Pesquisa feita com mais de 120.000 mulheres mostrou que composto presente no alimento protege as pessoas da perda de memória e capacidade de raciocínio
De acordo com pesquisadores do Hospital Brigham and Women, instituição afiliada à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, comer frutas vermelhas, como amora e morango, pode ajudar a reduzir as taxas de declínio cognitivo. Segundo o estudo feito pela equipe, o consumo desse tipo de alimento pode adiar a perda de memória e raciocínio em até 2,5 anos. O trabalho completo foi publicado nesta quarta-feira no periódico Annals of Neurology, revista médica da Associação Americana de Neurologia.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Dietary intakes of berries and flavonoids in relation to cognitive decline
Onde foi divulgada: periódico Annals of Neurology
Quem fez: Elizabeth Devore, Jae Hee Kang ScD1, Monique Breteler e Francine Grodstein
Instituição: Hospital Brigham and Women, Estados Unidos
Dados de amostragem: 121.700 mulheres que tinham de 30 a 55 anos no início do estudo
Resultado: Consumir frutas vermelhas ou outras fontes de flavonoides, como chás e laranja, pode retardar processo de declínio cognitivo em até 2,5 anos
As frutas vermelhas, assim como chás, vinho tinto e laranja, são importantes fontes de flavonoide, um composto com propriedades antioxidantes, ou seja, previnem o envelhecimento das células, e anti-inflamatórias. Os especialistas acreditam que fatores como stress e quadros de inflamação contribuem para o comprometimento cognitivo que ocorre com a idade e que, portanto, o consumo de alimentos ricos em flavonoides podem minimizar os efeitos do problema. Como os estudos anteriores sobre o assunto foram de pequena dimensão ou realizados apenas em animais, os especialistas do Hospital Brigham and Women realizaram um levantamento com mais de 120.000 participantes para estabelecer os reais benefícios do composto.
A pesquisa — Os pesquisadores se basearam em dados de 121.700 mulheres, que tinham entre 30 e 55 anos quando o estudo começou. Entre 1980 e 2001, elas responderam a questionários a cada quatro anos sobre hábitos alimentares e estilo de vida. A partir de 1995, aquelas que já haviam completado 70 anos ou mais realizaram testes anuais que avaliaram a capacidade cognitiva de cada uma.
Saiba mais
COGNIÇÃO
Conjunto de processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, no reconhecimento, na memória, no juízo, na imaginação e na linguagem. O comprometimento cognitivo é uma das características mais importantes da demência, como na doença de Alzheimer
Os resultados mostraram que o maior consumo de frutas vermelhas, assim como uma maior ingestão de quantidades de flavonoides em geral (ou seja, obtidas por meio de outros alimentos) retardaram o declínio cognitivo entre as participantes idosas. As mulheres que mais consumiram essas frutas enfrentaram comprometimento cognitivo, em média, 2,5 anos depois do que aquelas que menos ingeriram o alimento. Segundo os autores do estudo, é importante lembrar que essas conclusões estão relacionadas a outros fatores, já que o indivíduo que come muita fruta deve também ter um estilo de vida mais saudável, por exemplo.
"Nós fornecemos a primeira evidência epidemiológica de que as frutas vermelhas podem retardar a progressão do declínio cognitivo em mulheres idosas", diz Elizabeth Devore, coordenadora da pesquisa. "Nossos resultados podem interferir significativamente na saúde pública, já que o consumo desses alimentos pode ser uma proteção simples para a cognição em adultos mais velhos."
Fonte: Revista Veja
quinta-feira, 26 de abril de 2012
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Qualquer atividade física reduz chances de doença de Alzheimer, mesmo em pessoas com mais de 80 anos
Pesquisa apontou que tanto tarefas simples do cotidiano quanto exercícios mais intensos podem diminur em até quase três vezes o risco do problema
Atividades físicas, mesmo as relacionadas às tarefas do dia-a-dia, podem ajudar uma pessoa a reduzir em quase três vezes o risco de doença de Alzheimer ou de declínio cognitivo em qualquer idade. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no site do periódico Neurology, que associou os benefícios dos exercícios a indivíduos de todas as idades, mesmo aos idosos com mais de 80 anos. O estudo foi conduzido na no Centro Médico da Universidade de Rush, nos Estados Unidos.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Total daily physical activity and the risk of AD and cognitive decline in older adults
Onde foi divulgada: periódico Neurology
Quem fez: Aron Buchman, Patricia Boyle, Li Yu, Raj Shah, Robert Wilson e David A. Bennett
Instituição: Universidade de Rush, Estados Unidos
Dados de amostragem: 716 idosos com idade média de 82 anos
Resultado: As pessoas que menos realizam atividades do cotidiano, como lavar louça, têm 2,3 mais chances de sofrerem de doença de Alzheimer do que as que mais praticam tais tarefas. Já aquelas que menos realizam exercícios intensos, como caminhada e corrida, têm 2,8 mais riscos do que as que mais se exercitam
Segundo os pesquisadores, o estilo de vida ativo vai além de ir à academia ou praticar corrida. Eles observaram que atividades cotidianas frequentes, como lavar pratos, cozinhar, jogar cartas e até mesmo fazer força com os braços em uma cadeira de rodas já colaboram com a redução de risco de problemas cognitivos e de memória, inclusive a doença de Alzheimer.
