segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

História da Osteopatia


A Osteopatia nasce no meio oeste americano pelas mãos do médico Andrew Taylor Still. Filho de pastor metodista e médico itinerante, Still cria uma terapêutica manual de tratamento e diagnóstico, baseada na anatomia, que se contrapõe às terapias até então amplamente utilizadas pelos médicos ortodoxos e tradicionais, com o emprego de sangrias e calomelanos.²

A busca por uma terapêutica mais confiável e eficaz, no entanto, não se traduz num esforço de Still somente. A Osteopatia surge num período em que a medicina americana pretende maior projeção e reconhecimento.

Still inicia a sua carreira como médico num aprendizado direto com o pai, fato perfeitamente aceitável neste período da história da medicina do país. Durante muitos anos ele utiliza as práticas ortodoxas, até que a morte de três de seus filhos e de sua primeira esposa, durante um surto de meningite, em 1864, o leva a repensar a eficácia do tratamento médico usual.

Segundo Still, “Deus sabe que eu acreditava que eles (os médicos) fizeram o que pensaram ser o melhor. Eles não negligenciaram jamais seus pacientes e lhes deram os medicamentos, juntando de novo, mudando, esperando atingir aquilo que poderia desfazer o inimigo; mas foi pura perda.”³

A incapacidade de salvar seus entes queridos pela medicina ortodoxa o convence da ineficácia de drogas como via terapêutica. A este fato se alia a sua experiência como médico militar na Guerra de Secessão. O largo emprego de medicamentos à base de opiáceos e álcool, assim como o grande número de mortes em decorrência de ferimentos mal tratados, acirram a sua descrença. O quadro ainda fica pior quando se constata que, após a guerra, aumenta em muito o número de viciados entre os jovens ex-combatentes. Still culpa o sistema de ensino americano pelo grave problema social que se instaura.

Ancorado na sua crença religiosa de que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, Still busca durante anos uma nova visão médica do organismo e, consequentemente, da cura. Segundo ele, em 22 de junho de 1874, tem um insight el encontra as respostas para os seus anseios.

Através de longos anos de dissecção, ele contemplou a possibilidade de que todas as estruturas musculares, nervosas, ósseas, articulares, conjuntivas e vasculares contivessem em si a resposta para autorregulação do organismo. Cria uma visão mecanicista do ser humano, segundo a qual a estrutura do corpo governaria a função. O retorno à saúde, portanto, seria uma decorrência da remoção das restrições impostas por entraves anatômicos que bloqueariam a plena mobilidade do organismo. A saúde podia ser vista como a liberdade do movimento corporal.

Mas Still não via o homem somente como uma máquina, defendia que o ser humano seria uma unidade tripla, composta de um corpo material, um ser espiritual e a mente. Tanto a totalidade deste ser, como sua individualidade, deveriam ser levados em conta ao tratarmos alguém.

Still funda sua primeira escola em 1892, em Kirksville, Missouri, e consegue que a Osteopatia seja aceita como profissão em 1897.

Sua nova terapêutica gera um grande número de adeptos, entre eles William Garner Sutherland, que funda a Osteopatia no campo craniano. Segundo ele, seu estudo seria parte de um conhecimento maior, a Osteopatia. Começa seus estudos nessa área ainda como aluno, em 1899, mas só apresenta formalmente sua interpretação de tratamento craniano em 1940, num encontro da Sociedade Internacional dos Técnicos Sacroilíacos.4

Outra figura, entre muitas que se destacam, é John Martin Littlejohn. Médico escocês, que, devido a um tratamento bem-sucedido de problemas cervicais e de garganta com Andrew Taylor Still em 1897, torna-se adepto da Osteopatia. Estuda e leciona em Kirksville durante algum tempo; mas, devido a diversos desentendimentos, rompe com Still. Anos mais tarde retorna à Europa e, em 1917, cria a British School of Osteopathy (BSO), primeira escola de Osteopatia europeia, celeiro de onde se difunde o ensino da Osteopatia pelo continente.5

A chegada dos ensinamentos da Osteopatia ao Brasil acontece pelas mãos de Bernard Quef, osteopata francês que, em 1986, administra os cursos que darão início à formação dos primeiros osteopatas brasileiros.6

