segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Como usar salto alto sem prejudicar a saúde



Muitas profissionais trabalham diariamente com sapatos de salto alto. Apesar de serem considerados itens elegantes e necessários para compôr o visual, eles podem prejudicar a saúde. Com o tempo, alguns desconfortos podem surgir, como problemas do quadril, na coluna, artrose nos ossos, descontrole postural, além do desequilíbrio, que pode causar quedas. Para o ortopedista do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, Marcos Kardequi Silva Raquel, a solução para evitar que isso ocorra é variar a altura dos sapatos.

"O importante é alterar o uso dos sapatos com saltos mais altos e mais baixos para não acostumar a musculatura. É importante saber que são considerados altos os saltos acima de 15 centímetros, os de 5 a 10 centímetros são medianos e abaixo disso, são considerados baixos", explicou o ortopedista.


Sapatos mais recomendados

Para as mulheres que não conseguem descer do salto, os sapatos mais recomendados são os de plataforma, pois possuem a mesma extensão em sola e permitem que o peso do corpo tenha melhor distribuição.

"O sapato ideal está longe de ser bonito. Ele deveria ter no máximo quatro centímetros de altura, com formato largo nos dedos e de preferência com o bico quadrado. E, para completar, o salto deveria ser quadrado também, pois garante mais estabilidade", afirmou o médico.

Não são somente os sapatos de salto que prejudicam os pés, as sandálias rasteiras não suportam impacto, além do pé ficar solto e o peso corporal ficar localizado no calcanhar.


Dicas

Para evitar as dores dos pés, depois de um dia de trabalho, o médico recomenda que as mulheres façam exercícios e alongamentos. A prática duas vezes por semana ajuda na prevenção de câimbras e inchaços. Além disso, um escalda pé com água morna ajuda a eliminar as dores. Outra dica é colocar proteção nas áreas de atrito, como protetores de gel e orteses para distribuição das pressões nas saliências ósseas, que ajudam para alívio de calos e joanetes.


No momento da compra

Na hora de comprar um sapato, não se deixe levar apenas pela estética do produto. Avalie se ele é confortável para ficar calçada durante 8 horas diariamente. O ortopedista explica que o sapato deve ser correspondente ao formato do pé, nem largo nem apertado.

O melhor horário para realizar a compra é no final da tarde ou começo da noite, quando os pés estão mais largos. O ideal é que sobre de 0,5 a 1,3 centímetro entre o dedo maior e o final do sapato, que não deve ser feito de um material duro.

"Não acredite que o sapato vai lacear e calce sempre os dois pés no calçado, pois normalmente temos um pé maior que o outro", concluiu o especialista.

Fonte: Revista Proteção

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

As Vantagens da Ginástica Laboral




Realizada no ambiente de trabalho, a ginástica laboral é composta por uma série de exercícios físicos simples e rápidos, que favorece o equilíbrio entre corpo e mente, relaxando e renovando o ânimo e a disposição dos funcionários.

Parte do cansaço e das dores que sentimos ao final do dia é consequência da má postura adotada durante o trabalho. Por horas e horas permanecemos na mesma posição, repetindo movimentos que acabam por sobrecarregar a musculatura. “A prática dos exercícios de alongamento ajuda a restabelecer a saúde física e mental”, explica a fisioterapeuta Roberta Potenza da Cunha Ribeiro.

Os benefícios da ginástica laboral são muitos: redução do estresse e das dores musculares, bem como melhora da concentração, da postura, da circulação e da flexibilidade. E se o funcionário se sente bem, a empresa tem um ótimo retorno, já que o índice de acidentes de trabalho e de funcionários afastados por lesões de repetição e outras doenças diminui. E tem mais: com a equipe motivada e estimulada, o aumento da produtividade é evidente. 

Estique-se no expediente 
"A cada duas horas, interrompa o trabalho e faça os exercícios abaixo. Mas não exagere: pratique cada um dos movimentos por, no máximo, 1 minuto”, orienta Roberta.

- Alongamento da coluna: em pé, espreguice-se, esticando os braços. Depois, flexione o tronco para frente e, em seguida, para os lados.

- Relaxe o pescoço e os ombros: faça movimentos circulares com os ombros, alternando-os para frente e para trás. Em seguida, movimente o pescoço para frente e para trás e de um lado para o outro. Por fim, faça um grande círculo com a cabeça, tanto no sentido horário quanto no anti-horário.