A pesquisa — Os autores do estudo pediram que 716 pessoas com idade média de 82 anos, e sem demência usassem, durante dez dias, um dispositivo que calcula os níveis de atividades diárias de uma pessoa. Para os pesquisadores, esse é um ponto forte do trabalho, já que o aparelho é mais preciso em dar essa informação do que os relatos dos próprios indivíduos. Após esse período, os participantes realizaram diversos testes mentais que testavam memória capacidade de raciocínio. Esse procedimento foi feito uma vez ao ano e durante 3,5 anos. Ao final da pesquisa, 71 pessoas desenvolveram doença de Alzheimer.
Os participantes que estavam entre os 10% que menos realizavam atividades do cotidiano tiveram 2,3 mais chances de desenvolver Alzheimer em relação aos que estavam entre os 10% que mais realizavam essas tarefas. Já em relação a atividades físicas intensas, como caminhadas e ginástica, por exemplo, esse risco foi 2,8 maior.
"Desde que as atividades dos participantes começaram a ser monitoradas, tarefas como cozinhar, lavar os pratos, jogar cartas e até mesmo mover uma cadeira de rodas com os braços foram benéficas", diz Aron Buchman, coordenador do estudo. Para o pesquisador, o trabalho indica que a atividade física é um fator de risco modificável e, portanto, merece atenção das abordagens de prevenção para várias doenças. "Esses exercícios são de baixo custo, acessíveis, sem efeitos colaterais e podem ser feitos por pessoas de qualquer idade para reduzir as chances de Alzheimer”, afirma.
Fonte: Revista Veja
Fonte: Revista Veja
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Dormir mal pode elevar risco de diabetes e obesidade
Estudo observou que falta de sono adequado desacelera o ritmo do metabolismo e leva ao ganho de peso
Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no periódico Science Translational Medicine reforça a constatação de que dormir pouco ou de maneira inconstante é prejudicial à saúde. Segundo os pesquisadores, que são do Hospital Brigham and Women, instituição afiliada à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, quantidade e qualidade do sono podem elevar o risco de uma pessoa desenvolver diabetes e obesidade.
CONHEÇA A PESQUISA
Onde foi divulgada: revista Science Translational Medicine
Quem fez: Orfeu Buxton e equipe
Instituição: Brigham and Women's Hospital (BWH)
Dados de amostragem: 21 participantes
Resultado: Quando os participantes tiveram a rotina de sono prolongado interrompida e, consequentemente, o relógio biológico alterado, houve uma diminuição do ritmo metabólico em repouso dessas pessoas. De acordo com os autores do estudo, essa redução pode desencadear um ganho de peso de até 4,5 quilos ao ano.
Embora outros trabalhos já tenham estabelecido essa relação, eles foram feitos a curto prazo ou com base em estudos epidemiológicos. Essa nova pesquisa, no entanto, examinou diretamente os participantes em um ambiente controlado e durante um extenso período de tempo.
Para isso, os 21 participantes do estudo, todos saudáveis, ficaram hospedados durante seis semanas em um ambiente completamente controlado. Os pesquisadores controlaram a quantidade de horas e em que momento esses indivíduos dormiam, além de outros fatores como hábitos alimentares e atividades físicas.
No início da pesquisa, os participantes obtiveram a quantidade de sono considerada ideal, ou seja, de cerca de dez horas por noite. Depois, e ao longo de três semanas, eles passaram a dormir durante 5,6 horas ao dia, sendo que podiam dormir em qualquer horário, tanto de dia quanto de noite, e mais de uma vez ao dia. Com isso, eles simulavam a rotina de uma pessoa que trabalha em diferentes turnos. Nessa etapa do estudo, por muitas vezes os participantes tentaram dormir em horários incomuns para seu relógio biológico. Na última fase da pesquisa, os indivíduos tiveram nove noites de sono para conseguirem recuperar seus horários habituais de sono.
