terça-feira, 5 de junho de 2012

Osteoporose em estágio inicial poderá ser diagnosticada por teste de urina


Exame de sangue ou de urina é capaz de detectar alterações nos ossos mais rapidamente do que a análise por meio de aparelho de raios X



A osteoporose pode passar a ser diagnosticada em estágios iniciais por meio de exames de urina ou de sangue. Cientistas da Universidade do Arizona (ASU, sigla em inglês) e da Nasa desenvolveram uma técnica muito mais sensível que a de raios X que permite detectar a perda óssea. O estudo foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

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OSTEOPOROSE
A doença progressiva causa a redução da densidade dos ossos do corpo, facilitando a ocorrência de fraturas. Acredita-se que ela afete 33% das mulheres na pós-menopausa no Brasil. As fraturas afetam, principalmente, idosos, sendo as lesões mais frequentes na coluna vertebral e no quadril. Entre os fatores de risco estão: déficit de cálcio na dieta, sedentarismo, constituição magra, consumo em excesso de álcool, tabagismo e fatores genéticos. A osteoporose é prevenida com o aumento da densidade óssea pelo consumo adequado de cálcio e de vitamina D.

Análises de laboratório de amostras de urina de voluntários revelaram que a nova técnica pode detectar a perda óssea em uma semana após o início do descanso. “Demostramos que o conceito funciona em pessoas saudáveis. O próximo passo é checar se ele também é eficiente em pacientes com doenças que alteram os ossos” diz Ariel Anbar, um dos responsáveis pelo estudo.

De acordo com Anbar, o método pode ajudar também no tratamento do câncer. Segundo ele, a perda óssea ocorre em um número crescente de pacientes em estágios avançados de câncer. "No momento em que essas perdas são detectadas pelo aparelho de raios X, os danos significativos já ocorreram", diz.

Isótopos – Com a nova técnica, a perda óssea é detectada por meio de uma análise dos isótopos do cálcio, que estão naturalmente presentes na urina. Os isótopos são átomos de um mesmo elemento químico que diferem em massa. Como, para fazer o exame, o paciente não precisa ingerir nenhum tipo de substância específica, os cientistas afirmam que o teste não representa nenhum risco à saúde.

Para desenvolver a técnica, os cientistas levaram em consideração que, quando os ossos se formam, os isótopos de cálcio mais leves entram no osso um pouco mais rápido do que aqueles que são mais pesados. Além disso, os pesquisadores utilizaram um modelo matemático desenvolvido há 15 anos por Joseph Skulan, atualmente professor da ASU. Esse modelo previa que, em pessoas com ossos saudáveis, as taxas de isótopos de cálcio no sangue e na urina deveriam estar equilibradas.

No estudo financiado pela Nasa foi feita a análise dos isótopos de cálcio na urina de uma dúzia de voluntários saudáveis. Todos tiveram de permanecer deitados por 24 horas durante 30 dias. Sempre que uma pessoa se deita, os ossos que suportam o peso do corpo, como os da coluna e das pernas, são aliviados do peso. Com isso, os ossos começam a se deteriorar. Períodos longos deitados induzem, assim, a uma perda óssea similar às que ocorrem em caso de osteoporose ou com astronautas.

"A Nasa conduz esses estudos porque os astronautas em microgravidades vivem esse problema e sofrem de perda óssea", diz Scott M. Smith, nutricionista da Nasa e coautor do estudo. "Esse é um dos principais problemas em espaçonaves tripuladas."

Outras doenças – O conceito, no entanto, pode ser usado para outros problemas. Diversas doenças podem causar mudanças súbitas nas taxas de isótopos ou na concentração de elementos químicos do corpo. “O conceito de assinaturas inorgânicas representa uma nova e estimulante abordagem para o diagnóstico, tratamento e monitoramento de doenças complexas, como o câncer”, diz Anna Barker, diretora da ASU.

Segundo o mexicano Rafael Fonseca, diretor do Departamento de Medicina da Clínica Mayo e membro de uma pesquisa colaborativa que tem como base as descobertas do estudo, hoje a dor é normalmente o primeiro indicador de que o câncer está afetando os ossos. "Se nós pudermos detectar isso mais cedo por uma análise de urina ou do sangue em pacientes de alto risco, o tratamento pode ter uma melhora significativa", diz.

Fonte: revista Veja

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