A Osteopatia nasce no meio oeste
americano pelas mãos do médico Andrew Taylor Still. Filho de pastor metodista e
médico itinerante, Still cria uma terapêutica manual de tratamento e
diagnóstico, baseada na anatomia, que se contrapõe às terapias até então amplamente
utilizadas pelos médicos ortodoxos e tradicionais, com o emprego de sangrias e
calomelanos.²
A busca por uma terapêutica mais
confiável e eficaz, no entanto, não se traduz num esforço de Still somente. A
Osteopatia surge num período em que a medicina americana pretende maior
projeção e reconhecimento.
Still inicia a sua carreira como
médico num aprendizado direto com o pai, fato perfeitamente aceitável neste
período da história da medicina do país. Durante muitos anos ele utiliza as
práticas ortodoxas, até que a morte de três de seus filhos e de sua primeira
esposa, durante um surto de meningite, em 1864, o leva a repensar a eficácia do
tratamento médico usual.
Segundo Still, “Deus sabe que eu
acreditava que eles (os médicos) fizeram o que pensaram ser o melhor. Eles não
negligenciaram jamais seus pacientes e lhes deram os medicamentos, juntando de
novo, mudando, esperando atingir aquilo que poderia desfazer o inimigo; mas foi
pura perda.”³
A incapacidade de salvar seus
entes queridos pela medicina ortodoxa o convence da ineficácia de drogas como
via terapêutica. A este fato se alia a sua experiência como médico militar na
Guerra de Secessão. O largo emprego de medicamentos à base de opiáceos e
álcool, assim como o grande número de mortes em decorrência de ferimentos mal
tratados, acirram a sua descrença. O quadro ainda fica pior quando se constata
que, após a guerra, aumenta em muito o número de viciados entre os jovens
ex-combatentes. Still culpa o sistema de ensino americano pelo grave problema
social que se instaura.
Ancorado na sua crença religiosa
de que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, Still busca durante
anos uma nova visão médica do organismo e, consequentemente, da cura. Segundo
ele, em 22 de junho de 1874, tem um insight el encontra as respostas para os
seus anseios.
Através de longos anos de
dissecção, ele contemplou a possibilidade de que todas as estruturas
musculares, nervosas, ósseas, articulares, conjuntivas e vasculares contivessem
em si a resposta para autorregulação do organismo. Cria uma visão mecanicista
do ser humano, segundo a qual a estrutura do corpo governaria a função. O
retorno à saúde, portanto, seria uma decorrência da remoção das restrições
impostas por entraves anatômicos que bloqueariam a plena mobilidade do
organismo. A saúde podia ser vista como a liberdade do movimento corporal.
Mas Still não via o homem somente
como uma máquina, defendia que o ser humano seria uma unidade tripla, composta
de um corpo material, um ser espiritual e a mente. Tanto a totalidade deste
ser, como sua individualidade, deveriam ser levados em conta ao tratarmos
alguém.
Still funda sua primeira escola
em 1892, em Kirksville, Missouri, e consegue que a Osteopatia seja aceita como
profissão em 1897.
Sua nova terapêutica gera um
grande número de adeptos, entre eles William Garner Sutherland, que funda a
Osteopatia no campo craniano. Segundo ele, seu estudo seria parte de um
conhecimento maior, a Osteopatia. Começa seus estudos nessa área ainda como
aluno, em 1899, mas só apresenta formalmente sua interpretação de tratamento
craniano em 1940, num encontro da Sociedade Internacional dos Técnicos
Sacroilíacos.4
Outra figura, entre muitas que se
destacam, é John Martin Littlejohn. Médico escocês, que, devido a um tratamento
bem-sucedido de problemas cervicais e de garganta com Andrew Taylor Still em
1897, torna-se adepto da Osteopatia. Estuda e leciona em Kirksville durante
algum tempo; mas, devido a diversos desentendimentos, rompe com Still. Anos
mais tarde retorna à Europa e, em 1917, cria a British School of Osteopathy
(BSO), primeira escola de Osteopatia europeia, celeiro de onde se difunde o
ensino da Osteopatia pelo continente.5
A chegada dos ensinamentos da
Osteopatia ao Brasil acontece pelas mãos de Bernard Quef, osteopata francês
que, em 1986, administra os cursos que darão início à formação dos primeiros
osteopatas brasileiros.6
¹Toda a parte inicial do texto
baseia-se na dissertação de mestrado da autora em História das Ciências na casa
de Oswaldo Cruz, Manguinhos, O NASCIMENTO DA OSTEOPATIA NA ERA DA
BACTERIOLOGIA.
²Medicamentos à base de mercúrio
³STILL, Andrew Taylor- La
Philosophie et les Principes Mécaniques de l’Osteopathie. Paris: Éditions
Frison-Roche, 2001.
4Sutherland, Adah- The Thinking
Fingers
5Paoletti, Serge-
ApoStill,octobre 1999, n 4
6 -
Fonte: Site IBO
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