Resultados — Os pesquisadores observaram que quando os participantes tiveram a rotina de sono prolongado interrompida e, consequentemente, o relógio biológico alterado, houve uma diminuição do ritmo metabólico em repouso dessas pessoas. De acordo com os autores do estudo, essa redução pode desencadear um ganho de peso de até 4,5 quilos ao ano sem a alteração da prática de atividade física ou dos hábitos alimentares. Com isso, há o risco do aumento de glicose e resistência à insulina no organismo, fatores que podem levar ao diabetes.
"Esses resultados sugerem que pessoas que trabalham durante a noite e que têm alterado seu relógio biológico, por exemplo, são muito mais propensas a progredir para o diabetes do que as que trabalham de dia", diz Orfeu Buxton, um dos autores do estudo. Buxton explica que, muitas vezes, os trabalhadores noturnos têm dificuldade em dormir durante o dia, podendo enfrentar problemas de sono reduzido. “É clara a evidência de que dormir o suficiente e, de preferência, à noite é importante para a saúde".
Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no periódico Science Translational Medicine reforça a constatação de que dormir pouco ou de maneira inconstante é prejudicial à saúde. Segundo os pesquisadores, que são do Hospital Brigham and Women, instituição afiliada à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, quantidade e qualidade do sono podem elevar o risco de uma pessoa desenvolver diabetes e obesidade.
CONHEÇA A PESQUISA
Onde foi divulgada: revista Science Translational Medicine
Quem fez: Orfeu Buxton e equipe
Instituição: Brigham and Women's Hospital (BWH)
Dados de amostragem: 21 participantes
Resultado: Quando os participantes tiveram a rotina de sono prolongado interrompida e, consequentemente, o relógio biológico alterado, houve uma diminuição do ritmo metabólico em repouso dessas pessoas. De acordo com os autores do estudo, essa redução pode desencadear um ganho de peso de até 4,5 quilos ao ano.
Embora outros trabalhos já tenham estabelecido essa relação, eles foram feitos a curto prazo ou com base em estudos epidemiológicos. Essa nova pesquisa, no entanto, examinou diretamente os participantes em um ambiente controlado e durante um extenso período de tempo.
Para isso, os 21 participantes do estudo, todos saudáveis, ficaram hospedados durante seis semanas em um ambiente completamente controlado. Os pesquisadores controlaram a quantidade de horas e em que momento esses indivíduos dormiam, além de outros fatores como hábitos alimentares e atividades físicas.
No início da pesquisa, os participantes obtiveram a quantidade de sono considerada ideal, ou seja, de cerca de dez horas por noite. Depois, e ao longo de três semanas, eles passaram a dormir durante 5,6 horas ao dia, sendo que podiam dormir em qualquer horário, tanto de dia quanto de noite, e mais de uma vez ao dia. Com isso, eles simulavam a rotina de uma pessoa que trabalha em diferentes turnos. Nessa etapa do estudo, por muitas vezes os participantes tentaram dormir em horários incomuns para seu relógio biológico. Na última fase da pesquisa, os indivíduos tiveram nove noites de sono para conseguirem recuperar seus horários habituais de sono.
Resultados — Os pesquisadores observaram que quando os participantes tiveram a rotina de sono prolongado interrompida e, consequentemente, o relógio biológico alterado, houve uma diminuição do ritmo metabólico em repouso dessas pessoas. De acordo com os autores do estudo, essa redução pode desencadear um ganho de peso de até 4,5 quilos ao ano sem a alteração da prática de atividade física ou dos hábitos alimentares. Com isso, há o risco do aumento de glicose e resistência à insulina no organismo, fatores que podem levar ao diabetes.
"Esses resultados sugerem que pessoas que trabalham durante a noite e que têm alterado seu relógio biológico, por exemplo, são muito mais propensas a progredir para o diabetes do que as que trabalham de dia", diz Orfeu Buxton, um dos autores do estudo. Buxton explica que, muitas vezes, os trabalhadores noturnos têm dificuldade em dormir durante o dia, podendo enfrentar problemas de sono reduzido. “É clara a evidência de que dormir o suficiente e, de preferência, à noite é importante para a saúde".
terça-feira, 10 de abril de 2012
A acupuntura deve ficar somente nas mãos dos médicos?