- Alongamento do antebraço: estique um braço para frente, deixando os dedos abaixados. Com a outra mão, puxe gentilmente os dedos para baixo, ficando com a palma voltada para seu tronco. 

Fonte: Portal Vital

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Coluna Vertebral: Mitos e Verdades

Cruzar as pernas prejudica a coluna? Fumantes sofrem mais de dores nas costas? Praticar natação melhora a escoliose? Dormir no chão ajuda a colocar a coluna no lugar?



Composta por ossos que são chamados vértebras, a coluna vertebral é considerada uma das mais importantes regiões do corpo humano. Muito flexível, esta parte de nosso corpo é responsável pela sustentação da cabeça, fixação das costelas e os músculos do dorso, além de suas curvaturas serem responsáveis pela força e equilíbrio corporal.

A coluna vertebral (ráquis) é constituída pela superposição de uma série de ossos isolados denominados vértebras. Superiormente, se articula com o osso occipital (crânio); inferiormente, articula-se com o osso do quadril (Ilíaco).

A coluna vertebral é dividida em quatro regiões: Cervical, Torácica, Lombar e Sacro-Coccígea. São 7 vértebras cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e cerca de 4 coccígeas. O sacro e o cóccix não se movimentam e as vértebras restantes (cervicais, lombares e torácicas) são móveis.
Problemas como escoliose, artrose, hérnia de disco, entre outros, afetam grande parte da população. Assim, muitos mitos são criados quando o assunto é coluna vertebral.

1. Praticar natação ajuda a corrigir escoliose?
Mito. A natação, por ser uma atividade simétrica, não pode colaborar na correção da curva escoliótica. Este exercício, além de trabalhar o fortalecimento muscular, promove o alongamento de forma equilibrada utilizando os dois lados com a mesma intensidade. Ao contrário do tratamento, que muitas vezes visa corrigir a escoliose com distribuições diferentes em cada lado da coluna, para equilibrar a cadeia cinética posterior. Além disso, algumas modalidades da natação, como borboleta e nado peito, podem prejudicar a coluna, gerando sobrecarga excessiva sobre a região.

2. Cruzar as pernas pode prejudicar a coluna?
Verdade. Claro que o hábito de cruzar as pernas, para as mulheres, é uma posição confortável, além de elegante, porém, é preciso ficar atento para não abusar deste hábito e prejudicar a saúde. Ao cruzar as pernas, a coluna vertebral se desvia para a esquerda ou para a direita, devido o desequilíbrio da região pélvica. Outro problema que pode ser ocasionado por este costume, além de prejudicar o fluxo sanguíneo, é a escoliose (desvio da coluna vertebral no plano frontal).

3. Dormir no chão – ou num colchão duro – é bom para as costas?
Mito. A rigidez poderá agravar, ainda mais, a contratura muscular. Durante uma provável crise de dor nas costas, a pessoa deve repousar em seu próprio colchão, podendo deitar-se de lado, com um travesseiro entre as pernas.

4. Cirurgia é a única saída para acabar com a hérnia de disco?
Mito. Hérnias de disco representam uma causa comum de dor nas costas. Mas não é a única. Ao identificar uma hérnia de disco, o médico, ortopedista ou neurocirurgião, deve estar atento para outros problemas na coluna que podem acompanhar essa condição. Desta forma, pesa na decisão do médico a associação com outras alterações e como elas se traduzem clinicamente. Além disso, a decisão deve ser baseada mais no prejuízo que a doença traz para o paciente em termos de perda de horas de trabalho e lazer, limitações físicas para as atividades do dia-a-dia e perda na qualidade de vida e menos no resultado dos exames de imagem. Diversos tratamentos podem aliviar o problema, entretanto, é sempre recomendável procurar um especialista antes de tomar qualquer decisão.

5. Todos que sofrem de dor nas costas devem realizar uma ressonância magnética?
Mito. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 80% das pessoas sofrem ou sofrerão de dor nas costas pelo menos uma vez na vida. Entretanto, o primeiro passo para combater este mal é procurar um especialista e descobrir as causas para solucionar de vez este problema.

