A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença que requer um
tratamento multidisciplinar, ou seja, um tratamento que envolve uma equipe
formada por diferentes profissionais – neurologista, fisioterapeuta, psicóloga,
nutricionista, fonoaudióloga – capazes de lidar com os danos causados e
melhorar a condição e a qualidade de vida do paciente.
Dentro dessa equipe de saúde, o fisioterapeuta desempenha um
papel bastante importante. “O paciente de EM precisa de fisioterapia constante
em sua vida, porque nunca se sabe quando terá uma alteração em seu quadro motor
ou sensitivo – o que chamamos surto (período em que há um agravamento ou
surgimento de um novo sintoma). Depois da ocorrência de um surto, o que pode
durar de um dia a oito semanas, o paciente entra em um período de remissão dos sintomas,
no qual há uma estabilidade ou uma melhora dos sintomas manifestados no
paciente”, explica Ricardo Cézar Carvalho, fisioterapeuta, especialista em
Neurologia Funcional (trabalhando há 11 anos com EM).
De acordo com o especialista, o paciente de EM chega ao
fisioterapeuta pela indicação de um médico neurologista devido a algum sintoma
estranho em seu corpo, como um formigamento em algum membro, falta de
equilíbrio, perda de visão momentânea entre outros.
“A principal função do fisioterapeuta é melhorar a
qualidade de vida do paciente de EM em suas atividades de vida diária,
proporcionando melhora em sua funcionalidade e em sua independência”,
acrescenta Carvalho.
Na prática, o tratamento de fisioterapia envolve a
utilização de várias técnicas de exercícios, como Bobath, Kabat, exercícios com
bola, com pesos, exercícios de equilíbrio utilizando bancos, prancha de
equilíbrio, posicionamento do paciente em pé com base diminuída e mesmo em
outras posturas, como em quadrupedia, ajoelhado, semiajoelhado, em DV (Decúbito
Ventral – barriga para baixo) e em DD (Decúbito Dorsal – barriga para cima).
“Conseguimos trabalhar com o paciente em qualquer postura
realizando qualquer movimento, desde que ele esteja apto a realizar a tarefa.
Por isso, antes de iniciar os objetivos do tratamento, fazemos uma avaliação,
só aí definimos as condutas que serão desenvolvidas no tratamento”, informa o
fisioterapeuta.
Também podem ser utilizados na fisioterapia aparelhos, como
os equipamentos de eletroterapia para estimular, por exemplo, a contração de
certo músculo que o paciente não esteja conseguindo movimentar, ou, ainda,
aparelhos para aliviar a dor, além dos equipamentos de meio auxiliares, como
bengala, muletas e andadores. “Realizamos um treinamento com o paciente para a
utilização do equipamento mais apropriado para seu caso”, diz Carvalho.
A frequência ideal da fisioterapia para o paciente de EM
geralmente é de duas vezes por semana. Segundo Carvalho, a grande maioria dos
pacientes necessita de acompanhamento fisioterápico justamente por não se saber
quando terá um surto e de que forma poderá prejudicar seu quadro motor ou
sensitivo. “Existem, sim, pacientes que não apresentam nenhuma alteração,
nenhum défice motor. Nesses casos, os pacientes não procuram a fisioterapia.”
O profissional mais indicado para tratar o paciente de EM é
o fisioterapeuta especializado em neurologia, de preferência com um bom
conhecimento de EM. “A EM oscila muito. Em um dia, o paciente acorda e não
consegue se movimentar direito, ou começa a sentir formigamentos pelo corpo, o
que atrapalha para andar – ele não sente direito onde pisa, tem o equilíbrio
alterado. Um sintoma ocasiona uma alteração de outro sintoma, por isso,
tratamos o paciente como um todo”, comenta o fisioterapeuta.
É importante lembrar que a EM manifesta-se de forma
diferente em cada pessoa, assim, o tratamento precisa ser individualizado. “O
paciente pode apresentar vários sintomas: perda de força muscular, défice de
equilíbrio, de coordenação motora, de sensibilidade, aparecimento de
espasticidade (musculatura mais dura, difícil de movimentar), alteração visual,
perda ou retenção do controle urinário ou fecal, alteração sexual. O principal
sintoma que difere a EM de outras doenças neurológicas é o aparecimento de
fadiga, que pode chegar a ser incapacitante. Portanto, durante os exercícios, o
fisioterapeuta deve ficar atento para não fatigar o paciente – isso pode
colocar a perder todo o trabalho”, alerta Carvalho.
Fonte: Site Em Ação Novartis
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