Decisão da justiça brasileira torna a prática uma exclusividade da classe médica. Em outros países, como EUA e Inglaterra, a prática é livre, mas a formação sólida dos profissionais é indispensável
Uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, criou uma espécie de ‘reserva de mercado’ na acupuntura nacional. A partir de agora, somente médicos poderão praticá-la. Até esse julgamento, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais e até psicólogos e fonoaudiólogos estavam habilitados a espetar suas agulhas por aí.
Há, porém, outro ponto controverso. A acupuntura ainda não teve sua eficácia totalmente comprovada por estudos científicos. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, não são apenas médicos que a praticam. Por que, então, no Brasil deveria ser diferente?
“Um paciente com dor precisa de um diagnóstico preciso. E só tem uma profissão com essa competência e preparo no Brasil: a profissão médica”, afirma o médico Ruy Tanigawa, diretor da Associação Paulista de Medicina, diretor do Conselho Regional de Medicina e presidente da Associação Médica Brasileira de Acupuntura.
Tanigawa usa como exemplo as dores lombares, sobre as quais a acupuntura tem se mostrado bastante eficaz. “Uma dor lombar pode significar uma porção de coisas: desde a compressão de um nervo até algo mais grave, como uma tuberculose óssea ou um câncer com metástase”, alerta. “Se o paciente procurar alguém que conheça a terapia, mas não seja médico, pode até ser que resolva e melhore o problema da dor. Porém, se for algo mais grave, terá perdido tempo para intervir na doença.”
Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), a acupuntura, por se tratar de um procedimento invasivo (ultrapassa a pele e o tecido subcutâneo), só pode ser exercida por “profissionais com a devida formação.” Ainda segundo o CFM, que reconhece a técnica como especialidade médica desde 1995, existem 1.810 médicos especialistas em acupuntura no Brasil — mas o número pode chegar a 3.000, já que muitos médicos têm mais de uma especialidade.
Em outros países — Na China, onde a acupuntura nasceu há comprovados 2.500 anos (há registros que falam em 4.000 anos), é preciso fazer um curso de 4 anos para se tornar médico acupunturista. É, como pretende o CFM no Brasil, uma atividade exclusivamente médica.
Nos Estados Unidos, médicos, dentistas e pessoas com formação apenas em acupuntura podem exercer a profissão, variando de estado para estado. Alguns são mais rigorosos, outros aceitam cursos de apenas 360 horas de formação (na China, o diploma só é concedido após mais de 5.000 horas). Mesmo assim, segundo os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, a prática é bastante popular no país, com mais 3 milhões de pessoas submetidas à terapia em 2006, 1 milhão de pessoas a mais do que em 2002.
No outro extremo, o governo inglês não regula a atividade. Qualquer um que se considere acupunturista está legalmente apto a cravar agulhas em lombo alheio. Não requer treino, nem habilidade. As autoridades de saúde recomendam, no entanto, que se verifique a segurança e a higiene dos profissionais, e que os pacientes procurem se informar com as principais associações nacionais de acupuntura antes de qualquer consulta.
Em comum, todos os países exigem que o profissional use agulhas específicas para a prática. Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration, órgão que controla alimentos e medicamentos no país), exige que as agulhas sejam esterilizadas, não-tóxicas, e que sejam usadas uma única vez. Na Inglaterra, uma das principais associações, o Conselho Britânico de Acupuntura, também recomenda agulhas esterilizadas que sejam jogadas fora após o uso. No Brasil, a recomendação é a mesma.
Além disso, é preciso fazer a limpeza do local onde serão aplicadas as agulhas e certificar-se de que os pacientes não tenham nenhum distúrbio de coagulação, como hemofilia, ou que tomem remédios anticoagulantes, sob o risco de provocar graves sangramentos.
Eficácia — Estudos mostram que acupuntura é um tratamento com raros efeitos colaterais, a maioria decorrente da prática incorreta e da falta de capacidade de quem a aplica. Segundo estudos publicados no British Medical Journal em 2001, o risco de uma reação adversa grave era de 1 em 10.000.
A grande questão, no entanto, é se a acupuntura é realmente eficaz. Uma conferência da Organização Mundial da Saúde, em 1979, recomendou o uso da técnica oriental para o tratamento de 43 patologias. Os resultados, contudo, não foram comprovados por meio de rigorosos testes clínicos e foram questionados.
