quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Fisioterapia no tratamento da Esclerose Múltipla


A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença que requer um tratamento multidisciplinar, ou seja, um tratamento que envolve uma equipe formada por diferentes profissionais – neurologista, fisioterapeuta, psicóloga, nutricionista, fonoaudióloga – capazes de lidar com os danos causados e melhorar a condição e a qualidade de vida do paciente.

Dentro dessa equipe de saúde, o fisioterapeuta desempenha um papel bastante importante. “O paciente de EM precisa de fisioterapia constante em sua vida, porque nunca se sabe quando terá uma alteração em seu quadro motor ou sensitivo – o que chamamos surto (período em que há um agravamento ou surgimento de um novo sintoma). Depois da ocorrência de um surto, o que pode durar de um dia a oito semanas, o paciente entra em um período de remissão dos sintomas, no qual há uma estabilidade ou uma melhora dos sintomas manifestados no paciente”, explica Ricardo Cézar Carvalho, fisioterapeuta, especialista em Neurologia Funcional (trabalhando há 11 anos com EM).

De acordo com o especialista, o paciente de EM chega ao fisioterapeuta pela indicação de um médico neurologista devido a algum sintoma estranho em seu corpo, como um formigamento em algum membro, falta de equilíbrio, perda de visão momentânea entre outros.

“A principal função do fisioterapeuta é melhorar a qualidade­ de vida do paciente de EM em suas atividades de vida diária, proporcionando melhora em sua funcionalidade e em sua ­independência”, acrescenta Carvalho.

Na prática, o tratamento de fisioterapia envolve a utilização de várias técnicas de exercícios, como Bobath, Kabat, exercícios com bola, com pesos, exercícios de equilíbrio utilizando bancos, prancha de equilíbrio, posicionamento do paciente em pé com base diminuída e mesmo em outras posturas, como em quadrupedia, ajoelhado, semiajoelhado, em DV (Decúbito Ventral – barriga para baixo) e em DD (Decúbito Dorsal – barriga para cima).

“Conseguimos trabalhar com o paciente em qualquer postura­ realizando qualquer movimento, desde que ele esteja apto a realizar a tarefa. Por isso, antes de iniciar os objetivos do tratamento, fazemos uma avaliação, só aí definimos as condutas que serão desenvolvidas no tratamento”, informa o fisioterapeuta.

Também podem ser utilizados na fisioterapia aparelhos, como os equipamentos de eletroterapia para estimular, por exemplo, a contração de certo músculo que o paciente não esteja conseguindo movimentar, ou, ainda, aparelhos para aliviar a dor, além dos equipamentos de meio auxiliares, como bengala, muletas e andadores. “Realizamos um treinamento com o paciente para a utilização do equipamento mais apropriado para seu caso”, diz Carvalho.

A frequência ideal da fisioterapia para o paciente de EM geralmente é de duas vezes por semana. Segundo Carvalho, a grande maioria dos pacientes necessita de acompanhamento fisioterápico justamente por não se saber quando terá um surto e de que forma poderá prejudicar seu quadro motor ou sensitivo. “Existem, sim, pacientes que não apresentam nenhuma alteração, nenhum défice motor. Nesses casos, os pacientes não procuram a fisioterapia.”

O profissional mais indicado para tratar o paciente de EM é o fisioterapeuta especializado em neurologia, de preferência com um bom conhecimento de EM. “A EM oscila muito. Em um dia, o paciente acorda e não consegue se movimentar direito, ou começa a sentir formigamentos pelo corpo, o que atrapalha para andar – ele não sente direito onde pisa, tem o equilíbrio alterado. Um sintoma ocasiona uma alteração de outro sintoma, por isso, tratamos o paciente como um todo”, comenta o fisioterapeuta.

É importante lembrar que a EM manifesta-se de forma dife­rente em cada pessoa, assim, o tratamento precisa ser individualizado. “O paciente pode apresentar vários sintomas: perda de força muscular, défice de equilíbrio, de coordenação motora, de sensibilidade, aparecimento de espasticidade (musculatura mais dura, difícil de movimentar), alteração visual, perda ou retenção do controle urinário ou fecal, alteração sexual. O principal sintoma que difere a EM de outras doenças neurológicas é o aparecimento de fadiga, que pode chegar a ser incapacitante. Portanto, durante os exercícios, o fisioterapeuta deve ficar atento para não fatigar o paciente – isso pode colocar a perder todo o trabalho”, alerta Carvalho.

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