¹Toda a parte inicial do texto baseia-se na dissertação de mestrado da autora em História das Ciências na casa de Oswaldo Cruz, Manguinhos, O NASCIMENTO DA OSTEOPATIA NA ERA DA BACTERIOLOGIA.
²Medicamentos à base de mercúrio
³STILL, Andrew Taylor- La Philosophie et les Principes Mécaniques de l’Osteopathie. Paris: Éditions Frison-Roche, 2001.
4Sutherland, Adah- The Thinking Fingers
5Paoletti, Serge- ApoStill,octobre 1999, n 4
6 -

Fonte: Site IBO

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A Fisioterapia na Ginecologia e na Obstetrícia


A Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia, apesar de pouco conhecida, é uma especialidade de grande importância no atendimento de gestantes, pacientes com incontinência urinária, pacientes mastectomizados (retirada da mama), entre outros.

É uma especialidade que exige do fisioterapeuta uma mistura de atributos especialmente amadurecida que, quando preciso, permita à paciente revelar com confiança alguns dos detalhes mais íntimos e pessoais de sua vida. Além de um bom conhecimento teórico e um alto grau de competência clínica, o fisioterapeuta deve sempre conceder tempo para ouvir ser facilmente abordável imperturbável e não ser crítico.

O fisioterapeuta que trabalha nos campos da obstetrícia e ginecologia deve estar preparado para clientes que queiram debater as suas dificuldades sexuais. O fisioterapeuta deve respeitar o desejo dessas pessoas de confiarem ou não nele, ouvir sem senso crítico e, se incapaz de ajudar diretamente, deve conhecer fontes de aconselhamento psicossocial na área.

A fisioterapia na obstetrícia

Na área da obstetrícia o papel do fisioterapeuta é o de ajudar a mulher a ajustar-se às mudanças físicas do começo ao fim da gravidez e do puerpério de modo que o estresse possa ser minimizado.  Ao ser encaminhada para um acompanhamento fisioterápico pelo obstetra, a gestante deve passa por uma avaliação completa e pormenorizada, composta por uma entrevista ou anamnese e um exame físico, realizados pelo fisioterapeuta, antes do início das sessões. Na anamnese serão coletadas as informações pessoais sobre a gestante e sua família, os dados da gestação atual, sintomas relacionados à gravidez e seus ajustes além da aferição dos sinais vitais. No exame postural, o fisioterapeuta poderá observar a gestante em várias posturas, durante a realização de alguns movimentos e também ao caminhar, detectando assim as principais dificuldades da gestante para então elaborar uma conduta fisioterápica de maneira a aliviá-las.

Ele avaliará e tratará de quaisquer problemas, por exemplo, esqueléticos e musculares, como dor nas costas. Ele é um professor experiente de relaxamento afetivo, respiração atenta e posicionamento, e ainda, ajuda a preparar a mulher para o parto. No período pós-parto ele dará conselhos sobre a atividade física, ensinará exercícios pós-parto e, quando necessário, dará tratamento especializado.

O fisioterapeuta, além de atuar em obstetrícia, tem participação na área ginecológica, no preparo pré-operatório e recuperação no pós-operatório de cirurgias ginecológicas.

O fisioterapeuta, em seu trabalho com gestantes, tem como metas gerais promover uma melhor postura antes e após a gestação, aumentar a percepção da mecânica corporal correta, preparar os membros superiores para as demandas de cuidados ao bebê, promover uma maior percepção corporal e uma imagem corporal positiva, preparar membros inferiores para as demandas do aumento no peso a ser suportado e compromissos circulatórios, melhorar a percepção corporal e uma imagem corporal positiva, melhorar a percepção e controle da musculatura do assoalho pélvico, manter a função abdominal e prevenir ou corrigir a patologia da diástase dos retos, promover ou manter um preparo cardiovascular seguro, prover informações sobre as mudanças que ocorrem na gravidez e no parto, melhorar a capacidade de relaxamento, evitar problemas.

Acompanhando a gravidez prepara a paciente fisicamente para o trabalho de parto, expulsão e atividades após o parto, e orienta exercícios progressivos e seguros para o pós-parto. Essas metas visam preparar a mulher durante o período tão especial em sua vida com prazer e saúde.