A favor da acupuntura há o fato de que nas últimas três décadas avolumaram-se estudos atestando sua eficiência. Um dos estudos foi realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo, pelo fisiatra intervencionista João Amadera. Associada ao tratamento convencional da lombalgia, mostrou acelerar o alívio da dor a curto prazo. Feita com 60 pacientes, 32 receberam o tratamento convencional aliado à acupuntura e 28 receberam apenas o convencional e acupuntura placebo (sem carga elétrica). Quando responderam a um questionário que mede a escala de dor, o grupo que realmente foi tratado com acupuntura relatou uma melhora de três pontos em média na escala, que vai de 0 (menor dor) a 10 (maior dor possível). “A acupuntura já passou pela prova das pesquisas de qualidade, como metodologia científica de qualidade mostrando a sua eficácia”, disse Amadera, em entrevista ao site de VEJA. “Não teve efeitos colaterais — é igual ou mais seguro que os atuais tratamentos para a mesma patologia — e se mostrou mais eficiente que o placebo.”
Geralmente a acupuntura é recomendada para patologias simples, que não oferecem risco de vida, ou para tratar dos efeitos colaterais, como náuseas, de pacientes que passaram por quimioterapia. Ela funciona ao promover uma ação no local onde as agulhas são aplicadas que impedem que a percepção nervosa de dor chegue ao sistema nervoso central. “Ressonâncias magnéticas já demonstraram que a terapia age no cérebro liberando endorfinas no sangue (endorfinas são como analgésico naturais produzidos pelo próprio corpo) e equilibrando os neurotransmissores”, afirma Ruy Tanigawa, da Associação Médica Brasileira de Acupuntura. Outras pesquisas já registraram o poder da técnica na redução de colesterol e triglicérides (duas gorduras que formam placas que podem entupir as artérias), no controle do açúcar no sangue e na melhora do funcionamento do sistema imunológico.
Há, porém, alguns obstáculos para sua completa aceitação. Um deles é a dificuldade de replicar os resultados das pesquisas. “Não adianta repetir a localização dos pontos nos quais as agulhas são colocadas, cada caso precisa de uma configuração diferente”, explica Tanigawa. Embora seja complicado reproduzir os resultados, está mais que provado que a acupuntura funciona na redução da dor e no alívio de náuseas e vômitos que aparecem após intervenções cirúrgicas e a quimioterapia. Mesmo que não seja um médico a fazer a aplicação, é recomendável que a formação do acupunturista seja sólida.
“A acupuntura não deveria ser feita só por médicos”, diz Nelson Filice de Barros, coordenador do Laboratório de Práticas Alternativas Complementares e Integrativas em Saúde da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (LAPACIS). “Mas há uma razão para o problema estar em pauta. Ninguém pode se propor a fazer isso sem a devida formação e um devido controle sobre os centros formadores.”
Fonte: Revista Veja
Uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, criou uma espécie de ‘reserva de mercado’ na acupuntura nacional. A partir de agora, somente médicos poderão praticá-la. Até esse julgamento, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais e até psicólogos e fonoaudiólogos estavam habilitados a espetar suas agulhas por aí.
Há, porém, outro ponto controverso. A acupuntura ainda não teve sua eficácia totalmente comprovada por estudos científicos. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, não são apenas médicos que a praticam. Por que, então, no Brasil deveria ser diferente?
“Um paciente com dor precisa de um diagnóstico preciso. E só tem uma profissão com essa competência e preparo no Brasil: a profissão médica”, afirma o médico Ruy Tanigawa, diretor da Associação Paulista de Medicina, diretor do Conselho Regional de Medicina e presidente da Associação Médica Brasileira de Acupuntura.
Tanigawa usa como exemplo as dores lombares, sobre as quais a acupuntura tem se mostrado bastante eficaz. “Uma dor lombar pode significar uma porção de coisas: desde a compressão de um nervo até algo mais grave, como uma tuberculose óssea ou um câncer com metástase”, alerta. “Se o paciente procurar alguém que conheça a terapia, mas não seja médico, pode até ser que resolva e melhore o problema da dor. Porém, se for algo mais grave, terá perdido tempo para intervir na doença.”
Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), a acupuntura, por se tratar de um procedimento invasivo (ultrapassa a pele e o tecido subcutâneo), só pode ser exercida por “profissionais com a devida formação.” Ainda segundo o CFM, que reconhece a técnica como especialidade médica desde 1995, existem 1.810 médicos especialistas em acupuntura no Brasil — mas o número pode chegar a 3.000, já que muitos médicos têm mais de uma especialidade.
Em outros países — Na China, onde a acupuntura nasceu há comprovados 2.500 anos (há registros que falam em 4.000 anos), é preciso fazer um curso de 4 anos para se tornar médico acupunturista. É, como pretende o CFM no Brasil, uma atividade exclusivamente médica.