6. Estalar o pescoço com o movimento da cabeça faz mal à coluna?
Verdade. Apesar de esse hábito propiciar alívio para alguns nunca se deve fazer isso. Estalar a coluna e o pescoço prejudica – e muito – suas articulações, além de causar, em alguns casos, dores de cabeça, zumbidos e vertigens.

7. Fumantes têm mais dores nas costas do que não fumantes?
Verdade. O cigarro, não faz bem a nenhuma parte do corpo humano, e em relação às costas, não poderia ser diferente. Os fumantes inalam mais substâncias tóxicas, sendo assim, prejudicam a circulação sanguínea no disco intervertebral, que pode causar mais dores na região.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Dor nas costas em crianças


Mochila pesada, muitas horas no sofá em frente à TV, má postura na carteira da escola. O resultado não poderia ser diferente: seu filho reclama de dor nas costas. O problema, assim como outros que fazem parte da vida moderna, já não é mais exclusividade dos adultos – e a incidência entre os pequenos só aumenta. “Antigamente a dor nas costas era sinal de algo mais grave, como alguma infecção, e costumava deixar os pediatras preocupados”, diz a reumatologista Margarida Fernandes Carvalho, presidente do Departamento de Reumatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Hoje, a reclamação é mais comum, mas sabemos que a maioria é de origem muscular.

As crianças, principalmente as de centros urbanos, têm rotina de gente grande: passam mais tempo sentadas, são sedentárias e até obesas. Isso prejudica a musculatura abdominal e das costas”, explica. Não é à toa que estudos realizados em diferentes países nos últimos anos mostram que até 70% das crianças e adolescentes já se queixaram um dia de dor nas costas (nos adultos com até 50 anos, a incidência é de 80%).

A solução seria, então, investir em atividades físicas? Nem tanto. Como tudo o que é demais faz mal, se o seu filho pratica diversos esportes também pode sofrer com o sintoma. O mesmo acontece se tiver a agenda cheia. Isso porque o excesso de exercícios físicos e o estresse sobrecarregam a musculatura, provocando a dor nas costas. A boa notícia é que, em geral, na infância, o problema é mais fácil de tratar e, principalmente, de evitar. Veja como encontrar esse equilíbrio a seguir.

A causa da dor
A distensão e a tensão dos músculos são os motivos mais frequentes para a queixa do seu filho. Ele pode reclamar de dor tanto depois de um dia intenso de brincadeiras como após uma longa partida de videogame. A obesidade também é um fator de risco, pois o acúmulo de gordura na região lombar influencia a postura, além de sobrecarregar a coluna. E a mochila é uma das grandes vilãs (veja quadro na página a seguir). Outros fatores menos comuns são infecções (nos rins, pulmões ou vértebras), anormalidades da coluna, como escoliose (desvio à direita ou à esquerda) ou espondiolise (malformação da última vértebra lombar), artrite juvenil (inflamação nas articulações) e tumores.

O peso da idade
A não ser em caso de certas doenças, antes dos 5 anos é raro a criança reclamar de dor nas costas, pois as articulações e a musculatura ainda não sofreram qualquer desgaste. Por isso, é importante prestar atenção também à postura infantil. Nas fases em que ocorrem os chamados estirões de crescimento (aos 2, 7 e 14 anos), alterações como a escoliose, que nem sempre causam dor, ficam mais evidentes. 

Ir ao médico nem sempre é preciso
Antes de marcar uma consulta com o pediatra, tente lembrar como foi o dia do seu filho: ele correu muito? Machucou-se enquanto jogava futebol? Ficou muitas horas em frente à TV? Nesses casos, é provável que a dor desapareça sozinha. Mas, se a queixa for constante, avise o médico. Ele vai fazer uma análise física e, se achar necessário, solicitar exames de imagem, como radiografias, ou de sangue. É importante ficar atento também se aparecerem outros sintomas, como febre e apatia, que podem indicar algo mais grave e, por isso, devem ser investigados com urgência.

Caso de família
Sim, há evidências que mostram que certos tipos de doenças relacionadas à coluna e que causam dor são hereditárias. Uma pesquisa realizada com gêmeos adultos pela Universidade de Tel Aviv, em Israel, sugere que os não idênticos (que compartilham apenas metade do código genético) têm três vezes mais chance de sofrer dessa dor se o irmão também sofre. No caso dos idênticos, o risco aumenta para seis (saiba mais sobre doenças genéticas na reportagem especial de capa). Apesar de o estudo ter sido feito com adultos, se houver histórico de problemas de coluna na sua família é preciso avisar o pediatra.

