segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Entenda o AVC


Tempo perdido é cérebro perdido. Esse é um ditado muito conhecido entre os neurologistas e que a população, uma vez tenha entendido o seu significado, nunca deverá esquecê-lo. Isso porque o Acidente Vascular Cerebral — conhecido como AVC ou derrame — precisa de cuidados rápidos e eficazes, sob pena de agravar as indesejáveis sequelas. A informação é o melhor meio de ajudar as pessoas a identificar o problema e otimizar o pronto socorro. O vocábulo pronto, aqui, deve ser entendido como imediato. Para começar, é preciso saber que o AVC pode ser de dois tipos: o isquêmico (85% dos casos), que ocorre quando uma artéria do cérebro deixa de fornecer sangue com oxigênio a uma determinada área, e o hemorrágico (15% dos casos de AVC), que acontece quando há extravasamento de sangue de uma artéria cerebral. Ao longo dos anos, uma série de alterações nos vasos sanguíneos pode enfraquecer as artérias e acabar causando o AVC. As razões pelas quais essas artérias vão ficando doentes são diversas e variam de pessoa para pessoa. Mas os principais fatores de risco são a hipertensão arterial, seguido do diabetes, as doenças cardíacas e o tabagismo.

De olho no relógio

O tempo ideal para tratar o AVC isquêmico é dentro de uma hora e meia do início dos sintomas. O tempo máximo, com uso de terapia por cateterismo é, para grande maioria dos casos, de oito horas. “Quanto antes for instituído o tratamento, melhor. A maior parte dos pacientes com AVC não chegará ao óbito. O grande problema, contudo, são as sequelas, que se resume em incapacidade”, alerta Gisele Sampaio, neurologista e coordenadora do Serviço de Neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

De volta para casa

Já na hipótese de um AVC hemorrágico, uma intervenção cirúrgica geralmente se faz necessária, seja para evacuação do sangue, seja para a oclusão do aneurisma — que é a dilatação de uma artéria. O objetivo final do procedimento é manter sob controle a pressão arterial do paciente. De acordo com Elza Dias Tosta, neurologista e presidente da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), “Uma equipe multidisciplinar e transdisciplinar tem o desafio de melhorar, e muito, a recuperação desses pacientes, o que inclui, obviamente, o benefício da diminuição de suas permanências no ambiente hospitalar”.

É fácil reconhecê-lo?

Os especialistas afirmam que não há uma ordem exata para o aparecimento dos sintomas e, de maneira geral, o ideal é iniciar o atendimento médico assim que o primeiro sinal for identificado. “Não há tempo médio antes de óbito, nem entre os sintomas, tudo depende da gravidade do ocorrido, do tipo e da causa primária do AVC. Os tratamentos mais tradicionais para o AVC isquêmico, por exemplo, são medicações que dissolvem o coágulo, mas que só funcionam se forem utilizados em até quatro horas e meia do início dos sintomas”, explica a médica Elza.

A hora da verdade

Quanto ao diagnóstico, ele é feito a partir do histórico do paciente e do exame físico. Apesar disso, é importante saber que o início agudo de sintomas neurológicos pode indicar uma doença vascular em qualquer tempo ou idade, mesmo que inexistam fatores de risco associados. A avaliação laboratorial também é útil e inclui análises sanguíneas e estudos de imagem (tomografia computadorizada de encéfalo ou ressonância magnética). Outros recursos diagnósticos utilizados são ultrassom de carótidas e vertebrais, bem como a ecocardiografia e angiografia.

Os tipos de tratamento

O tratamento para o AVC isquêmico inclui o uso de anticoagulantes. Mas eles são eficazes se ministrados em até cerca de quatro horas do início dos sintomas. No hemorrágico, pode ser necessário um procedimento cirúrgico. A novidade é o tratamento do AVC isquêmico, por meio de cateterismo: com dispositivos especiais, a artéria que está ocluída pode ser recanalizada.


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