quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A volta das dores que foram


“Milagre! A dor foi embora, você é o melhor fisioterapeuta do mundo. Posso trazer um bolinho de laranja no próximo atendimento?” Célebres palavras emocionantes que todo o emblemático fisioterapeuta já recebeu da querida paciente que já tem dor há 20 anos e que ainda acredita na paz mundial. Como tudo na vida é passageiro, o alívio da dor para as pessoas com dor crônica também é. Se consideramos a dor crônica como uma doença crônica, então teremos períodos com pouca dor ou sem dor (remissão) e períodos com bastante dor (recidiva). Mas acredito que isso é uma forma biomedica demais e que deve ser deixada de lado. A dor ir, vir, sumir, reaparecer depende de muitos fatores. Sempre comento do envolvimento dos fatores emocionais e comportamentais que podem piorar, manter e deixar a dor persistente. Quanto mais sensível estiver o sistema nervoso, mais fácil sentir dor.

Aliais, para os fisioterapeutas, já perceberam que é muito mais fácil sentir dor do que não sentir? Além da memória das experiências dolorosas que armazenamos em nosso HD Cerebral Sansung, existem muito mais mecanismos que favorem a ativação do que a inibição dos sistemas de dor do nosso corpo. Será a mãe natureza tão B! assim? Claro que não. Segundo a breguíssima frase “Escrito nas Estrelas” tudo tem um objetivo final. Então se é para a gente sentir dor é porque alguma coisa tem. Só não precisa acordar e ir dormir com dor.

As pessoas que de alguma forma ficaram marcadas pelas experiências dolorosas ruins, provavelmente terão dor para o resto da vida. Mas, assim como ir sempre no Hooters, podemos ter momentos de melhora e viver bem. Porém, não acreditem que uma dor de 20 anos irá embora em 1 semana, 1 mês ou 1 ano.

Quando que a dor pode voltar? De uma forma bem Fibra A alfa (grossa) podemos ter dor em muitas situações, ainda pior na dor crônica. Da mesma forma que precisamos da dor como alerta para ameaças de tsunami corporal não queremos que apareça no corpo e cause sofrimento e limitações. É meio que um paradoxo confuso e imagético, que faz as pessoas com dor crônica buscarem uma possível cura.

O exemplo mais comum é a dor lombar. Quem já teve dor lombar em algum momento da vida vai ter denovo, CQC. Muitas das vezes, em situações completamente diferentes. Num exemplo cotidiano, o estresse de uma mãe porque a filha adolescente revoltada saiu de casa a noite de mini saia pode ser suficiente para iniciar um quadro de dor. Estresse, raiva, irritação, ansiedade, medo irracional e evitação provocam dor. Já o conjunto de charminho, carência, grude, controle de gandaia e sentinela nas festas provocam término de namoro.

A maneira ideal de evitar a volta das dores que foram é identificar todas as situações, problemas, comportamentos, atitudes e coisas a mais responsáveis por provocar dor. Tratar é bom? Claro, mas ir no consultório apenas é enxugar gelo. Tem que participar da sua melhora.

Vida sem estresse é brigadeiro na veia. Confete e endorfina para todos.

FONTE: Dores Crônicas - Artur Padão Gosling

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