A atividade física pode interferir a sua caminhada pela rodovia da sobrecarga de 3 diferentes formas: a primeira é lhe ajudando a fazer um retorno e voltar para a “cidade do bem estar”; a segunda é freando sua continuidade em direção à dor. Dessa forma você tende a ficar parado em algum ponto da rodovia da sobrecarga sem ir para “cidade do bem estar” nem para a dor. A terceira, pelo incrível que pareça, é acelerar os seus passos em direção à dor.
Atividade física para retornar à cidade do bem-estar
Idosos que praticam modalidades esportivas ou algum tipo de atividade física tendem a ter índices de ansiedade e depressão bem menores do que os sedentários. Pessoas que sofrem com insônia podem dormir melhor quando realizam atividade física e se livrarem também dos efeitos associados pela perda do sono como a depressão por exemplo. Pessoas hipertensas e diabéticas encontram na atividade física uma maneira incontestável tanto preventiva quanto terapeuticamente.
Uma pessoa que está acima do peso vai ao médico com dor no joelho recebe a informação para emagrecer, reduzir a sobrecarga na sua articulação para aliviar a dor. Uma pessoa com dor no corpo inteiro diagnosticada com fibromialgia é estimulada pelos profissionais de saúde a fazer exercícios para ajudá-la no controle de suas dores. Um homem que trabalha o dia inteiro sentado em frente ao computador e apresenta dor no ombro é rapidamente orientado pelos colegas e profissionais de saúde a sair do sedentarismo e se matricular numa academia.
Atividade física para manter-se na cidade do bem-estar
É muito claro que a atividade física apresenta efeitos positivos para prevenir complicações musculares e articulares por vários motivos. Por exemplo, os movimentos permitem com que os músculos façam o que ”gostam”, ou seja, contrair e relaxar. Quando isso acontece, os músculos dão um presente para suas articulações: quando são comprimidas aumentam sua resistência e quando são descomprimidas aumentam os espaços entre ossos para facilitar toda a sua nutrição. Os músculos tornam-se mais resistentes à medida que contraem e relaxam regularmente. É dessa forma que adquirimos e mantemos nossa mobilidade; somos capazes de realizar as atividades sem grandes problemas e estar preparados para os imprevistos do dia a dia e da força oposta do envelhecimento.
A atividade física leva nosso organismo a produzir, liberar e conduzir uma cascata de substâncias que atingem todo o corpo por intermédio dos vasos sanguíneos e nervos. Algumas dessas substâncias apresentam papéis importantes em promoverem bem-estar e diminuir a dor. Devido a essas comprovações, médicos, fisioterapeutas, psicólogos e todos os outros profissionais da saúde indicam a atividade física como parte integrante da rotina das pessoas, apesar de muitas vezes eles próprios não praticarem.
Atividade física leva a pessoa em direção à dor
No entanto tenho visto freqüentemente pessoas no meu consultório procurando a atividade física por orientações médicas e outras com dor por causa da própria atividade física. Imagine a pessoa com dor no joelho fazendo a atividade exatamente igual à de outra pessoa que não apresenta dor. Você não acha um pouco incongruente uma pessoa obesa com dor no joelho fazer caminhada para emagrecer sendo que a caminhada pode sobrecarregar mais ainda seu joelho? É muito freqüente ver uma pessoa com fibromialgia sentir mais dores após realizar atividade física, mesmos sob orientação. Eu conheço muitas pessoas que estão sedentárias há muito tempo e tentaram reiniciar alguma atividade física, mas desistiram porque sentiram muitas dores.
Pontos importantes ao fazer atividade física
Eu gostaria de dizer duas coisas importantes e necessárias que nem todos dizem isso para você:
O que a maioria das pessoas e profissionais da saúde se esquecem é que a maneira de realizar o exercício pode determinar o efeito positivo ou negativo da atividade. O exercício pode variar quanto à frequência ou repetições, intensidade ou carga, regularidade, posicionamento do corpo para executar o exercício, duração da prática e o nível de atenção direcionada à atividade.
Você não precisa carregar “Y” de peso e nem caminhar “X” minutos para ficar saudável. Não acredite 100% no que você ouve ou lê. Não precisa acreditar em mim. Acompanhe meu raciocínio: As pesquisas dizem que as pessoas conseguem ganhar condicionamento físico se caminharem 30 minutos todos os dias. Ora, para uma pessoa que não consegue caminhar nem 10 minutos por conta de uma dor na coluna, você acha que essa informação é válida para ela? Se ela caminhar 10 minutos pode ser muito melhor do que caminhar 30 minutos.
A duração da caminhada deve ser adequada para cada um e você mesmo pode adequar os seus limites quando observa e entende suas sensações. Mesmo com uma dor é possível encontrar uma maneira de se exercitar e colher os frutos dessa atividade porque o exercício pode variar de muitas formas. E não existe uma forma padronizada para todos. No entanto existe a melhor maneira de VOCÊ se exercitar NESSE MOMENTO. Talvez amanhã essa maneira mude.
Antes de dizer que a atividade física piora sua dor, note quantos elementos podem ser modificados para modificar o efeito da atividade.
Antes de afirmar que a atividade física faz bem para todos, note quantos elementos pode interferir uma atividade física positiva ou negativamente.
Entender que a atividade física apresenta benefícios e riscos ajudam-nos a evitarmos os riscos e ampliar os benefícios. Pensar de forma radical que atividade física é boa para todos do mesmo jeito e pensar que não deve ser feita porque uma pessoa sente dor, são informações que não leva à “cidade do bem estar”.
Atividade física e a rodovia da sobrecarga
A atividade física pode interferir a sua caminhada pela “rodovia da sobrecarga” de 3 diferentes maneiras:
Primeira: ajudando-lhe a fazer um retorno e voltar para a “cidade do bem estar”. Quando isso acontece você vai reduzindo a tendência de sentir dor, pois o acumulo de sobrecarga é reduzido. Quando os parâmetros da atividade física discutidos acima são adequados para você em um determinado momento, seu caminho será em direção à “cidade do bem-estar”.
Segunda: freando sua continuidade em direção à dor. Dessa forma você tende a ficar parado em algum ponto da “rodovia da sobrecarga” sem ir para “cidade do bem estar” nem para a dor. Isso acontece quando existe um equilíbrio entre os benefícios e os prejuízos da atividade física. Por exemplo, a duração da sua caminhada está boa, mas o seu tênis não ajuda absorver o impacto; o peso que você vem carregando está adequado para você, mas seu posicionamento não está bom para carregar o peso. Quando isso acontece você fica muito vulnerável aos imprevistos.
A pessoa fica muito vulnerável aos imprevistos e tende a ir para a terceira forma que a atividade física pode interferir na caminhada da rodovia da sobrecarga.
Terceira: acelerar sua descida na rodovia da sobrecarga em direção à dor. Se você estiver mais cansado do que o habitual ou tiver acumulado muita tensão durante o dia, os prejuízos do posicionamento inadequado vão ser maiores que os benefícios (por exemplo: liberação de substancias para reduzir sua dor e causar bem-estar). E assim muitas pessoas começam gradativamente descer pela rodovia da sobrecarga. Quando menos esperam sentem dor e não relacionam num primeiro momento com a atividade física.
Fonte: Rodrigo Rizzo - Portal Mapa da Dor
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