Para ilustrar a importância do manejo especializado de disfunções neuromusculares, em 2015 o periódico Lancet publicou uma pesquisa realizada em 188 países, demonstrando que o problema de saúde que mais afasta pessoas do trabalho e as mantém doentes por um maior número de dias é a dor lombar, gerando enormes prejuízos ao sistema de saúde e econômico mundial. E o Brasil não foi exceção: a dor lombar também foi a líder no ranking, seguida de depressão, ansiedade, diabetes, distúrbios auditivos e outras condições ortopédicas.1
Em uma rápida revisão de pesquisas de diversos centros, demonstra-se a eficácia diagnóstica do Fisioterapeuta, a redução de custos do tratamento, a menor utilização de medicamentos, exames de imagem, procedimentos e cirurgias e a redução da de espera por atendimento. Veja:
· 1999, Reino Unido: o fisioterapeuta teve a mesma eficácia diagnóstica que os residentes em cirurgia ortopédica de serviços de ortopedia. Os pacientes sentiram-se mais satisfeitos com a abordagem inicial pelo fisioterapeuta, e houve diminuição dos custos hospitalares iniciais;2
· 2005, EUA: pacientes em hospital militar, com indicação para realizar ressonância magnética, foram submetidos a avaliação de fisioterapeutas e cirurgiões ortopédicos. A eficácia diagnóstica dos profissionais avaliados foi semelhante na pesquisa;3
· 2005, EUA: o serviço militar do EUA possui serviços especializados no atendimento de queixas ortopédicas desde 1971. Analisando os resultados obtidos com o atendimento convencional, percebe-se que a triagem de pacientes realizada por fisioterapeutas melhora a qualidade dos serviços, gera economia de gastos, permite atendimento mais rápido de pacientes e uma melhor utilização de recursos humanos nos serviços;4
· 2006: em uma análise do risco x benefício de se realizar a triagem de pacientes por fisioterapeutas e não por médicos, constata-se que uma vez que a confiabilidade diagnóstica de ambos os profissionais é semelhante, o risco é extremamente baixo, e os benefícios potencialmente altos. Cirurgiões tendem a indicam com maior frequência exames de imagem caros e muitas vezes desnecessários, bem como cirurgias como terapia inicial;5
· 2007, Escócia: foi avaliado o impacto econômico anual ao sistema de saúde público escocês na procura direta de fisioterapeutas pelos pacientes, sem avaliação prévia de outros profissionais de saúde. O estudo demonstrou que o tratamento em média se torna 25% mais barato ao sistema de saúde, havendo importante redução de pedidos de exames de imagem, da utilização de medicamentos e da realização de procedimentos e cirurgias;6
· 2009, Austrália: em serviço público de triagem para o tratamento da dor lombar, verificou-se que a avaliação inicial feita pelo fisioterapeuta deixou não só os pacientes como os médicos mais satisfeitos, reduzindo o tempo de espera por avaliação de 26 para 9 semanas;7
·2012, EUA: realizada análise de custos em pacientes com dor lombar aguda, comparando o acesso imediato à fisioterapia em relação à espera e posterior avaliação pelo fisioterapeuta. A fisioterapia imediata reduziu a quantidade de exames de imagens solicitados, de consultas médicas, de injeções e cirurgias e de medicamentos opioides. Contabilizou-se uma economia média de USD 2.736 por paciente que teve acesso à fisioterapia imediata para o tratamento da dor lombar aguda, indicando claramente a importância do acesso imediato ao tratamento nesses casos;8
· 2013, EUA: avaliada a eficácia e eficiência de serviço musculoesquelético militar comparando a primeira consulta realizada por fisioterapeutas em relação a médicos clínicos gerais. Quando os pacientes foram avaliados inicialmente por fisioterapeutas a taxa de retorno ao trabalho foi 50% superior, o uso de medicações no tratamento foi 3,5 vezes menor e a requisição de exames de imagem foi 7 vezes menor;9