Nos Estados Unidos, médicos, dentistas e pessoas com formação apenas em acupuntura podem exercer a profissão, variando de estado para estado. Alguns são mais rigorosos, outros aceitam cursos de apenas 360 horas de formação (na China, o diploma só é concedido após mais de 5.000 horas). Mesmo assim, segundo os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, a prática é bastante popular no país, com mais 3 milhões de pessoas submetidas à terapia em 2006, 1 milhão de pessoas a mais do que em 2002.
No outro extremo, o governo inglês não regula a atividade. Qualquer um que se considere acupunturista está legalmente apto a cravar agulhas em lombo alheio. Não requer treino, nem habilidade. As autoridades de saúde recomendam, no entanto, que se verifique a segurança e a higiene dos profissionais, e que os pacientes procurem se informar com as principais associações nacionais de acupuntura antes de qualquer consulta.
Em comum, todos os países exigem que o profissional use agulhas específicas para a prática. Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration, órgão que controla alimentos e medicamentos no país), exige que as agulhas sejam esterilizadas, não-tóxicas, e que sejam usadas uma única vez. Na Inglaterra, uma das principais associações, o Conselho Britânico de Acupuntura, também recomenda agulhas esterilizadas que sejam jogadas fora após o uso. No Brasil, a recomendação é a mesma.
Além disso, é preciso fazer a limpeza do local onde serão aplicadas as agulhas e certificar-se de que os pacientes não tenham nenhum distúrbio de coagulação, como hemofilia, ou que tomem remédios anticoagulantes, sob o risco de provocar graves sangramentos.
Eficácia — Estudos mostram que acupuntura é um tratamento com raros efeitos colaterais, a maioria decorrente da prática incorreta e da falta de capacidade de quem a aplica. Segundo estudos publicados no British Medical Journal em 2001, o risco de uma reação adversa grave era de 1 em 10.000.
A grande questão, no entanto, é se a acupuntura é realmente eficaz. Uma conferência da Organização Mundial da Saúde, em 1979, recomendou o uso da técnica oriental para o tratamento de 43 patologias. Os resultados, contudo, não foram comprovados por meio de rigorosos testes clínicos e foram questionados.
A favor da acupuntura há o fato de que nas últimas três décadas avolumaram-se estudos atestando sua eficiência. Um dos estudos foi realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo, pelo fisiatra intervencionista João Amadera. Associada ao tratamento convencional da lombalgia, mostrou acelerar o alívio da dor a curto prazo. Feita com 60 pacientes, 32 receberam o tratamento convencional aliado à acupuntura e 28 receberam apenas o convencional e acupuntura placebo (sem carga elétrica). Quando responderam a um questionário que mede a escala de dor, o grupo que realmente foi tratado com acupuntura relatou uma melhora de três pontos em média na escala, que vai de 0 (menor dor) a 10 (maior dor possível). “A acupuntura já passou pela prova das pesquisas de qualidade, como metodologia científica de qualidade mostrando a sua eficácia”, disse Amadera, em entrevista ao site de VEJA. “Não teve efeitos colaterais — é igual ou mais seguro que os atuais tratamentos para a mesma patologia — e se mostrou mais eficiente que o placebo.”
Geralmente a acupuntura é recomendada para patologias simples, que não oferecem risco de vida, ou para tratar dos efeitos colaterais, como náuseas, de pacientes que passaram por quimioterapia. Ela funciona ao promover uma ação no local onde as agulhas são aplicadas que impedem que a percepção nervosa de dor chegue ao sistema nervoso central. “Ressonâncias magnéticas já demonstraram que a terapia age no cérebro liberando endorfinas no sangue (endorfinas são como analgésico naturais produzidos pelo próprio corpo) e equilibrando os neurotransmissores”, afirma Ruy Tanigawa, da Associação Médica Brasileira de Acupuntura. Outras pesquisas já registraram o poder da técnica na redução de colesterol e triglicérides (duas gorduras que formam placas que podem entupir as artérias), no controle do açúcar no sangue e na melhora do funcionamento do sistema imunológico.
Há, porém, alguns obstáculos para sua completa aceitação. Um deles é a dificuldade de replicar os resultados das pesquisas. “Não adianta repetir a localização dos pontos nos quais as agulhas são colocadas, cada caso precisa de uma configuração diferente”, explica Tanigawa. Embora seja complicado reproduzir os resultados, está mais que provado que a acupuntura funciona na redução da dor e no alívio de náuseas e vômitos que aparecem após intervenções cirúrgicas e a quimioterapia. Mesmo que não seja um médico a fazer a aplicação, é recomendável que a formação do acupunturista seja sólida.
