Tempo perdido é cérebro perdido.
Esse é um ditado muito conhecido entre os neurologistas e que a população, uma
vez tenha entendido o seu significado, nunca deverá esquecê-lo. Isso porque o
Acidente Vascular Cerebral — conhecido como AVC ou derrame — precisa de
cuidados rápidos e eficazes, sob pena de agravar as indesejáveis sequelas. A
informação é o melhor meio de ajudar as pessoas a identificar o problema e
otimizar o pronto socorro. O vocábulo pronto, aqui, deve ser entendido como
imediato. Para começar, é preciso saber que o AVC pode ser de dois tipos: o
isquêmico (85% dos casos), que ocorre quando uma artéria do cérebro deixa de
fornecer sangue com oxigênio a uma determinada área, e o hemorrágico (15% dos
casos de AVC), que acontece quando há extravasamento de sangue de uma artéria
cerebral. Ao longo dos anos, uma série de alterações nos vasos sanguíneos pode
enfraquecer as artérias e acabar causando o AVC. As razões pelas quais essas
artérias vão ficando doentes são diversas e variam de pessoa para pessoa. Mas
os principais fatores de risco são a hipertensão arterial, seguido do diabetes,
as doenças cardíacas e o tabagismo.
De olho no relógio
O tempo ideal para tratar o AVC
isquêmico é dentro de uma hora e meia do início dos sintomas. O tempo máximo,
com uso de terapia por cateterismo é, para grande maioria dos casos, de oito
horas. “Quanto antes for instituído o tratamento, melhor. A maior parte dos
pacientes com AVC não chegará ao óbito. O grande problema, contudo, são as sequelas,
que se resume em incapacidade”, alerta Gisele Sampaio, neurologista e
coordenadora do Serviço de Neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein
(SP).
De volta para casa
Já na hipótese de um AVC
hemorrágico, uma intervenção cirúrgica geralmente se faz necessária, seja para
evacuação do sangue, seja para a oclusão do aneurisma — que é a dilatação de
uma artéria. O objetivo final do procedimento é manter sob controle a pressão
arterial do paciente. De acordo com Elza Dias Tosta, neurologista e presidente
da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), “Uma equipe multidisciplinar e
transdisciplinar tem o desafio de melhorar, e muito, a recuperação desses
pacientes, o que inclui, obviamente, o benefício da diminuição de suas
permanências no ambiente hospitalar”.
É fácil reconhecê-lo?
Os especialistas afirmam que não
há uma ordem exata para o aparecimento dos sintomas e, de maneira geral, o
ideal é iniciar o atendimento médico assim que o primeiro sinal for
identificado. “Não há tempo médio antes de óbito, nem entre os sintomas, tudo
depende da gravidade do ocorrido, do tipo e da causa primária do AVC. Os
tratamentos mais tradicionais para o AVC isquêmico, por exemplo, são medicações
que dissolvem o coágulo, mas que só funcionam se forem utilizados em até quatro
horas e meia do início dos sintomas”, explica a médica Elza.
A hora da verdade
Quanto ao diagnóstico, ele é
feito a partir do histórico do paciente e do exame físico. Apesar disso, é
importante saber que o início agudo de sintomas neurológicos pode indicar uma
doença vascular em qualquer tempo ou idade, mesmo que inexistam fatores de
risco associados. A avaliação laboratorial também é útil e inclui análises
sanguíneas e estudos de imagem (tomografia computadorizada de encéfalo ou
ressonância magnética). Outros recursos diagnósticos utilizados são ultrassom
de carótidas e vertebrais, bem como a ecocardiografia e angiografia.
Os tipos de tratamento
O tratamento para o AVC isquêmico
inclui o uso de anticoagulantes. Mas eles são eficazes se ministrados em até
cerca de quatro horas do início dos sintomas. No hemorrágico, pode ser
necessário um procedimento cirúrgico. A novidade é o tratamento do AVC
isquêmico, por meio de cateterismo: com dispositivos especiais, a artéria que
está ocluída pode ser recanalizada.
Fonte: Revista Viva Saúde
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