempo. Sintomas mais sérios da doença podem incluir dificuldades ou falta
de equilíbrio para andar e problemas para controlar a urina ou os movimentos
intestinais.
Como é feito o tratamento da estenose espinhal?
Dr. Cezar Oliveira - O principal objetivo do tratamento da
estenose espinhal é controlar a dor do idoso e mantê-lo ativo. Assim, de acordo
com cada caso, é possível indicar fisioterapia, massagem, acupuntura, bolsas de
gelo, terapia térmica, alguns medicamentos para dores crônicas e até mesmo
terapia, que pode ser útil se a dor estiver causando sérios impactos na
qualidade de vida do idoso. Se a dor não responder a esses tratamentos ou se o
paciente apresentar perda de movimento ou de sensibilidade, uma cirurgia pode
ser indicada. A cirurgia é feita para aliviar a pressão nos nervos ou na medula
espinal. O médico pode optar pela cirurgia quando os sintomas da estenose
espinhal se agravam muito. Dentre as técnicas disponíveis destacam-se a
foraminotomia, a laminectomia e a fusão espinhal.
Qual o prognóstico da estenose espinhal?
Dr. Cezar Oliveira - Muitas pessoas com estenose espinhal
conseguem ser ativas por muitos anos, embora possam precisar fazer algumas
alterações em suas atividades diárias ou de trabalho. A cirurgia de coluna
muitas vezes alivia os sintomas parcialmente ou totalmente. Contudo, pacientes
que já vinham sofrendo de dor na coluna há muito tempo, antes da cirurgia,
ainda têm probabilidade de ter alguma dor depois do ato cirúrgico. A fusão
espinhal nem sempre elimina toda a dor e os outros sintomas. Novos problemas de
coluna são possíveis após a cirurgia. A área da coluna vertebral acima e abaixo
da fusão espinhal tem maior probabilidade de ser forçada quando a espinha se
movimenta. Se o paciente precisar de mais de um tipo de cirurgia na coluna
(como laminectomia e fusão espinhal), ele terá mais probabilidades de
apresentar problemas futuros.
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