A fisioterapia na ginecologia

O fisioterapeuta, além de atuar em obstetrícia, tem participação na área ginecológica, no preparo pré-operatório e recuperação no pós-operatório de cirurgias ginecológicas. Uma avaliação completa de Fisioterapia é essencial tanto quanto possível antes da cirurgia, porque o tratamento instituído antes da cirurgia irá ser lucrativo para certas mulheres, como por exemplo, aquelas com tórax em mau estado de saúde, má postura, dor nas costas, base pélvica fraca ou debilidade geral É atualmente eficiente proporcionar pelo menos uma avaliação e tratamento preparatório antes da operação.

Os fisioterapeutas devem se assegurar de que os cirurgiões e a equipe de enfermagem estejam plenamente cientes de tudo que um fisioterapeuta é capaz de fazer para contribuir no tratamento da paciente e, somente então, serão atendidos os maiores interesses da paciente. Estas intervenções visam prevenir complicações como risco de pneumonia; dor e desconforto pós-cirúrgico risco de complicações vasculares; desenvolvimento de adesões no local da incisão; má postura; disfunção do assoalho pélvico; fraqueza abdominal. Etc.

Outro grande problema de saúde tratado em ginecologia é a incontinência urinária. O foco do tratamento fisioterapêutico é o reforço dos músculos que compõem o assoalho pélvico através de exercícios e eletroestimulação, e a reeducação miccional. Nos casos de tumor de mama, a cirurgia é algo comum. O cirurgião retira a mama ou parte dela e ainda os nódulos linfáticos, evitando que o tumor se espalhe para outras partes do corpo. Porém, ao retirar os nódulos linfáticos, a circulação linfática fica comprometida e, dessa forma, ocorrem alguns sintomas indesejáveis na paciente, como edema (inchaço) em membro superior, dor causada pelo edema, dificuldades de movimentar o membro e prejuízos na qualidade de vida.

A proposta fisioterapêutica, nesses casos, é a de tratar o paciente através de técnicas de drenagem linfática, exercícios para devolver a mobilidade e reeducar a postura e orientações quanto a atividades de vida diária para as pacientes.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A Fisioterapia do Sono