Trava no pescoço
O torcicolo provocado por “mau jeito”, como acontece com os adultos, é raro na infância porque as crianças são mais flexíveis (no entanto, existe um tipo que é congênito: uma malformação muscular que “entorta” o pescoço para um dos lados e pode ser corrigida com fisioterapia desde os primeiros meses de vida ou cirurgia). Vale lembrar que o uso de travesseiro só é recomendado a partir do primeiro ano de vida por causa do risco de sufocamento. E, independentemente do material com que for fabricado, o ideal é que ele mantenha coluna, pescoço e cabeça alinhados quando a criança estiver deitada de lado.

Alívio para os sintomas
Quando a dor nas costas do seu filho for de causa muscular, o pediatra pode indicar compressas quentes, relaxantes musculares e analgésicos. Ele também vai dar orientações sobre a postura correta e indicar exercícios para alongar e fortalecer os músculos, que podem ser acompanhados por um fisioterapeuta ou professor de Educação Física. Já as dores causadas por doença mais graves, que vão de infecções a alterações na coluna, vão ser tratadas com antibióticos, anti-inflamatórios ou cirurgias corretivas, de acordo com a origem do problema.

Como proteger seu filho 
Desde os primeiros anos de vida, a criança tem de aprender a cuidar da postura. Ao pegar algo no chão, por exemplo, ensine-a a dobrar os joelhos e não as costas. Para sentar, seja no sofá, na cadeira ou na carteira da escola, a coluna tem de ficar reta e as coxas, paralelas ao chão. Compromissos demais além da escola podem “roubar” o tempo que o seu filho tem para brincar – e descansar também. Isso sem falar na pressão que uma agenda de adulto pode trazer. O hábito de praticar esportes tem de começar na infância. Um estudo dinamarquês feito com crianças de 9 anos mostrou que aquelas que praticavam atividades físicas regularmente tinham menos chance de sofrer de dores nas costas aos 12.

Fonte: Revista Crescer

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Tendinopatia



A tendinopatia é uma lesão de sobrecarga ou por esforço repetitivo, que afeta um ou mais tendões, gerando muita dor, inflamação e até deformidades ósseas quando crônicas. Os tendões são estruturas anatômicas que unem os músculos aos ossos, dando movimento aos mesmos. Portanto, em todo corpo, onde há tendão, pode haver tendinite. No pé e tornozelo não é diferente.

Esse é um problema comum entre pessoas que treinam duro, com sobrecarga dos esforços ou são atletas que aumentam a intensidade ou mudaram o treinamento. Os sintomas incluem dor ao mobilizar o pé e tornozelo, principalmente ao longo do curso do tendão. Pode haver formigamento, pontada ou fisgada devido à inflamação do nervo que o rodeia.
A tendinopatia pode ser descrita como um espectro de diagnósticos, envolvendo lesões nessas estruturas anatômicas, como: tendinite, peritendinite e tendinose. O termo tendinite, por exemplo, é usado para processos inflamatórios agudos envolvendo a bainha tendínea (membrana que envolve o tendão), enquanto que tendinopatia é o termo mais adequado para descrever quadros de dor crônica nos tendões, acompanhada dos sinais e sintomas já descritos anteriormente.
CAUSAS
A tendinopatia é causada por "overuse" (sobrecarga) e é mais provável de ocorrer quando o modo, a intensidade ou a duração da atividade física mudam ou intensificam de alguma forma diferente da habitual.