“A acupuntura não deveria ser feita só por médicos”, diz Nelson Filice de Barros, coordenador do Laboratório de Práticas Alternativas Complementares e Integrativas em Saúde da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (LAPACIS). “Mas há uma razão para o problema estar em pauta. Ninguém pode se propor a fazer isso sem a devida formação e um devido controle sobre os centros formadores.”
Fonte: Revista Veja
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Dicas sobre fisioterapia e dor crônica!
O fator que causou o problema não é o único fator que mantém o problema. Ou seja, imagine duas pessoas que trabalham em frente do computador e não percebem que estão sobrecarregando o pescoço e após alguns anos desenvolvem dor. Uma delas melhora após...
A dor é uma experiência com funções muito valiosas para nossa sobrevivência. Retiramos a mão rapidamente ao colocá-la no fogo pela primeira vez e memorizamos essa experiência para evitar esse desconforto futuramente. Aprendemos que uma dor no lado esquerdo do peito pode ser um problema no coração e quando isso acontece, a pessoa procura ajuda médica. No momento de uma dor intensa, mantemos a região em sua posição mais confortável para repousar e esperar a recuperação. Se a dor nos protege, ajuda a memorizar eventos desagradáveis, motiva a busca de ajuda e, gera repouso para facilitar a recuperação, porque existem pessoas que continuam com a dor?
Alguns motivos podem responder essa pergunta:
- primeiro, o ambiente que vivemos (materiais utilizados, pessoas que interegimos ao longo do caminho), comportamentos, crenças e emoções nem sempre ajuda a tendencia natural da dor desaparecer com o tempo;
- segundo, o fator que causou o problema não é o único fator que mantém o problema. Ou seja, imagine duas pessoas que trabalham em frente do computador e não percebem que estão sobrecarregando o pescoço e após alguns anos desenvolvem dor. Uma delas melhora após alguns dias, mas a outra continua com a dor por meses. A pessoa com dor persistente, apesar de ter melhorado sua posição no computador, tem hábitos relacionados com a posição de dormir, nível de estresse e a maneira de praticar sua atividade física que mantém a dor. Da mesma forma que aspectos biomecânicos foram decisivos para o processo de recuperação, aspectos relacionados às emoções e pensamentos também são determinantes. A combinação faz a diferença!
- terceiro, a dor persistente é um problema tão sério que virou especialidade na área da saúde e poucos profissionais sabem tratar esse tipo de problema. As pesquisas mais recentes mostram que a maioria dos bons resultados ocorre com a presença da fisioterapia, psicologia, medicina e mais recentemente de outros profissionais envolvidos especializados no manejo da dor persistente.
Algumas dicas sobre fisioterapia na dor crônica:
O tratamento fisioterapêutico sempre deve identificar a estrutura muscular, nervosa, articular ou visceral que gera o sintoma de dor. Miitas vezes vários tecidos são a fonte do sintoma, outras vezes os tecidos não são mais a fonte do sintoma. Nesse último caso torna-se obvio que o sistema nervoso está funcionando de forma diferente para produzir a experiencia de dor.
Diferente do que a maioria das pessoas pensa, exames de imagem é uma parte muito pequena do diagnóstico. Uma avaliação clínica por um profissional especializado é fundamental para a recuperação.
Aspectos físicos como rigidez articular, postura e movimento em todas as atividades do dia, devem ser observados cautelosamente. As posturas e movimentos mais simples não podem ser negligenciados pelo paciente e pelo profissional de saúde.
As técnicas de terapia manual e de movimentos da fisioterapia são melhores que os aparelhos tradicionais.
Como toda a intensidade da dor é alterada pelas emoções e pensamentos, é importante saber que existem estratégias modernas com resultados surpreendentes que o fisioterapeuta DEVE utilizar em seu tratamento para ajudar o paciente DESLIZAR pelo processo de melhora.
Fonte: Site Mapa da Dor
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Estudo relaciona consumo de fast-food à depressão
Alimentos do gênero aumentam em 51% as chances de vir a ter doença
O consumo de fast-food e de produtos de padarias, como bolos de farinha, croissants e rosquinhas, está relacionado à depressão. De acordo com um estudo das universidades de Las Palmas de Gran Canaria e de Granada, na Espanha, pessoas que ingerem esses tipos de alimentos são 51% mais suscetíveis à doença, frente àquelas que consomem muito pouco ou nada. O estudo foi publicado no periódico Public Health Nutrition.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Fast-food and commercial baked goods consumption and the risk of depression
Onde foi divulgada: revista Public Health Nutrition
Quem fez: Almudena Sánchez-Villegasa, Estefania Toledo, Jokin de Iralaa, Miguel Ruiz-Canelaa, Jorge Pla-Vidala e Miguel A Martínez-González
Instituição: Universidades de Las Palmas de Gran Caranaria e de Granada
Dados de amostragem: 8.964 participantes que nunca haviam sido diagnosticados com depressão
Resultado: Houve um aumento de 51% no risco de desenvolver depressão, fato associado com a ingestão de fast food.
