A paralisia facial periférica (PFP) ocorre quando há
interrupção da condução nervosa do nervo facial, consequência de diferentes
fatores etiológicos, tais como traumáticos (pode acometer os indivíduos através
de objetos cortantes ou perfurantes, projéteis de arma de fogo, acidentes
automobilísticos e outros), infecciosos (causadas pela meningite,otites, herpes
zoster e outras), neoplásicos, disfunções metabólicas (Diabetes Mellitus,
hipotireoidismo, gravidez), idiopáticos e outros.
De acordo com a fisioterapeuta Nilvânia Pereira, essa doença
causa a paralisia de um conjunto de músculos, os quais são responsáveis pela mímica facial, podendo
acarretar grandes deformidades fisionômicas que levam a incapacidades físicas,
psicológicas e sociais. “A pálpebra inferior fica caída, ocorre inchaço facial,
dificuldade de fechar completamente os olhos, mas, claramente, os sintomas
variam de acordo com a localização e a gravidade da lesão do nervo facial. A paralisia
facial periférica pode causar também outros sintomas, como: os sulcos da testa
ficam menos pronunciados do lado paralisado, o globo ocular se levanta ao
tentar fechar a pálpebra (sinal de Bell), os cílios do lado afetado ficam mais
evidentes do que o lado sadio quando os olhos tentam se fechar, a fenda da
pálpebra aumenta, há uma ausência do sulco nasomentoniano e queda da comissura
labial”, explica.
A boca e a língua são desviadas para o lado sadio, quase
impossibilitando de conter líquidos, assobiar, soprar ou sorrir. Distúrbios da
gustação, salivação, lacrimejamento, entre outros, podem estar associados. Sua
incidência varia de 20 a 30 casos por 100 mil pessoas, homens e mulheres são igualmente afetados.
“Importante salientar que, entre 2009 e 2013, tive 21 casos de atendimento no
consultório”, destaca.
Outros fisioterapeutas também relatam o alto índice de
pacientes com este tipo de paralisia que procuram atendimento. “O tratamento da
paralisia facial periférica deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar,
composta por médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros”, acrescenta
Nilvânia.
Os recursos e técnicas fisioterapêuticas exercem um papel
fundamental na recuperação ou minimização destas complicações, porém, a
recuperação da função do nervo facial depende da etiologia, idade do paciente,
comprometimento neuromuscular, tipo de lesão, nutrição do nervo e tratamento
instituído. “O objetivo principal da fisioterapia é restabelecer o trofismo, a
força e a função muscular através de recursos como a cinesioterapia, feedback
visual, crioterapia, facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP),
eletrotermoterapia e massagens”, salienta.
Nilvânia informa que há várias técnicas que são empregadas
no tratamento da paralisia, obtendo-se bons resultados, são elas:
- Cinesioterapia: na cinesioterapia, os exercícios de mímica
facial e retreinamento facial devem ser realizados com auxílio de feedback
visual. Utilizando um espelho, o paciente tem uma melhor conscientização visual
e permite a correção dos erros e uma maior eficácia do controle voluntário da
musculatura facial. Exemplo: exercício de mímica facial para unir as
sombrancelhas;
- Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP): a FNP
utilizada em pacientes com paralisia facial periférica visa promover e acelerar
as respostas neuromusculares através da estimulação proprioceptiva. Os
movimentos devem ser realizados bilateralmente devido à simetria facial e por
meio de reflexos de estiramento. O movimento deve ser realizado em frente ao
espelho para um melhor controle do paciente.
- Eletroterapia: nesta modalidade de tratamento, deve-se
levar em consideração a escolha de uma corrente adequada, o tempo de pulso e
intensidade da corrente de acordo com a sensibilidade do paciente. Além disso,
deve ser realizado eletrodiagnóstico prévio para se diminuir os possíveis
efeitos colaterais como a contratura muscular.
- Termoterapia: o calor é utilizado com o objetivo de
promover o relaxamento da musculatura na fase de hipertonia da paralisia
facial, pois promove aumento da circulação sanguínea no local, maior
extensibilidade dos tecidos moles e diminui a resistência dérmica. A
termoterapia por calor pode ser aplicada superficialmente através de compressas
quentes, infravermelho ou por calor profundo através de ondas curtas, ultrassom
.
- Crioterapia: a crioterapia provoca uma vasoconstrição
reflexa, causando relaxamento e analgesia. Deve ser aplicada de forma rápida e
breve sobre o dermátomo do músculo a ser trabalhado para facilitar a atividade
muscular. Esta técnica tem também como
objetivo estimular os pontos motores, obtendo contração muscular na fase
flácida da paralisia.
- Massoterapia: a massagem é uma técnica utilizada com o
objetivo de diminuir o edema e para melhorar o tônus da musculatura e aumentar a
circulação sanguínea. Deve ser feita nas duas hemifaces, com manobras de
deslizamento superficial e profundo, de modo correto para não desencadear
reações reflexas e piora das retrações musculares. A pompagem (outra técnica de
massagem), atua nas fáscias musculares, promovendo uma amplitude dos movimentos
e uma analgesia na tensão dos bloqueios faciais.
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