Todo mundo sabe que manter a postura alinhada é importante. No entanto, engana-se quem pensa que isso se aplica somente ao ficar de pé ou sentado. Manter a postura correta ao dormir é um cuidado que pode evitar problemas mais sérios na coluna cervical. O ideal é deixá-la sempre alinhada ao tronco, a fim de melhorar a circulação sanguínea e facilitar os estímulos elétricos enviados pelo cérebro aos demais órgãos do corpo. A fisioterapeuta da Duoflex especialista em Medicina do Sono, Carolina Elena Carmona de Oliveira, dá algumas dicas e orientações para uma noite revigorante e, claro, para a manutenção da saúde.
Para quem dorme de lado:
Esta é a posição mais indicada pelos especialistas, sendo aconselhável sempre dormir com dois travesseiros. Tanto faz se é do lado direito ou do lado esquerdo. Quem dorme de lado deve usar um travesseiro para apoio da cabeça, em uma altura que se encaixe perfeitamente entre ela e o colchão, formando assim, um ângulo de 90 graus no pescoço. Nesta posição, os joelhos deverão estar preferencialmente semiflexionados, com um travesseiro, um rolinho ou um Alpino de Corpo, entre eles. Com o Alpino de Corpo é possível deixar o queixo apoiado e os braços envolvidos no produto, mantendo a cervical e a coluna alinhadas, as pernas flexionadas com um espaçamento entre os joelhos e os tornozelos, evitando atrito entre eles e também virar de costas ou de bruços durante o sono.
lay
Para quem dorme de barriga para cima:
Nesse caso, é preciso utilizar um travesseiro baixo ou médio para apoio da cabeça, que deve preencher o espaço entre a cervical e a nuca, para evitar a hiperflexão do pescoço, e outro travesseiro ou um rolinho embaixo dos joelhos, de forma que fiquem semiflexionados, e assim, descansem.
As indicações da Duoflex são o travesseiro NASA, para apoiar a cabeça, e o Rolinho, abaixo do joelho. O travesseiro NASA é feito de material viscoelástico, automoldável e termossensível, que se adapta ao contorno e à temperatura do corpo, exercendo uma menor pressão nas áreas mais quentes ou salientes e facilitando a circulação sanguínea. Oferece também maior capacidade de absorção do peso e distribuição equalizada da pressão sobre o corpo, além de possuir a propriedade de retorno lento ou memória, agindo como um verdadeiro amortecedor. Já o Rolinho oferece apoio para a lombar, possuindo superfície ondulada, que também massageia e estimula a circulação. Além de suas indicações terapêuticas é uma alternativa para quem busca conforto na sala de TV, para suas horas de leitura e até como elemento decorativo.
lay
Para quem dorme de bruços:
Apesar de não ser uma posição indicada para o sono, é recomendável utilizar dois travesseiros bem baixos, sendo umpara apoio da cabeça e outro embaixo do abdômen, na altura da curvatura da cintura.
A indicação da Duoflex é o travesseiro Fresh Baixo, tanto para a cabeça, como para o abdômen, que é feito em uma espuma especial de poliuretano expandido, também conhecida como sempre fria, hipersoft ou supersoft. É uma espuma produzida com células abertas para proporcionar frescor, ventilação, toque e maciez superiores às espumas comuns usadas nos colchões, que são duras e ásperas, com pouca aeração.
lay
HORA DA TROCA – Além das dicas posturais, a fisioterapeuta ressalta a importância da conservação dos travesseiros. Para se ter uma ideia, com o uso, um travesseiro acumula grande quantidade de umidade, gordura, pele descamada, suor e todas as outras secreções da cabeça (saliva, coriza, seborreia, lágrimas, cerume), além de perfumes, tinturas e cosméticos. Todo esse material orgânico se encontra em ambiente ideal de proliferação biológica, escuro, úmido e quente. Um travesseiro sem proteção antimicrobiana, com seis meses de uso já contém cerca de 300 mil ácaros, e, após dois anos, até 25% do seu peso é formado por ácaros vivos, mortos e suas fezes.
Carolina ainda ressalta que, apesar de existirem travesseiros que são laváveis, observa-se infinitas dúvidas sobre como se deve lavar, secar ou, até mesmo, se a lavagem é recomendável. “Nem todos são laváveis e os consumidores devem estar atentos às especificações do produto antes de molhar ou, até mesmo, entregar o travesseiro para a lavanderia. O processo de lavagem nem sempre é indicado, principalmente, quando não podemos garantir a secagem completa. No entanto, se o produto for lavável, siga ou exija nas lavanderias que as instruções sejam seguidas”, esclarece.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mulheres na menopausa são as que mais rompem tendões dos ombros

A causa pode estar relacionada à maior fragilidade dos tendões e dos ossos 
à medida que vai caindo a produção dos hormônios femininos.


O tendão é um tecido branco, denso e resistente por meio do qual os músculos de uma articulação ligam-se aos ossos. Os tendões transmitem aos ossos e às articulações a força e o movimento gerados pelos músculos. Existem tendões em quase todas as articulações humanas. O rompimento desses tecidos, infelizmente, é comum. Os que mais se rompem são aqueles que recebem menos sangue e oxigênio e ao mesmo tempo são mais sobrecarregados, isto é, os dos ombros, os dos cotovelos e os tendões-deaquiles, nos calcanhares.

Qualquer pessoa pode romper total ou parcialmente os tendões dos ombros, a qualquer momento da vida, em um acidente ou ao praticar esportes, por exemplo. Isso ocorre mais, porém, com homens jovens e adultos.
Mas os rompimentos de tendões, constata-se no dia a dia dos consultórios, são mais frequentes nas mulheres a partir dos 45 a 50 anos de idade, ou seja, quando entram na menopausa. A causa pode estar relacionada à maior fragilidade dos tendões e dos ossos à medida que vai caindo a produção dos hormônios femininos. Outros fatores podem colaborar para o fenômeno, como tendência familiar; malformações nos ombros; e gestos repetitivos acima da cabeça, principalmente errados, nas atividades físicas e também no trabalho.