Inicialmente, há irritação do revestimento externo do tendão. Isso é chamado peri ou paratendinite. Em seguida pode acontecer a sua degeneração, tornando-o mais espesso. O tendão fica mais fraco e perde a sua força (tendinose), o que pode levar a uma ruptura completa ou parcial.
É importante considerar e tratar as causas extrínsecas e intrínsecas da lesão nos tendões. Os fatores extrínsecos incluem o uso excessivo do tendão, erros frequentes de treinamento, tabagismo, abuso de medicação e uso de sapatos ou outros equipamentos não adequados para a atividade específica. Fatores intrínsecos são: flexibilidade e resistência do tendão, idade do paciente, alterações anatômicas e suprimento vascular.
COMO EVITAR
Tipos anormais de pé (como o pé plano e cavo) e alterações no ciclo de marcha aumentam o risco de gerar uma tendinopatia. Apenas uma pisada errada, encurtamentos e outras pequenas alterações que já desequilibram a musculatura podem gerar o processo degenerativo, por isso, para evitar a lesão, é necessário adquirir um tênis adequado, não exagerar nos treinamenos, fazer uma avaliação ortopédica para ver a pisada e analisar se existe alguma irregularidade na mecânica.
Também é importante ter um período de recuperação para satisfazer as exigências crescentes sobre os tecidos; quando o descanso é inadequado, ocorre a não recuperação celular e, consequentemente, a inflamação. Portanto, a inflamação do tendão é uma reação secundária.
TRATAMENTO
O tratamento deve sempre começar com medidas conservadoras, incluindo a proteção, repouso relativo, gelo, compressão e elevação, medicamentos anti-inflamatórios não esteróides (AINE) e analgésicos estão indicados na fase aguda e modalidades de exercício de reabilitação (PRICEMM) .
O paciente deve ser encorajado a reduzir o seu nível de atividade física para diminuir o esforço repetitivo sobre o tendão. Os exercícios de reabilitação envolvem um programa de alongamento e fortalecimento e devem ser iniciados precocemente. Nos casos graves, há um período de imobilização para acalmar a dor e a inflamação ocasionadas pela lesão antes do início da terapia.

Outras modalidades de fisioterapia incluem ultrassons, a iontoforese (carga elétrica para dirigir a medicação para dentro dos tecidos) e fonoforese (utilização de ultrassons para melhorar a entrega de drogas aplicadas topicamente), mas há pouca evidência da sua eficácia no tratamento.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O manual dos ossos de aço





