A dor nas costas é a doença crônica mais comum entre os
brasileiros. É, também, a menos tratada, apesar de ser percebida precocemente.
O problema afeta 36% da população, e 68% dos atingidos buscam tratamento.
Os dados são de um estudo realizado pela Escola Nacional de
Saúde Pública, ligada à Fiocruz. Os pesquisadores entrevistaram 12.423 pessoas
com mais de 20 anos, em todas as regiões do Brasil, em 2008.
O problema também está presente nas estatísticas da
Organização Mundial da Saúde, que estima que 80% da população mundial sofrerá
ao menos um episódio de dor nas costas na vida. Dentre as principais causas
para este anunciado episódio de lombalgia acontecer, podemos listar: tumores,
cistos, lesões nos nervos, nas vértebras, nos discos, má postura, fraqueza dos
músculos da região, tabagismo e obesidade.
- Felizmente, a evolução desta dor geralmente é benigna, em
termos de alívio, espontâneo. Repousa-se, espera-se um pouco e a tendência é a
melhora dos sintomas - explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti,
diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo).
Em geral, as lombalgias têm origem mecânico-postural. Embora
nas regiões cervical, dorsal e lombar possam ocorrer tumores, infecção ou
inflamações, a causa mais freqüente da dor nas costas é mecânico-postural
degenerativa.
- Alguns pacientes têm a coluna perfeitamente alinhada, não
apresentam desvio postural nenhum e reclamam de dor nas costas. Pode-se dizer,
então, que nesses casos a dor é causada por alterações musculares resultantes,
por exemplo, de a pessoa permanecer muito tempo na mesma posição sem conseguir
relaxar a musculatura. Portanto, não é necessário haver um problema de postura
para o sintoma aparecer - explica o médico.
Ih, travou!
A história típica da dor na coluna envolve quase sempre um
adulto jovem e está relacionada com as atividades físicas e a sobrecarga a que
ele expôs sua coluna ao longo da vida. Em geral, a queixa é que, um dia, ao
fazer um esforço, o indivíduo dobrou o tronco para frente para pegar um objeto
mais pesado e sentiu uma dor tão intensa na região lombar, que se viu obrigado
a deitar-se. O repouso associado ao calor local e, eventualmente, ao uso de
analgésicos e antiinflamatórios provocou melhora dos sintomas em dois ou três
dias.
O sinal de alerta é dado, porém, quando a pessoa deita,
relaxa e a dor não desaparece ou quando ela se manifesta à noite e não melhora
com repouso. Além disso, é preciso considerar de novo a faixa etária.
- Pessoas idosas, da mesma forma que crianças e
adolescentes, requerem atenção especial porque a dor nas costas pode resultar
de lesões secundárias, como as fraturas provocadas pela osteoporose ou de
alguma doença não diagnosticada ainda - alerta o reumatologista.
O repouso, no entanto, não deve ser muito prolongado. Está
demonstrado que mais de dois dias de repouso absoluto provocam perda de massa
óssea e de massa muscular. Portanto, este deve ser relativo. Não se deve fazer
esforço, nem carregar peso. Na fase inicial da lombalgia, antiinflamatórios
comuns contribuem para aliviar a dor.
- Nem medicamentos, nem fisioterapia ou massagens, nem
aplicação de calor mudam a história natural da doença. A dor irá melhorar
espontaneamente desde que o fator desencadeante do processo seja suspenso -
reforça Lanzotti.
De qualquer forma, métodos fisioterápicos e analgésicos são
coadjuvantes para diminuir os sintomas, enquanto se aguarda a evolução natural
da doença.
E o que fazer para a crise lombar não voltar?
Passada a crise, é preciso afastar os fatores externos que a
desencadearam porque provavelmente ocorrerá outra, se a pessoa não se cuidar.
Além disso, é importante corrigir a postura e reforçar os músculos que dão
suporte à coluna porque manter a musculatura firme é fundamental para garantir
a estabilidade da coluna e evitar novas crises.
- Está demonstrado que o fortalecimento do grupo de músculos
paravertebrais, principalmente, associado ao dos abdominais e glúteos é o que
mais garante a higidez da coluna. Também está provado que uma caminhada de 30
minutos, três vezes por semana, diminui a incidência de novas crises. Só a
caminhada, porém, não fortalece todos os músculos. Para tanto, são necessários
exercícios específicos, sob orientação profissional para não sobrecarregar os
discos - orienta Sérgio Lanzotti.
Conheça outras dicas do diretor do Iredo para prevenir uma
nova crise de coluna:
:: A orientação geral é não carregar peso. No caso de ser
obrigado a levantar um volume pesado, nunca se deve manter as pernas esticadas
e curvar o corpo. Deve-se dobrar os joelhos que funcionarão como alavancas e
manter o objeto o mais próximo possível do tronco quando for erguê-lo.
:: É necessário evitar atividades de impacto repetitivo, por
exemplo, andar a cavalo, de moto, de jet-sky, de lancha. Quem faz hipismo
competitivo precisa estar com a musculatura costal bem desenvolvida para evitar
maior desgaste dos discos;
:: Profissionais cujo trabalho exige esforço físico maior
apresentam mais desgaste nos discos do que os que se dedicam a serviços mais
leves. Carregadores de peso, como os estivadores, por exemplo, acabam
apresentando mais problemas porque expõem a coluna à sobrecarga contínua.
:: Por mais paradoxal que pareça, pessoas que trabalham
paradas na mesma posição sem relaxar a musculatura, como os caixas de bancos,
ou quem fica horas em frente ao computador, também integram o grupo de risco.
Nesse caso, é recomendável levantar-se a cada 40 ou 50 minutos, andar um pouco
e colocar um tablado para erguer alternadamente os pés e relaxar a musculatura.
:: Motoristas de veículos pesados também estão no grupo de
risco. Quem dirige carros mais velhos tem mais problemas de coluna do que quem
dirige carros novos e em melhores condições mecânicas.
:: Ver televisão, jogado no sofá, com a coluna toda torta
também é contra-indicado. O ideal seria sentar-se numa cadeira de braços que
servissem de apoio na hora de levantar e bem de frente para a tela.
:: Um fator muito comum de dor na região cervical é assistir
à televisão ou ler deitado. A pessoa fica numa posição forçada, às vezes,
durante horas pressionando o disco. Quem faz questão de ver TV na cama deve
providenciar um suporte para a cabeça e para o tronco, de forma a permanecer
quase sentado e colocar o aparelho bem alto, evitando ficar com o pescoço
fletido por muito tempo.
:: Para a coluna, a posição que oferece menor pressão sobre
os discos é a de barriga para cima, com a cabeça apoiada num travesseiro baixo
para evitar a hiperflexão. Como nem todo mundo consegue dormir desse jeito,
deitar de lado com joelhos flexionados e o travesseiro baixo colocado de forma
a impedir que o corpo se incline para um lado ou outro é outra boa opção.
Dormir de bruços, mesmo sem travesseiro, como regra geral, não é bom para a
coluna.
Fonte: Zero Hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário