segunda-feira, 10 de março de 2014

A frouxidão ligamentar e seus efeitos no corpo


Quem já não se surpreendeu com as imagens de ginastas olímpicas se dobrando ao meio em suas piruetas acrobáticas, com os contorcionistas circenses que parecem não ter coluna cervical ao colocar os pés lado a lado das bochechas, ou mesmo com aquele tio engraçadinho que se dizia mágico por contorcer pernas, braços e dedos como se fossem feitos de borracha? Todos nós já suspiramos de aflição ao vê-los em ação, mas saiba que, na verdade, não há truque algum envolvido, nem dor. Isso porque, além do sorriso no rosto enquanto executam suas manobras, na maioria das vezes, o que eles têm em comum é uma condição clínica chamada de frouxidão ligamentar.

Na literatura médica, a frouxidão está relacionada à chamada de Síndrome de Ehlers-Danlos e descrita como uma doença genética relacionada à síntese de colágeno, que causa hipermobilidade das articulações e algumas outras alterações corporais. Pelo menos 13 tipos desta síndrome foram identificados e os tipos são relacionados a distúrbios hereditários mais comuns do tecido conjuntivo, podendo acometer diferentes articulações e se manifestar em diferentes graus de severidade.

Entre os indicativos mais claros da síndrome estão:

- Hipermobilidade articular, como dobrar o punho e o polegar até ao antebraço;
- Sinal de Gorlin, que é o ato de conseguir tocar no nariz com a língua;
- Resistência à dor, o que explica os sorrisos diante das supostamente dolorosas manobras;
- Hiperelasticidade da pele.

Diferentemente do que se pode pensar, essa grande amplitude de movimentos não é um alongamento natural, ou algo positivo. Alterações oculares, que comprometem a visão podem acometer quem sofre da síndrome e a chance de gestantes terem partos prematuros também são aumentadas. Os portadores da síndrome são mais propensos a sofrer lesões, como entorses e rompimentos ligamentares, bem como desenvolver tendinites e bursites.

Com raras exceções, o tempo de vida das pessoas com síndrome de Ehlers-Danlos é normal. Ela não tem cura, mas ter o diagnóstico da doença é importante para prevenir e tratar precocemente suas complicações. Estabelecer um plano de atividades físicas, com foco no fortalecimento das musculaturas que envolvem as articulações afetadas, bem como evitar exercícios de alto impacto, pode ajudar a reduzir o risco de lesões.

Assim, uma vez desenvolvida a propriocepção e o senso de limites do corpo, quem tem frouxidão ligamentar pode ter uma vida normal. Se seu objetivo não for se unir à trupe do Cirque du Soleil, ou algo parecido, o portador da frouxidão vai acabar como todos nós, na corda bamba da vida, encarando os desafios contemporâneos com as mesmas manobras e acrobacias que precisamos fazer cotidianamente.

Fonte: Blog Albert Einsten

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