O desgaste natural dos tendões dos ombros, vale destacar, costuma se manifestar em três fases. De início a pessoa sente uma dorzinha no ombro que melhora ao tratar com remédios e/ou fisioterapia (em geral até 25anos); depois ela tem uma dor mais intensa, que é mais resistente ao tratamento, já com tendinite e fibrose (em geral dos 25 aos 40 anos) — normalmente isso ocorre quando a pessoa tratou mal do problema anterior ou interrompeu o tratamento, o tendão se inflamou e se formou tecido cicatricial; então, com a progressão da doença, o tendão se rompe até espontaneamente (em geral após os 40 anos).

Os sintomas básicos do rompimento parcial de um tendão são: dor de intensidade variável, sangramento interno e dificuldade para movimentar o braço. Já os de um rompimento total são: dor intensa, que piora à noite, e perda da força e dos movimentos.

O ideal é prevenir-se, ou seja, evitar que estes problemas ocorram. Pode-se fazer isso com algumas atitudes básicas. Pratique atividades físicas regularmente. Mantenha uma postura correta nessas atividades e no trabalho. Faça alongamento antes dos exercícios físicos e de tempos em tempos no trabalho. Se vem tendo dor nos ombros, consulte um ortopedista, faça o diagnóstico e se trate de modo adequado para que os problemas não progridam.


As doenças que atingem os tendões dos ombros podem ser tratadas com eficácia para interromper sua progressão e, naturalmente, evitar que cheguem a se romper. Já os tendões rompidos tanto em acidentes como pelo desgaste natural, na maioria das vezes, são tratados com cirurgia. Consiste em, se preciso, fazer uma espécie de “plástica” nele e religá-lo novamente no local do osso em que se prendia. A cirurgia em si é rápida, mas a recuperação, que inclui fisioterapia, claro, é lenta, levando até seis meses, às vezes, dependendo da gravidade do caso e do estado de saúde do paciente, até mais.

Fonte: Revista Caras

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Fisioterapia no tratamento da Esclerose Múltipla


A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença que requer um tratamento multidisciplinar, ou seja, um tratamento que envolve uma equipe formada por diferentes profissionais – neurologista, fisioterapeuta, psicóloga, nutricionista, fonoaudióloga – capazes de lidar com os danos causados e melhorar a condição e a qualidade de vida do paciente.

Dentro dessa equipe de saúde, o fisioterapeuta desempenha um papel bastante importante. “O paciente de EM precisa de fisioterapia constante em sua vida, porque nunca se sabe quando terá uma alteração em seu quadro motor ou sensitivo – o que chamamos surto (período em que há um agravamento ou surgimento de um novo sintoma). Depois da ocorrência de um surto, o que pode durar de um dia a oito semanas, o paciente entra em um período de remissão dos sintomas, no qual há uma estabilidade ou uma melhora dos sintomas manifestados no paciente”, explica Ricardo Cézar Carvalho, fisioterapeuta, especialista em Neurologia Funcional (trabalhando há 11 anos com EM).

De acordo com o especialista, o paciente de EM chega ao fisioterapeuta pela indicação de um médico neurologista devido a algum sintoma estranho em seu corpo, como um formigamento em algum membro, falta de equilíbrio, perda de visão momentânea entre outros.

“A principal função do fisioterapeuta é melhorar a qualidade­ de vida do paciente de EM em suas atividades de vida diária, proporcionando melhora em sua funcionalidade e em sua ­independência”, acrescenta Carvalho.

Na prática, o tratamento de fisioterapia envolve a utilização de várias técnicas de exercícios, como Bobath, Kabat, exercícios com bola, com pesos, exercícios de equilíbrio utilizando bancos, prancha de equilíbrio, posicionamento do paciente em pé com base diminuída e mesmo em outras posturas, como em quadrupedia, ajoelhado, semiajoelhado, em DV (Decúbito Ventral – barriga para baixo) e em DD (Decúbito Dorsal – barriga para cima).

“Conseguimos trabalhar com o paciente em qualquer postura­ realizando qualquer movimento, desde que ele esteja apto a realizar a tarefa. Por isso, antes de iniciar os objetivos do tratamento, fazemos uma avaliação, só aí definimos as condutas que serão desenvolvidas no tratamento”, informa o fisioterapeuta.

