A primeira providência, segundo o ortopedista Moisés Cohen e
o socorrista Jorge Ribera, é imobilizar o membro lesionado na posição em que
ele está até que o diagnóstico final seja feito no hospital. Colocar uma tala,
por exemplo, ajuda também a reduzir a dor, o inchaço e evitar que o machucado
desenvolva para algo mais grave.
Se o paciente não conseguir se levantar depois de cair, o
ideal é não movimentá-lo. Se ele estiver no meio da rua, por exemplo, é
importante pedir para alguém colocar algum obstáculo para evitar que os carros
continuem passando. Segundo o ortopedista, nunca se deve tentar colocar o osso
na posição correta ou tentar movimentar o membro lesionado – nesse caso, é
preciso primeiro ir imediatamente ao hospital.
Se, além da fratura, houver ferimento, a recomendação é
limpá-lo com água corrente e cobri-lo com material limpo até a chegada do
serviço de emergência. Em caso de sangramento abundante, os especialistas
explicam que é preciso fazer uma compressão moderada na ferida para estancar o
sangue. O mesmo vale para o sangramento no nariz, mas em caso de batida na
cabeça, o socorrista Jorge Ribera aconselha procurar um médico o quanto antes
porque essa lesão pode ter consequências mais graves, como uma hemorragia, por
exemplo.
O ortopedista Moisés Cohen explicou ainda as diferenças
entre fraturas e luxações - no caso da fratura, quando o osso quebra, existem
dois fatores que ajudam na recuperação: o mecânico, que é o que o médico faz
para imobilizar o local, seja com gesso, tala, bota ortopédica ou cirurgia; ou
o biológico, que é o processo do próprio organismo, capaz de refazer e unir o
osso quebrado.
No entanto, existem ossos mais fáceis de colar e outros que
dificilmente se reconstituem sozinhos, como o do quadril, por exemplo. Já os
ossos dos braços têm uma vascularização maior, o que facilita a recuperação.
Fraturas nas vértebras e joelhos, por outro lado, são
difíceis de tratar porque essas regiões têm ossos muito porosos que amassam ao
invés de quebrar – nesse caso, só com cirurgia é possível
"desamassar" e colocar na posição correta.
Fora a região da fratura, porém, a idade da pessoa também
influencia na recuperação do osso. Crianças têm maior facilidade de refazer as
estruturas por causa dos ossos elásticos e porosos e também porque estão em
fase de crescimento, quando a capacidade do corpo de desenvolver é maior do que
a do adulto. Já os idosos demoram mais para se recuperar porque, com o passar
do tempo, a formação das células ósseas diminui.
No caso das crianças, como a recuperação é rápida, não há a
necessidade de uma imobilização mais intensa ou demorada. Porém, é importante
que o osso ganhe uma resistência maior para evitar que um novo trauma frature o
mesmo lugar – por isso, a imobilização e a medicação ajudam, principalmente no
controle da dor para deixá-la mais confortável.
Se houver um entorse de tornozelo, muitas vezes, é preciso
imobilizá-lo com uma bota ortopédica durante 3 semanas. Já as fraturas, por
outro lado, são imobilizadas com talas de gesso. Porém, no caso do gesso, é
importante procurar um médico se houver dor intensa mesmo com o uso de
analgésicos, inchaço nos dedos, palidez ou extremidades roxas nos dedos, dedos
frios, formigamento ou alterações de sensibilidade ou dificuldade para
movimentar os dedos.
De acordo com o ortopedista, esses sintomas indicam que pode
o gesso pode estar causando uma compressão capaz de lesionar nervos e músculos
- se não forem tratados logo, podem deixar sequelas sérias.
No caso das crianças, se elas estiverem engessadas e
apresentarem choro intenso, desconforto acima do normal ou dor, os pais devem
procurar imediatamente o ortopedista ou algum serviço de emergência.
Seja qual for a idade, no entanto, existem algumas
recomendações em relação ao gesso: não pode molhá-lo, usar agulha de tricô ou
régua para coçar a pele ou colocar talco dentro. De acordo com o ortopedista
Moisés Cohen, porém, o gesso não tem sido muito utilizado pelos médicos
atualmente, que preferem um tratamento que imobilize o local, mas ainda
possibilite um pouco de movimento, como a bota ortopédica, por exemplo. Isso
porque, com o gesso, as articulações ficam paradas por muito tempo e podem se
prejudicar.
Segundo o médico, atualmente, há ainda uma tendência de
operar a fratura porque a recuperação é mais rápida. Certas lesões, por
exemplo, exigem o uso de pinos, hastes, placas ou fixadores. Porém, existem
casos em que não há necessidade de corte na cirurgia. Depois do procedimento, o
paciente geralmente precisa utilizar uma tala, que ajuda a aliviar a dor e
serve também para o médico observar a recuperação.
Qual o jeito certo de cair?
Saber cair é importante para evitar lesões e machucados mais
graves, como explicou o professor de judô Dante Kanayama.
A dica é transformar a queda em rolamento, como se fosse uma
continuação do movimento, o que não prejudica nenhuma articulação e nem a
cabeça. Além disso, não é recomendável tensionar o corpo na hora de cair - ir
contra o movimento pode afetar as articulações, como explicou o professor.
Como evitar quedas em casa?
As pessoas não percebem, mas a casa pode ser um ambiente
cheio de armadilhas. O fio da televisão, o tapete solto ou até a mesa de centro
podem favorecer quedas e outros acidentes, como mostrou a reportagem da Daiana
Garbin.
Segundo a terapeuta ocupacional Mariana Pietra, a dica é
prender bem os fios e colocar fita adesiva na ponta dos tapetes, para evitar
que ele deslize no chão. Já na mesa de centro a dica é colocar suportes nos
cantos. O perigo costuma ser ainda maior para os idosos e, para eles, a
terapeuta recomenda tomar alguns cuidados, como utilizar sapatos que fiquem bem
presos no pé e tapetes antiderrapantes no banheiro.
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