Resguardar o arcabouço do corpo humano e quebrar as estatísticas de osteoporose que assustam o país: eis a bandeira levantada pela Campanha Firme e Forte, iniciativa recémcriada por três sociedades médicas — a Brasileira de Densitometria Clínica, a Brasileira para o Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral e a Brasileira de Osteoporose —, com o apoio do Ministério da Saúde, que pretende alertar e ajudar a população a prevenir a doença que fragiliza a ossatura.
Basta ver alguns números para entender a magnitude do problema e do projeto. Uma em cada três mulheres sofre de osteoporose, enquanto um em cada cinco homens desenvolve o mal. No Brasil, todo ano ocorrem algo em torno de 2,4 milhões de fraturas motivadas por essa condição. Pior: estima-se que 75% dos diagnósticos são feitos só depois de um osso quebrado.
As projeções tampouco são animadoras, visto que levantamentos recentes revelam que nove em cada dez brasileiras — e as menopausadas formam o grupo de maior risco — não ingerem a recomendação diária de cálcio, mineral crucial ao tecido ósseo. É um indício de que o leite e seus derivados, os principais depósitos do nutriente, andam escassos à mesa — e olha que tem muita gente excluindo os laticínios por razões sem um fundamento científico.
Além disso, os níveis de vitamina D, aliada do esqueleto obtida com a exposição ao sol, estão cinco vezes mais baixos que o preconizado. É preciso mudar esse panorama, e isso também depende das atitudes de cada um. "Nossa campanha quer mostrar que a prevenção começa mais cedo, quando o indivíduo ainda é jovem", diz o ginecologista Bruno Muzzi, presidente da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica. A ideia de prevenção, aliás, perpassa a vida inteira, já que, mesmo com o distúrbio detectado, seus danos podem ser minimizados com atividade física, dieta e, se necessário, remédios.
"A osteoporose continua menos conhecida que doenças como a pressão alta e o câncer. Temos de alterar esse cenário em que se descobre o problema depois de fraturar um osso", avalia Suely Roitman, presidente da Federação Nacional de Associações de Pacientes e de Combate à Osteoporose. Só com informação, mudanças no estilo de vida, bem como diagnóstico e tratamento precoces, dá para enfrentar a epidemia, que, segundo os gráficos médicos, têm tudo para crescer se as pessoas permanecerem paradas.
Afinal, o que leva os ossos a fraquejarem? "O avançar dos anos, a hereditariedade, o sedentarismo, o consumo inadequado de alguns nutrientes e a menopausa precoce, no caso das mulheres, estão entre os principais fatores de risco", enumera o ortopedista Sérgio Ragi, do Centro de Diagnóstico e Pesquisa da Osteoporose do Espírito Santo. Repare que não dá para anular todos os ingredientes dessa receita — ninguém é capaz de congelar o tempo ou mudar os genes —, mas ajustar as contas com a alimentação e se exercitar representam muito mais do que um bom começo. Tais hábitos, somados aos banhos de sol e ao corte no álcool e no cigarro, ajudam a brecar a perda de massa óssea que é natural do envelhecimento.
"O tecido do esqueleto é formado pra valer até a terceira década de vida e fica estável até os 45 anos. A partir daí, há uma redução de 0,5% da sua massa por ano", explica o reumatologista Cristiano Zerbini, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A osteoporose, porém, acelera esse fenômeno, chegando ao ponto de esburacar o osso, que, sem causar alarde, fica sujeito a rachaduras e quebras num simples tombo. "O perigo é o fato de a doença ser tão silenciosa. Por vezes a fratura é a sua primeira manifestação", avisa a reumatologista Evelin Goldenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista. O ideal, portanto, é agir e defender fêmur, bacia e companhia antes que eles se mostrem fracos demais.
Quem descobre que o esqueleto já está ficando frágil — ou até refém da osteoporose — deve evitar a cilada de pensar que o caminho não tem volta. Felizmente, existem estratégias farmacológicas que, somadas aos hábitos listados nas páginas anteriores, promovem uma saudável reforma na ossatura, ou melhor, colaboram para que ela volte a ficar resistente e dura na queda. Antes de tudo, é importante rastrear se não há outra doença patrocinando o enfraquecimento ósseo. "Males como artrite reumatoide, tumores e disfunções da tireoide podem estar associados à osteoporose", lembra Evelin Goldenberg.
O diagnóstico do problema ou da fase que o antecede, a osteopenia, se vale de um exame, a densitometria óssea — ela também é requisitada durante o tratamento. Dosagens hormonais e de vitamina D também podem ser solicitadas para investigar fatores por trás da doença. Essa sondagem ajuda a formular o melhor plano de obras para proteger o esqueleto. Lembre-se: a ideia de prevenir persiste mesmo com a osteoporose instalada, já que é possível paralisar ou atenuar a destruição da massa óssea.
Essa empreitada demanda, muitas vezes, a suplementação de cálcio e vitamina D, que costuma ser receitada mesmo antes de a enfermidade aparecer. Com a idade, as cápsulas ganham importância porque fica mais difícil atingir as doses do mineral de forma natural. Agora, se o mal começa a roer o suporte do corpo, os médicos também partem para os remédios. "Num primeiro momento, lançamos mão de drogas que bloqueiam a reabsorção óssea e, se o problema evolui, há as que estimulam a formação de osso", diz Marcelo Pinheiro. Um novo medicamento deve chegar ao Brasil nos próximos meses e há materiais promissores que poderão ser incorporados ao canteiro terapêutico contra a encrenca. No entanto, ninguém precisa esperar eles chegarem para se mexer. Seu esqueleto depende de um bom mestre de obras: que seja você. 

Medidas fortificantes
O que fazer para reduzir o risco de osteoporose

- A atividade física
"Os exercícios de impacto, como trote e corrida, e a musculação disparam descargas elétricas que ativam as células formadoras de osso", explica o reumatologista Marcelo Pinheiro, da Universidade Federal de São Paulo. Além deles, vale a pena investir em modalidades que trabalhem o equilíbrio, a postura e a flexibilidade. Na presença de osteoporose, evite exercícios que envolvam a torção da cintura, abdominais, cargas pesadas e treinos extravagantes. 

- A dieta ideal
"Os adultos devem ingerir mil miligramas de cálcio por dia, o que equivale a quatro porções de leite e derivados. Já os idosos precisam de cinco", calcula a nutricionista Lígia Martini, da Universidade de São Paulo. Deve-se maneirar no chocolate e no café, assim como no sal, porque eles elevam a eliminação de cálcio. E o mesmo se aplica ao fósforo, abundante em produtos industrializados, porque compete com ele. Por fim, vale investir no ômega-3, gordura dos peixes que estimula a fábrica de osso. 