A equipe de pesquisadores encontrou ainda uma relação de "dose-resposta" no consumo. Isso significa que quanto mais fast-food se come, maiores os riscos de depressão. Aquelas pessoas que consomem mais esses produtos são ainda mais propícias a serem solteiras, menos ativas e a terem hábitos de alimentação pobres – o que inclui comer menos frutas, castanhas, peixe, vegetais e azeite. Fumar e trabalhar mais de 45 horas por semana também são fatores que aumentam os riscos nesse grupo de pessoas.
No que diz respeito ao consumo de produtos de padaria, os resultados são similares. "Mesmo que a quantidade consumida seja pequena, ela ainda assim está relacionada a uma chance significativa de desenvolver a depressão", diz Almudena Sánchez-Villegas, coordenadora do estudo.
Dados — Para o levantamento, foram analisados 8.964 participantes que nunca haviam sido diagnosticados com depressão ou que tinham tomado antidepressivos. Todos foram acompanhados por seis meses, em média. Após esse período, 493 foram diagnosticados com depressão ou começaram a tomar as medicações. Um aumento de 51% nos riscos para a doença foram associados com a ingestão de fast-food.
"Embora mais estudos ainda sejam necessários, o consumo desse tipo de alimento deve ser controlado, em função de suas implicações para as saúdes física e mental", diz Sánchez-Village. Muito pouco ainda se sabe sobre a relação entre dieta e as desordens depressivas.
Fonte: Revista Veja
O consumo de fast-food e de produtos de padarias, como bolos de farinha, croissants e rosquinhas, está relacionado à depressão. De acordo com um estudo das universidades de Las Palmas de Gran Canaria e de Granada, na Espanha, pessoas que ingerem esses tipos de alimentos são 51% mais suscetíveis à doença, frente àquelas que consomem muito pouco ou nada. O estudo foi publicado no periódico Public Health Nutrition.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Fast-food and commercial baked goods consumption and the risk of depression
Onde foi divulgada: revista Public Health Nutrition
Quem fez: Almudena Sánchez-Villegasa, Estefania Toledo, Jokin de Iralaa, Miguel Ruiz-Canelaa, Jorge Pla-Vidala e Miguel A Martínez-González
Instituição: Universidades de Las Palmas de Gran Caranaria e de Granada
Dados de amostragem: 8.964 participantes que nunca haviam sido diagnosticados com depressão
Resultado: Houve um aumento de 51% no risco de desenvolver depressão, fato associado com a ingestão de fast food.
A equipe de pesquisadores encontrou ainda uma relação de "dose-resposta" no consumo. Isso significa que quanto mais fast-food se come, maiores os riscos de depressão. Aquelas pessoas que consomem mais esses produtos são ainda mais propícias a serem solteiras, menos ativas e a terem hábitos de alimentação pobres – o que inclui comer menos frutas, castanhas, peixe, vegetais e azeite. Fumar e trabalhar mais de 45 horas por semana também são fatores que aumentam os riscos nesse grupo de pessoas.
No que diz respeito ao consumo de produtos de padaria, os resultados são similares. "Mesmo que a quantidade consumida seja pequena, ela ainda assim está relacionada a uma chance significativa de desenvolver a depressão", diz Almudena Sánchez-Villegas, coordenadora do estudo.
Dados — Para o levantamento, foram analisados 8.964 participantes que nunca haviam sido diagnosticados com depressão ou que tinham tomado antidepressivos. Todos foram acompanhados por seis meses, em média. Após esse período, 493 foram diagnosticados com depressão ou começaram a tomar as medicações. Um aumento de 51% nos riscos para a doença foram associados com a ingestão de fast-food.
"Embora mais estudos ainda sejam necessários, o consumo desse tipo de alimento deve ser controlado, em função de suas implicações para as saúdes física e mental", diz Sánchez-Village. Muito pouco ainda se sabe sobre a relação entre dieta e as desordens depressivas.
Fonte: Revista Veja
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