· 2013, Canadá: avaliada a eficácia de serviço musculoesquelético de lesões de quadril e joelho quando a primeira consulta era realizada por fisioterapeuta ou por cirurgiões ortopédicos. Demonstrou-se não haver significativa diferença nos diagnósticos de médicos e fisioterapeutas. Ainda, o fisioterapeuta utilizou com maior frequência em sua proposta de tratamento a educação do paciente e o manejo conservador/não-cirúrgico, com os pacientes referendo significativa maior satisfação com a abordagem fisioterapêutica;10
· 2014, EUA: comparada a abordagem de fisioterapeutas e clínicos gerais das forças armadas americanas no manejo da dor lombar. Os fisioterapeutas demonstraram utilizar com maior frequência abordagens de tratamento educativas e de encorajamento dos pacientes, além de demonstrarem maior domínio dos recursos de tratamento mais adequados para a dor lombar;11
· 2015, EUA: avaliado em casos de dor lombar aguda o impacto econômico de duas abordagens: acesso direto à fisioterapia ou a realização inicial de exames de imagem para guiar o tratamento subsequentemente. A abordagem inicial por exames de imagem elevou o custo médio do tratamento em USD 4.700 por paciente em relação à fisioterapia imediata;12
· 2015: em uma revisão sistemática de pacientes com queixas na coluna, demostrou-se que a abordagem/triagem inicial realizada pelo fisioterapeuta promove: menos indicações cirúrgicas, indicações a tratamento mais efetivos, menor tempo de espera por atendimento, menor utilização de exames de imagem complementares, reduzindo consideravelmente os custos nos serviços de saúde;13
· 2015: em uma revisão sistemática que avaliou problemas de saúde e seu processo de reabilitação, constatou-se que a nos casos de dor lombar aguda e crônica há evidência suportando abordagens multimodais, através de acupuntura, exercícios, manipulação da coluna e terapia cognitivo comportamentais.14
Referências
1. Global Burden of Disease Study 2013 Collaborators. Global,regional, andnationalincidence,prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet. 2015;386:743-800.
2. Daker-White G et al. A randomized controlled trial. Shifting boundaries of doctors and physiotherapists in orthopaedic outpatient departments. J Epidemiol Community Health.1999;53:643-50.
3. Moore JH et al. Clinical diagnostic accuracy and magnetic resonance imaging of patients referred by physical therapists, orthopaedic surgeons, and no northopaedic providers. J Orthop Sports Phys Ther. 2005;35:67-71.
4. Murphy BP et al. Primary Care Physical Therapy Practice Models. J Orthop Sports Phys Ther. 2005;35:699-707.
5. Deyle GD. Direct access physical therapy and diagnostic responsibility: the risk-to-benefit ratio. J Orthop Sports Phys Ther.2006;36:632-4.
6. Holdsworth LK et al. What are the costs to NHS Scotland of self-referral to physiotherapy? Results of a national trial. Physiotherapy. 2007;93:3–11.
7. Blackburn MS et al. Physiotherapy-led triage clinic for low back pain. Australian Health Rev. 2009;33:663-70.
8. Fritz JM et al. Primary Care Referral of Patients With Low Back Pain to Physical Therapy. Impact on Future Health Care Utilization and Costs. 2012;37:2114–2121.
9. McGill CT et al. Effectiveness of Physical Therapists Serving as Primary Care Musculoskeletal Providers as Compared to Family Practice Providers in a Deployed Combat Location: A Retrospective Medical Chart Review. Mil Med. 2013;178:1115-20.
10. François Desmeules et al. Validation of an advanced practice physiotherapy model of care in an orthopaedic outpatient clinic. BMC Musculoskel Disord. 2013,14:162.
11. Ross MD et al. Physical Therapist vs. Family Practitioner Knowledge of Simple Low Back Pain Management in the U.S. Air Force. Mil Med. 2014;179:162-8.
12. Julie M Fritz et al. Physical Therapy or Advanced Imaging as First Management or Strategy Following a New Consultation for Low Back Pain in Primary Care: Associations with Future Health Care Utilization. Health Serv Res. 2015;50:1927-40.
13. McEvoy C et al. Triage for Patients with Spinal Complaints: A Systematic Review of the Literature. Physiother Res Int. 2015;7.
14. Howard-Wilsher S et al. Systematic overview of economic evaluations of health-related rehabilitation. Disabil Health J. 2016;9:11-25.
Fonte: LinkedIn
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