- Menos álcool e sem cigarro
Abusar das bebidas é prejudicial por diversos motivos. "O álcool pode danificar a absorção de cálcio no intestino e tem um efeito tóxico sobre as células construtoras de osso", pontua Marcelo Pinheiro. "Já o tabagismo acelera, entre outras coisas, o processo de morte programada dessas células", diz. 

- Os banhos de sol
Quinze minutos diários, com braços e pernas expostos sem protetor solar, é o tempo indicado para receber a cota de vitamina D — 10 microgramas —, substância essencial à absorção de cálcio. Ela aparece em doses menores nos laticínios e nos peixes. Hoje há leites e iogurtes enriquecidos com cálcio e vitamina D, boa opção para cumprir as metas.

- Cuidado com remédios
O uso crônico ou indiscriminado de certos medicamentos, como corticoides, hormônios artificiais e anticonvulsionantes, aumenta o risco de danos irreversíveis ao esqueleto. Tanto médico quanto paciente devem ficar atentos. 

Por dentro do esqueleto 
Como ele se comporta e pode sofrer com os anos

- Tecido ativo
Há células que formam osso e outras que o reabsorvem. As primeiras produzem as vigas onde se deposita o cimento de cálcio.

- Poupança óssea
Por volta dos 20 anos há o pico de massa óssea, que se consolida até os 30. Ela fica estável até os 45 e, a partir de então, passa a diminuir.

- A osteopenia
Ela precede a osteoporose. O esqueleto de algumas pessoas sofre um desequilíbrio que leva à perda de osso.

- A osteoporose
Agora a redução da massa óssea se intensifica e, se um tratamento demorar para ser convocado, os ossos se enfraquecem a ponto de se esburacar.

- No canteiro de obras
Drogas e suplementos que combatem o quebra-quebra

- Cápsulas de cálcio
Nem sempre é fácil cumprir a recomendação diária do mineral — mil miligramas para adultos e 1 200 para idosos —, e o envelhecimento atrapalha sua absorção. Assim, por vezes se opta pelas cápsulas, que podem ser conciliadas com os alimentos — o cálcio deles, diga-se, é mais bem aproveitado.

- Gotas de vitamina D
Com os anos, o corpo perde parte da capacidade de sintetizar essa substância. Para driblar essa dificuldade e corrigir o déficit da vitamina, pode-se receitar o suplemento. A meta é alcançar 10 microgramas se a pessoa está com os ossos sãos ou 20 se tem a doença.

- Reposição hormonal
Com a menopausa e o corte no estrogênio, o esqueleto da mulher perde um leal protetor. Uma das funções do hormônio é trabalhar pela manutenção da massa óssea. Por isso, a reposição pode ser indicada, entre outros motivos, para resguardar a integridade dos ossos.

- Os medicamentos específicos
Diante da doença, os médicos costumam somar à suplementação os remédios que atuam diretamente no tecido ósseo. Eles se dividem em duas classes: os que bloqueiam as células que destroem o osso e os que instigam suas unidades formadoras. Há desde comprimidos diários até injeções anuais.


A densitometria óssea 
É o exame que bate o martelo sobre o diagnóstico da osteoporose. "Ele costuma ser pedido às mulheres no período da menopausa e aos homens na casa dos 65 ou 70 anos", diz a reumatologista Vera Szjenfeld, da Universidade Federal de São Paulo. É claro que, na presença de sintomas ou fatores de risco, ele deve entrar em cena mais cedo. Por meio de raios x, o aparelho mede a densidade dos ossos, geralmente os da coluna e o fêmur. "Também recorremos a ele para acompanhar o tratamento", diz Vera.


Os homens e a osteoporose 
Embora o mal dos ossos frágeis seja mais comum entre as mulheres, ele não poupa a ala masculina. "A perda de massa óssea é mais lenta entre os homens, mas pode ser acelerada por um déficit nos níveis de testosterona", explica Evelin Goldenberg. Aliás, não pense que os machos são muito mais resistentes aos efeitos da osteoporose. "Quando quebram o quadril, eles morrem mais que as mulheres", diz a médica.

Fonte: Site Revista Saúde!