Também podem ser utilizados na fisioterapia aparelhos, como os equipamentos de eletroterapia para estimular, por exemplo, a contração de certo músculo que o paciente não esteja conseguindo movimentar, ou, ainda, aparelhos para aliviar a dor, além dos equipamentos de meio auxiliares, como bengala, muletas e andadores. “Realizamos um treinamento com o paciente para a utilização do equipamento mais apropriado para seu caso”, diz Carvalho.

A frequência ideal da fisioterapia para o paciente de EM geralmente é de duas vezes por semana. Segundo Carvalho, a grande maioria dos pacientes necessita de acompanhamento fisioterápico justamente por não se saber quando terá um surto e de que forma poderá prejudicar seu quadro motor ou sensitivo. “Existem, sim, pacientes que não apresentam nenhuma alteração, nenhum défice motor. Nesses casos, os pacientes não procuram a fisioterapia.”

O profissional mais indicado para tratar o paciente de EM é o fisioterapeuta especializado em neurologia, de preferência com um bom conhecimento de EM. “A EM oscila muito. Em um dia, o paciente acorda e não consegue se movimentar direito, ou começa a sentir formigamentos pelo corpo, o que atrapalha para andar – ele não sente direito onde pisa, tem o equilíbrio alterado. Um sintoma ocasiona uma alteração de outro sintoma, por isso, tratamos o paciente como um todo”, comenta o fisioterapeuta.

É importante lembrar que a EM manifesta-se de forma dife­rente em cada pessoa, assim, o tratamento precisa ser individualizado. “O paciente pode apresentar vários sintomas: perda de força muscular, défice de equilíbrio, de coordenação motora, de sensibilidade, aparecimento de espasticidade (musculatura mais dura, difícil de movimentar), alteração visual, perda ou retenção do controle urinário ou fecal, alteração sexual. O principal sintoma que difere a EM de outras doenças neurológicas é o aparecimento de fadiga, que pode chegar a ser incapacitante. Portanto, durante os exercícios, o fisioterapeuta deve ficar atento para não fatigar o paciente – isso pode colocar a perder todo o trabalho”, alerta Carvalho.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Antecipação da dor é pior do que a própria dor


Desconto Temporal
A antecipação da dor é realmente pior do que a própria dor. Em outras palavras, as pessoas ficam felizes em suportar um pouco mais de dor se elas puderem senti-la agora, em vez de ficar esperando por ela. As teorias clássicas da tomada de decisão supõem que as pessoas preferem adiar as punições e antecipar as recompensas porque eventos distantes parecem ser menos importantes - isso é chamado de "descontos temporais". Mas essa teoria parece desabar quando o assunto é a dor. Uma explicação possível é que a antecipação da dor é, por si mesma, desagradável, um fenômeno que os pesquisadores denominam apropriadamente de "temor".

Medo no tempo
Para investigar como o temor, ou o medo, variam com o tempo, Giles Story e seus colegas da Universidade College de Londres convenceram 33 voluntários a ficar em um aparelho que lhes dava choques elétricos suportáveis. Os voluntários podiam escolher entre choques fracos, moderados ou mais fortes que fossem aplicados agora ou mais tarde.
Embora algumas pessoas tenham sempre optado por experimentar o mínimo de dor, em 70% das vezes, em média, os participantes optaram por receber mais choques mais cedo do que um número menor de choques mais tarde. Variando o número de choques e o tempo de espera, a equipe verificou que o medo da dor aumenta exponencialmente à medida que se aproxima a hora de sentir essa dor. O medo da antecipação é tão forte que reverte o padrão tradicionalmente aceito de "desconto temporal".

Vai uma dorzinha aí?
Outro estudo similar já havia comprovado que as pessoas podem experienciar a dor como um alívio, e até como prazer, quando ela dói menos do que o esperado.

Sentimento de alívio transforma dor em prazer
"Provavelmente não é um exagero dizer que as dores na vida se originam tanto, ou até mais, da antecipação e da memória do que de experiências reais," avalia George Loewenstein, professor da Universidade Carnegie Mellon, que analisou o estudo.
O experimento poderá ter implicações para a medicina, porque compreender como as pessoas julgam a dor é importante para lhes apresentar opções de tratamentos potencialmente dolorosos.

Fonte: Site Diário da Saúde